caminhamos para o trabalho
que em nada muda a destruição do mundo
engarrafados, lentos
numa perda coletiva de esperança
nem caminhar, caminhamos...
aceitamos esteiras
sem olhar as estrelas
aceitamos os números
sem ouvir corações
por causa do rádio não há mais diálogo
e da TV nem se fala
mas a internet pode mudar isso
porque aqui todos tem voz
a internet pode mudar
nosso jeito de viver para nada
destruindo tudo
não, não quero comprar nada. nem vender.
não, também não quero proteger uns poucos escolhidos e ferrar com os outros.
não quero o padrão absurdo de comportamento
que seguimos somente por ser o padrão em todas as áreas da vida.
quero, apenas, o que já está acontecendo
o novo ano que respira
cada vez que uma mão humana se ergue nas ruas
a favor do amor
contra tanta estupidez
pois essa mão é maior
que o amante, a família, os amigos, a rua, o bairro, a cidade ou o país
essa mão é o mundo!
30/12/2013
porque podemos ser mais e a hora é agora
Marcadores:
crítica social,
poesia

mate y pisco o machu picchu
(Para Olga)
mate y pisco o machu picchu
naranja como un cielo
naranja como un sueño:
toda la vida es ahora
este atardecer
es preciso y precioso
tener un caos
dentro de tu orden
dentro de tu morada en la paz
(resollar de los opuestos)
así es que los borrachos caminan rotos
por lunas de manzanas
y masticam - tontamente
el imposible
mate y pisco o machu picchu
naranja como un cielo
naranja como un sueño:
toda la vida es ahora
este atardecer
es preciso y precioso
tener un caos
dentro de tu orden
dentro de tu morada en la paz
(resollar de los opuestos)
así es que los borrachos caminan rotos
por lunas de manzanas
y masticam - tontamente
el imposible

29/12/2013
definição
poesia
é o que fazemos
sem pensar no que estamos fazendo
é o que fazemos
sem pensar no que estamos fazendo

20/12/2013
l'art d'aimer
a música mais rara
é a de duas
paixões simultâneas
geralmente um quer samba
outro, tango
e acabam
cada um
prum lado
ou pior:
quatro pés
machucados
é a de duas
paixões simultâneas
geralmente um quer samba
outro, tango
e acabam
cada um
prum lado
ou pior:
quatro pés
machucados
Marcadores:
amor,
anti-paixão,
dificuldade de amar,
dificuldade de relacionamento,
paixão,
poesia

18/12/2013
monogamia padrão
monoamor (monopaixão?) tem desgosto de despeixe com deslimão
uma monoânsia, um monofulgor, uma monopressa
um monoplano, uma monometa, um monomeio
pra mais monótona desilusão
uma monoânsia, um monofulgor, uma monopressa
um monoplano, uma monometa, um monomeio
pra mais monótona desilusão
Marcadores:
amor,
amor livre,
anti-paixão,
dificuldade de amar,
dificuldade de relacionamento,
eu,
humor,
poemas filosóficos,
poemas psi,
poesia,
psi,
quadra

11/12/2013
o valente não é violento
o valente
volta a visão
para dentro
( participe você também: http://www.ovalentenaoeviolento.org.br/ )
volta a visão
para dentro
( participe você também: http://www.ovalentenaoeviolento.org.br/ )

07/12/2013
incondicional
eu te amo leve
como essa brisa entrando no apartamento
eu te amo intransitivo
sem depois ou antes
condições ou requisitos
meu amor é esquisito
como um desconhecido
que joga um sorriso em seu rosto
e sai correndo pra longe
sorrindo também
como essa brisa entrando no apartamento
eu te amo intransitivo
sem depois ou antes
condições ou requisitos
meu amor é esquisito
como um desconhecido
que joga um sorriso em seu rosto
e sai correndo pra longe
sorrindo também
Marcadores:
amor,
amor livre,
melhores poemas,
musas,
poesia,
top50

06/12/2013
pai, professor, patrão, pátria...
olho as ordens de sempre
de cima
um olho que tudo vê
tentando controlar e manter
o olho do querer
um olho de máquina
destruindo tudo
por poder
olho mais leve que qualquer fim:
não vou amar assim
de cima
um olho que tudo vê
tentando controlar e manter
o olho do querer
um olho de máquina
destruindo tudo
por poder
olho mais leve que qualquer fim:
não vou amar assim
Marcadores:
amor livre,
crítica social,
poesia

05/12/2013
oito olhos
ela mora no meus olhos
e acho que sabe
aqui, não poupo palavras
e ela cabe
e acho que sabe
aqui, não poupo palavras
e ela cabe

29/11/2013
iaiá
Para Ingrid
nossos sonhos quase mortos.
o padrão, o patrão, os esforços.
repressão em todas as faces.
contratos sem cantar contraltos.
segurar em vez de deixar que passe.
nossos sonhos quase mortos.
o padrão, o patrão, os esforços.
repressão em todas as faces.
contratos sem cantar contraltos.
segurar em vez de deixar que passe.
Marcadores:
amor livre,
crítica social,
musas,
poesia

25/11/2013
bardo
não posso deter a tempestade
sobre os homens:
posso cantar para suas dores
sobre os homens:
posso cantar para suas dores
Marcadores:
eu,
missão,
poemas sobre poesia,
poesia,
poetrix

não publicado
escrever é uma recompensa em si
um desesforço solitário e prazeroso
com um objetivo que esqueci
um desesforço solitário e prazeroso
com um objetivo que esqueci
Marcadores:
eu,
melhores poemas,
poemas sobre poesia,
poesia,
poetrix

24/11/2013
sobre meus amores
elas vêm
elas vão
eu pronto:
ainda não
elas vão
eu pronto:
ainda não
Marcadores:
amor livre,
eu,
humor,
poesia,
rima

22/11/2013
impeditivo explícito
todos os meus tigres querem reencarnar
chafurdar na lama na guerra na foda
(principalmente na foda)
vai passar
(a parede branca)
vai passar
(a parede branca)
reino-filo-classe-ordem-família-gênero-espécie
re-fi-co-fa-ge
re-fi-co-fa-ge
certeza absoluta
que amo mulher vestida de corpo
abdominais de fora de ordem de órbita de puta
(pasme)
e só com elas quero casar
chafurdar na lama na guerra na foda
(principalmente na foda)
vai passar
(a parede branca)
vai passar
(a parede branca)
reino-filo-classe-ordem-família-gênero-espécie
re-fi-co-fa-ge
re-fi-co-fa-ge
certeza absoluta
que amo mulher vestida de corpo
abdominais de fora de ordem de órbita de puta
(pasme)
e só com elas quero casar
Marcadores:
amor livre,
eu,
loucura,
poesia

21/11/2013
o de sempre
comprei um pão e um pouco de queijo
pra comer só
esfriou
no peito
os velhos tambores
a selva
um tempo para silenciar e
sereno
sem serenidade
pra comer só
esfriou
no peito
os velhos tambores
a selva
um tempo para silenciar e
sereno
sem serenidade

e lá vamos nós
dados lançados em parte
lindo caos me late em lanças
toda dança sempre finda
só me resta a eternidade
lindo caos me late em lanças
toda dança sempre finda
só me resta a eternidade

20/11/2013
presentes
canto todas as minhas paixões
todos os meus amores
me deixo destruir
do que levaram
me deixo perder
no que trouxeram
todos os meus amores
me deixo destruir
do que levaram
me deixo perder
no que trouxeram
Marcadores:
amor livre,
eu,
melhores poemas,
musas,
poesia

19/11/2013
matinal noturno
delusão boa
delusão ruim
olho a parede
na delusão de mim
delusão ruim
olho a parede
na delusão de mim

18/11/2013
reprogramação
olho a beleza
com a certeza
da ilusão
meu cérebro
(sopa de platelmintos)
ecoa a palavra fome
mas estendo a palavra mão
na direção de acalentar
eu
que aprendeu a amar
com os famintos
com a certeza
da ilusão
meu cérebro
(sopa de platelmintos)
ecoa a palavra fome
mas estendo a palavra mão
na direção de acalentar
eu
que aprendeu a amar
com os famintos
Marcadores:
amor livre,
budismo,
eu,
loucura,
poesia

13/11/2013
hábitos de muitas vidas

12/11/2013
ao lado
fiquei uma semana ou duas sem ouvir música
minha poesia
aquece meu sofrer
tampo a porra da pia
mas quando se alaga
o nada
nado o lago
e se alastra
e me acabo
e pago o pato
e explodo o silêncio que me continha
apesar das boas intenções
que eu nem tinha
minha poesia
aquece meu sofrer
tampo a porra da pia
mas quando se alaga
o nada
nado o lago
e se alastra
e me acabo
e pago o pato
e explodo o silêncio que me continha
apesar das boas intenções
que eu nem tinha

10/11/2013
solitude
quieto e relaxado
sem fazer nada
lentamente a vista bonita de janelas antigas
o cheiro da chuva de momentos bons
reencontro na paz
mais que ilusão
sem fazer nada
lentamente a vista bonita de janelas antigas
o cheiro da chuva de momentos bons
reencontro na paz
mais que ilusão

09/11/2013
dentre tanta não existência
toco o que não se move
nas coisas que se movem
quando paro quieto
nas coisas que se movem
quando paro quieto

05/11/2013
semeando silêncio
Marcadores:
budismo,
poesia,
poesia como salvação

02/11/2013
depois de ontem, antes de amanhã
restou essa sopa de dentes.
(e-letras)
enquanto o lixo sempre te aceita
as partes infindas em que partes lentamente
(pentes quebrados, remédios frios, pães congelados, porta-retratos
e adjetivos nos poemas que não faço)
eis o estrabismo interrompido
pelo olhar do outro
súbito
o outro
ah, outro
ouro lúcido leve leve brilho
no beijo mágico primeiro posterior
lúcido, ilúcido, translúcido,
me salva, me cura, me fode, sorri no facebook,
me molha, me leva, me eleva, me verba...
(até que a parede o adjetive)
mas como a parede
antes do outro?
ante um e outro?
a parede, de verdade...
como a parede?
o que nos separa dela
(a pa-re-de)
agora?
como parar a parede?
(e-letras)
enquanto o lixo sempre te aceita
as partes infindas em que partes lentamente
(pentes quebrados, remédios frios, pães congelados, porta-retratos
e adjetivos nos poemas que não faço)
eis o estrabismo interrompido
pelo olhar do outro
súbito
o outro
ah, outro
ouro lúcido leve leve brilho
no beijo mágico primeiro posterior
lúcido, ilúcido, translúcido,
me salva, me cura, me fode, sorri no facebook,
me molha, me leva, me eleva, me verba...
(até que a parede o adjetive)
mas como a parede
antes do outro?
ante um e outro?
a parede, de verdade...
como a parede?
o que nos separa dela
(a pa-re-de)
agora?
como parar a parede?
Marcadores:
amor livre,
boca do inferno,
dificuldade de relacionamento,
eu,
loucura,
melhores poemas,
poesia,
top50

escombros suportam o mundo
venta aqui
e no passado
ao mesmo tempo
(culpado)
abro todas as janelas
estudo as tantas hipóteses
concluo:
depois de tantos anos de prisão
tremo perante a liberdade
como se fosse traição
e no passado
ao mesmo tempo
(culpado)
abro todas as janelas
estudo as tantas hipóteses
concluo:
depois de tantos anos de prisão
tremo perante a liberdade
como se fosse traição
Marcadores:
amor livre,
dificuldade de relacionamento,
poesia

30/10/2013
dança
um escritor não deve
viver de tudo na vida
antes de tudo
deve evitar sofrer
porque sente muito mais
que qualquer outro ser
vivemos a um passo da loucura
e a roda da vida não para:
acerto e erro
os pássaros da dança com Mara
paro
respiro
recomeço
que meu último poema
não traga alívio ou incômodo
para todos na samsara
que meu último poema
seja para
ajudar a iluminá-la
viver de tudo na vida
antes de tudo
deve evitar sofrer
porque sente muito mais
que qualquer outro ser
vivemos a um passo da loucura
e a roda da vida não para:
acerto e erro
os pássaros da dança com Mara
paro
respiro
recomeço
que meu último poema
não traga alívio ou incômodo
para todos na samsara
que meu último poema
seja para
ajudar a iluminá-la
Marcadores:
budismo,
meditação,
melhores poemas,
missão,
poesia

29/10/2013
bom dia, amor
Para Danielle
eu feliz no mercado
comprando o que ela gosta
porque ela vem
depois, ela me coça as costas
e me corta o pão
em diagonal
(fica tão bom...)
nessas breves horas de distração
sem o medo futuro, sem o peso passado
ainda ser capaz de amar
e ser amado
eu feliz no mercado
comprando o que ela gosta
porque ela vem
depois, ela me coça as costas
e me corta o pão
em diagonal
(fica tão bom...)
nessas breves horas de distração
sem o medo futuro, sem o peso passado
ainda ser capaz de amar
e ser amado
Marcadores:
amor,
dificuldade de amar,
musas,
poemas de amor,
poesia,
rima

28/10/2013
38 e meio
38 e meio
gemo claro no apartamento vazio
o fim de semana inteiro
38 e meio
o corpo para de se mover
e olho o nada
numa meditação avançada
pelo cansaço
pela doença
38 e meio:
minha idade e minha febre
gemo claro no apartamento vazio
o fim de semana inteiro
38 e meio
o corpo para de se mover
e olho o nada
numa meditação avançada
pelo cansaço
pela doença
38 e meio:
minha idade e minha febre

24/10/2013
amitabha

22/10/2013
des_ilusão: tudo um

18/10/2013
única meta possível
jovens querendo mudar o mundo
riachos tênues
percebendo pela primeira vez
a enormidade do deserto
a partir daí
(deste murro mundo muro duro)
alguns pregos quebram
partem
outros compram produtos de marca
outros fazem arte
outros bebem
mas tudo finda
não nascer nem morrer:
a coisa mais linda
riachos tênues
percebendo pela primeira vez
a enormidade do deserto
a partir daí
(deste murro mundo muro duro)
alguns pregos quebram
partem
outros compram produtos de marca
outros fazem arte
outros bebem
mas tudo finda
não nascer nem morrer:
a coisa mais linda


17/10/2013
cores e dores
o jardineiro
feio
planta flores
feio
planta flores

vacuidade
a minha bolha de realidade
esbarra na sua, diferente:
nenhuma existe realmente
esbarra na sua, diferente:
nenhuma existe realmente
Marcadores:
budismo,
meditação,
melhores poemas,
poesia,
poetrix

16/10/2013
centro
sempre vi
no silêncio das árvores
a sombra da perenidade
é deste silêncio
que brota tudo
inclusive a nossa forma
de ver o mundo
vou junto
juntando palavras
para oferecer aos seus olhos
no silêncio das árvores
a sombra da perenidade
é deste silêncio
que brota tudo
inclusive a nossa forma
de ver o mundo
vou junto
juntando palavras
para oferecer aos seus olhos
Marcadores:
budismo,
missão,
poesia,
poesia como salvação

15/10/2013
isso não pode ser a vida
como me doem a poesia
a beleza, o afeto
a agonia do que pode ser dito
e depois
pode doer, pó de matar
escondido o inimigo no amigo
ciclos infinitos de rostos bonitos
depois feios
a beleza, o afeto
a agonia do que pode ser dito
e depois
pode doer, pó de matar
escondido o inimigo no amigo
ciclos infinitos de rostos bonitos
depois feios

Marcadores:
amor livre,
budismo,
poesia

14/10/2013
samsara

da beleza da finitude
estrelas extintas
sob as quais nossos dias
de um sol que terminará
sob as quais nossos dias
de um sol que terminará

des_ilusão
irrelevante ter ou não ter
paixão
perante a importância
da compaixão
paixão
perante a importância
da compaixão

13/10/2013
o amor que começa como amizade tende a driblar as ilusões das paixões
momentos dourados
esquecidos nos cantos da vida duradoura
momentos de pura felicidade
estrelas cadentes
em longas noites escuras
momentos extremos
fugazes
que estranhamos
e perdemos quando pensamos
esquecidos nos cantos da vida duradoura
momentos de pura felicidade
estrelas cadentes
em longas noites escuras
momentos extremos
fugazes
que estranhamos
e perdemos quando pensamos
Marcadores:
amor,
amor livre,
cinema,
poesia

12/10/2013
vento ao sol de sábado
na cama
ela se encosta
nas minhas costas
ou anda
enquanto fala no celular com a prima
(ela cala tanto)
acho bonito
o quanto a desconheço
o quanto
desconhecemos tudo e todos
o tempo todo
até nos mesmos
não tenho a ilusão
de um dia
vir a conhecê-la
tudo o que nos parece mais certo é sonho
sinto é esse frescor de tocar as mãos
que faz achar até bom
o deserto onde nos afogávamos
(aprendemos tudo errado a vida toda...)
agradeço ela
no meio da vida
nesse meio-dia
sol a pino, eu mantro:
não procuro nem espanto
não dependo nem esqueço
não comparo nem ignoro
um dia ela vai embora, eu sei
um dia também irei
vou vivendo sem esforço, medo, plano
sem verbos:
letras de um sábado sem pressa
deliciosamente imperfeitos
corpos feitos de preguiça
dormindo nas horas mais estranhas
relaxados, alimentados
quase atingindo
a complexidade
de ser simples
de ser agora
sem deixar nada pra depois
sem querer nada do depois
ela, eu, você, pronomes pessoais
(no caso, todos iguais)
ela se encosta
nas minhas costas
ou anda
enquanto fala no celular com a prima
(ela cala tanto)
acho bonito
o quanto a desconheço
o quanto
desconhecemos tudo e todos
o tempo todo
até nos mesmos
não tenho a ilusão
de um dia
vir a conhecê-la
tudo o que nos parece mais certo é sonho
sinto é esse frescor de tocar as mãos
que faz achar até bom
o deserto onde nos afogávamos
(aprendemos tudo errado a vida toda...)
agradeço ela
no meio da vida
nesse meio-dia
sol a pino, eu mantro:
não procuro nem espanto
não dependo nem esqueço
não comparo nem ignoro
um dia ela vai embora, eu sei
um dia também irei
vou vivendo sem esforço, medo, plano
sem verbos:
letras de um sábado sem pressa
deliciosamente imperfeitos
corpos feitos de preguiça
dormindo nas horas mais estranhas
relaxados, alimentados
quase atingindo
a complexidade
de ser simples
de ser agora
sem deixar nada pra depois
sem querer nada do depois
ela, eu, você, pronomes pessoais
(no caso, todos iguais)
Marcadores:
amor livre,
eu,
poesia,
recomeço

before midnight
a vida posta
na mesa do efêmero
um pássaro
pousa
no crepúsculo
somos todos
os mesmos passos leves
criando danças
crianças
passando
na mesa do efêmero
um pássaro
pousa
no crepúsculo
somos todos
os mesmos passos leves
criando danças
crianças
passando

11/10/2013
exposição com meus poemas na CMB - 10 de outubro
Marcadores:
boas notícias poéticas,
cmb,
melhores poemas,
poesia

onde o kardecismo toca o budismo

08/10/2013
sob o mesmo sol de maiakóvski
na primeira noite elas pisam seu jardim com expectativas
vem cobrar amor nas portas fechadas
e você deixa: por pena, por medo, por culpa
sem dizer nada
na segunda noite, quando você abre a tranca do plexo
i-m-e-d-i-a-t-a-m-e-n-t-e
te largam mais sozinho que antes
sem jardim, sem casa, sem amor e sem nexo
então, a mais frágil delas
sorrateiramente, silenciosamente
tenta calar seus poemas
mas ainda posso dizer algo, camarada:
esta luz, a Minha Voz
não pode ser roubada
vem cobrar amor nas portas fechadas
e você deixa: por pena, por medo, por culpa
sem dizer nada
na segunda noite, quando você abre a tranca do plexo
i-m-e-d-i-a-t-a-m-e-n-t-e
te largam mais sozinho que antes
sem jardim, sem casa, sem amor e sem nexo
então, a mais frágil delas
sorrateiramente, silenciosamente
tenta calar seus poemas
mas ainda posso dizer algo, camarada:
esta luz, a Minha Voz
não pode ser roubada
Marcadores:
amor livre,
ira,
melhores poemas,
poesia,
separação,
soneto,
top10,
top20,
top50

vaso
dou voltas no copo
eu tempestade
esquivo furadas
vazo
calo trovões
eu tempestade
esquivo furadas
vazo
calo trovões
Marcadores:
eu,
melhores poemas,
poesia,
poesia visual

sólido público (preso na rede social)
"como somos felizes"
"como somos felizes"
como somos ridículos...
chega um tempo em que não basta ser:
é preciso contar
pra se convencer.
"como somos felizes"
como somos ridículos...
chega um tempo em que não basta ser:
é preciso contar
pra se convencer.
Marcadores:
crítica social,
loucura,
poesia

04/10/2013
autopromessa

03/10/2013
busca incolor e rítmica
procura-se
musa indolor
e não insípida
musa indolor
e não insípida

01/10/2013
maia
parecem
pedaços
de nuvens caindo do céu
e uma planta quase morta
(aos descrentes)
mas a desolação é ilusão de véu:
toda a minha árvore
vive e voa
pela semente
pedaços
de nuvens caindo do céu
e uma planta quase morta
(aos descrentes)
mas a desolação é ilusão de véu:
toda a minha árvore
vive e voa
pela semente
![]() |
foto: Fabio Rocha |
Marcadores:
cmb,
missão,
poemas para imagens,
poesia,
rima

30/09/2013
zazen
não imitar o pássaro zangado
brigando contra sua própria imagem
no vidro do carro parado
brigando contra sua própria imagem
no vidro do carro parado

sem reclamar
objetos mortos
em gavetas de poemas tortos
tranco sem digitar
espanto mansamente
sujeitos muito futuros
e mosquitos
sento na varanda
pra não esperar
em gavetas de poemas tortos
tranco sem digitar
espanto mansamente
sujeitos muito futuros
e mosquitos
sento na varanda
pra não esperar
![]() |
imagem: Anthropomorphic Cabinet -1936 - Salvador Dali |

29/09/2013
retorno ao eixo
Marcadores:
anti-competitividade,
anti-consumismo,
anti-mercado,
anti-padrão,
anti-paixão,
crítica social,
doença,
ego,
meditação,
osho,
poesia,
poetrix,
rima,
zen

26/09/2013
incisivo
às vezes é preciso
não uma nova página
mas um novo livro
não uma nova página
mas um novo livro

25/09/2013
orgulho tempestades

24/09/2013
sem nunca mais soltar
quando paro
lentamente
me enraízo
na tristeza
mas me arranco
(ficam partes)
corro por bocas e artes
e quando parece impossível
salto alto
até voar a minha infância
(tão raros
meu sorrisos
verdadeiros...)
abraçado ao teu ar
não há ânsia
de sair
não há mundo abaixo
o peito em pedaços relaxa sem cobranças
e as ruas, os sons, as noites
passam
a vontade total de minha mão
é fixar-se à tua pele
profundo e pra sempre
lentamente
me enraízo
na tristeza
mas me arranco
(ficam partes)
corro por bocas e artes
e quando parece impossível
salto alto
até voar a minha infância
(tão raros
meu sorrisos
verdadeiros...)
abraçado ao teu ar
não há ânsia
de sair
não há mundo abaixo
o peito em pedaços relaxa sem cobranças
e as ruas, os sons, as noites
passam
a vontade total de minha mão
é fixar-se à tua pele
profundo e pra sempre

23/09/2013
tanta gente ferida se ferindo
o casal caminha ao sol.
ela:
- você quer é mulher novinha, pele toda esticadinha, corpinho malhado.
ele:
- não é isso o que busco.
ela não parece crer.
ele parece saber o que dizer.
e seguem juntos, no mesmo passo...
olho o mundo mesmo em toda direção.
vou mudo mesmo.
(eu mesmo, mudo?)
ela:
- você quer é mulher novinha, pele toda esticadinha, corpinho malhado.
ele:
- não é isso o que busco.
ela não parece crer.
ele parece saber o que dizer.
e seguem juntos, no mesmo passo...
olho o mundo mesmo em toda direção.
vou mudo mesmo.
(eu mesmo, mudo?)
Marcadores:
amor,
anti-paixão,
dificuldade de amar,
dificuldade de relacionamento,
jogo de palavras,
poesia

21/09/2013
ouvindo lenine
as lavadeiras no rio
lavando a roupa branca
cantando a cobra que vem do fundo
as lavadeiras
de pé na pedra
olhando a cobra
movem o mundo
lavando a roupa branca
cantando a cobra que vem do fundo
as lavadeiras
de pé na pedra
olhando a cobra
movem o mundo

aprendes a certa hora
o amor é como o agora:
não há nada
fora
OBS.: Uma das inspirações, trecho de Fernando Pessoa:
não há nada
fora
OBS.: Uma das inspirações, trecho de Fernando Pessoa:
Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

20/09/2013
recomeço
me deito ao lado do rio
passaram as nuvens de asfalto
a paz
é uma borboleta
que eu (e apenas eu) assobio
passaram as nuvens de asfalto
a paz
é uma borboleta
que eu (e apenas eu) assobio

os mesmos
ela não superou o ciúme
eu não superei a raiva
(mas nota-se alguma melhora)
ela não me superou
eu não a superei
(mas vamos embora)
palavras de efeito à parte
seguimos os mesmos defeitos
(mas fizemos o melhor que podíamos)
eu não superei a raiva
(mas nota-se alguma melhora)
ela não me superou
eu não a superei
(mas vamos embora)
palavras de efeito à parte
seguimos os mesmos defeitos
(mas fizemos o melhor que podíamos)

19/09/2013
alegria
hoje tenho alergia a poesia
mas tento manter a sanidade
a cada tecla fria
- bom dia
- bom dia
cá dentro, uma ave morre
e nenhuma palavra me socorre
fui no RH adiantar férias:
não pode de forma alguma
na mesa da menina tinham fotos
na minha, nenhuma
mas tento manter a sanidade
a cada tecla fria
- bom dia
- bom dia
cá dentro, uma ave morre
e nenhuma palavra me socorre
fui no RH adiantar férias:
não pode de forma alguma
na mesa da menina tinham fotos
na minha, nenhuma
Marcadores:
dificuldade de amar,
dificuldade de relacionamento,
doença,
eu,
poemas sobre poesia,
poesia,
poesia como salvação,
trabalho

18/09/2013
teoria psicanalítica da libido
Para Talita
em horas distraídas
(atos falhos, sonhos lúcidos)
lembro de teus beijos longos
psicóloga
inesperadamente
vagarosamente
essa mente
aceita a cura
em horas distraídas
(atos falhos, sonhos lúcidos)
lembro de teus beijos longos
psicóloga
inesperadamente
vagarosamente
essa mente
aceita a cura

15/09/2013
rock
uma prancha no ar
voando pra fora do mesmo
casas planetas estrelas
tudo é menor
que a estrada enorme
uma canção devora o seu nome
e minha paz dorme
voando pra fora do mesmo
casas planetas estrelas
tudo é menor
que a estrada enorme
uma canção devora o seu nome
e minha paz dorme
Marcadores:
poesia

infinito crepuscular
restou o vapor de seus cabelos
negros
nos cantos da lembrança
na casa toda branca
não há mais nenhum deles
formando curvas, retas, vogais
o lume do dia se esvai
e não sei se é melhor ou pior
não lembrar mais do seu perfume
negros
nos cantos da lembrança
na casa toda branca
não há mais nenhum deles
formando curvas, retas, vogais
o lume do dia se esvai
e não sei se é melhor ou pior
não lembrar mais do seu perfume
Marcadores:
amor,
dificuldade de amar,
dificuldade de relacionamento,
melhores poemas,
musas,
poemas de amor,
poesia,
separação

tabacaria revisitada
"escravos cardíacos das estrelas"
a nossos peitos não basta nem o céu
nem a altura dos astros satisfaz nossos ouvidos
somos ganância e dentes
quereres vontades misérias
distantes, muito distantes
mas o dono da tabacaria sorriu
e a fumaça do poema
pouco a pouco preencheu o vazio
a nossos peitos não basta nem o céu
nem a altura dos astros satisfaz nossos ouvidos
somos ganância e dentes
quereres vontades misérias
distantes, muito distantes
mas o dono da tabacaria sorriu
e a fumaça do poema
pouco a pouco preencheu o vazio
Marcadores:
crítica social,
homenagem,
loucura,
poemas sobre poesia,
poesia

a falta da pantera
acordo no meio da noite
o meio da corda partido
agora me prende ao teu norte:
a morte sonha comigo
o meio da corda partido
agora me prende ao teu norte:
a morte sonha comigo

14/09/2013
berimbau
falar de voo é fácil:
sair de dentro de si
é o primeiro passo
sair de dentro de si
é o primeiro passo

entressafra
será preciso o precipício
a pressa do passo pra cima
a longa dor do tombo?
será precária
a paz dos vales
o calor sem chama?
- sentir é impreciso
a pressa do passo pra cima
a longa dor do tombo?
será precária
a paz dos vales
o calor sem chama?
- sentir é impreciso
Marcadores:
amor,
anti-paixão,
dificuldade de amar,
dificuldade de relacionamento,
eu,
melhores poemas,
paixão,
poesia

deserto e pó
o caminho de asa
é a volta pra casa
não o voo pro nada
mas seus pés no chão com espinhos
são mais fortes que a minha canção:
você venta a estrada
e não há nada (sem estrada)
que nenhum herói possa crescer
não há nada a fazer
exceto eu desistir da sede
e você, aí, calada, ler
é a volta pra casa
não o voo pro nada
mas seus pés no chão com espinhos
são mais fortes que a minha canção:
você venta a estrada
e não há nada (sem estrada)
que nenhum herói possa crescer
não há nada a fazer
exceto eu desistir da sede
e você, aí, calada, ler

12/09/2013
cuidado
Marcadores:
melhores poemas,
musas,
poesia,
poetrix

num mundo doente
disse pra psicanalista:
- está tudo bem. sem problemas. eu pensava demais.
e ela:
- por que você acha que falou isso justo agora?
- está tudo bem. sem problemas. eu pensava demais.
e ela:
- por que você acha que falou isso justo agora?
Marcadores:
crítica social,
humor,
poemas psi,
poesia

10/09/2013
verbo esperar
espero agora
o agora chegar
pode faltar pouco
ou minha vida inteira
enquanto isso
o besouro que li em Bukowski
se espalha em tudo que olho
negro e múltiplo
o agora chegar
pode faltar pouco
ou minha vida inteira
enquanto isso
o besouro que li em Bukowski
se espalha em tudo que olho
negro e múltiplo
Marcadores:
poesia

09/09/2013
G1
entendo o artista que se matou
quando leio os comentários dos leitores
na notícia de sua morte
quando leio os comentários dos leitores
na notícia de sua morte
Marcadores:
crítica social,
eu,
melhores poemas,
o poeta,
poesia,
poetrix

depois da emoção da corrida
toda vez faz frio
então solto os cavalos
(como se fosse uma grande coisa soltá-los)
e me perco nos campos vazios
então solto os cavalos
(como se fosse uma grande coisa soltá-los)
e me perco nos campos vazios
Marcadores:
anti-paixão,
dificuldade de amar,
dificuldade de relacionamento,
eu,
poesia,
quadra,
rima

08/09/2013
manhãs sem luz em apartamentos não incendiados
todos dormem menos eu
no vasto
o som do sábado é o do tempo se perdendo
a vitrola que não tenho toca silêncio
sonho com baobás e passados
caminhões fazem trânsito lá no fora
carros
sempre muitos
sempre indo e vindo
e o mundo esta merda
e eu preso à falta e a mim
(atchim)
leio um poeta aleatório
jogo videogame
como dois pães e chocolate
nada adianta
nada
nada consegue a mínima marola
no oceano de areia do tempo
todos dormem
longe
(espero e espirro)
o peito teima em mostrar que existe
sem enfartar, porém
pulsa suas derrotas todas
(as mesmas de sempre)
sigo sem aprender absolutamente:
alianças no lixo
e mais armários e gavetas
que não abro
sigo sem aprender:
não tenho condições
de começar nada
exceto - talvez - um poema inexato
no vasto
o som do sábado é o do tempo se perdendo
a vitrola que não tenho toca silêncio
sonho com baobás e passados
caminhões fazem trânsito lá no fora
carros
sempre muitos
sempre indo e vindo
e o mundo esta merda
e eu preso à falta e a mim
(atchim)
leio um poeta aleatório
jogo videogame
como dois pães e chocolate
nada adianta
nada
nada consegue a mínima marola
no oceano de areia do tempo
todos dormem
longe
(espero e espirro)
o peito teima em mostrar que existe
sem enfartar, porém
pulsa suas derrotas todas
(as mesmas de sempre)
sigo sem aprender absolutamente:
alianças no lixo
e mais armários e gavetas
que não abro
sigo sem aprender:
não tenho condições
de começar nada
exceto - talvez - um poema inexato
Marcadores:
poemas sobre poesia,
poesia,
poesia como salvação,
separação


06/09/2013
entre parênteses
enquanto tu te calas
falo de minhas asas
para acreditá-las
falo de minhas asas
para acreditá-las

free bird
Para Tayra
tenho andado azul
sem calma
mudo
armado
com escudo na alma
e o corpo desnudo
tenho calado fundo
tenho pesado o mundo
no entanto
ela chega hoje
vem de longe, do espelho, de além da idade
e do tempo
ela é acalento:
beija em vermelho
preparo a casa toda
pra felicidade
tenho andado azul
sem calma
mudo
armado
com escudo na alma
e o corpo desnudo
tenho calado fundo
tenho pesado o mundo
no entanto
ela chega hoje
vem de longe, do espelho, de além da idade
e do tempo
ela é acalento:
beija em vermelho
preparo a casa toda
pra felicidade

04/09/2013
a leveza não virá
a leveza é aceitar
a leveza que se foi
a leveza que chegar
a leveza que se foi
a leveza que chegar

03/09/2013
e você não lê
não nos enganemos:
ex-amantes
são pessoas piores
do que antes
quebrados
descrentes
dentes de dor
numa boca doente
mastigando o rosto do tempo
(vitórias, conquistas infindas)
sem sentir gosto de vida
desconfiando ainda mais,
menos ainda confiáveis
erguendo muros
ainda mais fechados
como poetas
que escrevem apagado
ex-amantes
são pessoas piores
do que antes
quebrados
descrentes
dentes de dor
numa boca doente
mastigando o rosto do tempo
(vitórias, conquistas infindas)
sem sentir gosto de vida
desconfiando ainda mais,
menos ainda confiáveis
erguendo muros
ainda mais fechados
como poetas
que escrevem apagado
Marcadores:
dificuldade de amar,
dificuldade de relacionamento,
melhores poemas,
poesia,
separação,
top10,
top20,
top50

01/09/2013
grandes lábios
enquanto a leveza não vem
vou limpar a sua boca suja
com a minha língua
vou limpar a sua boca suja
com a minha língua
Marcadores:
jogo de palavras,
poemas eróticos,
poesia,
poetrix

corpo
trotamos por cômodos
incomodados desejando
sendo nós
carne, músculos e ossos
e sangue
inaudivelmente sangue
sangue com sede
de sexo, amor e sangue
incomodados desejando
sendo nós
carne, músculos e ossos
e sangue
inaudivelmente sangue
sangue com sede
de sexo, amor e sangue
Marcadores:
jogo de palavras,
loucura,
melhores poemas,
poesia

ganância
o sol ilumina meu frio
olho o mundo com olhos sem brio
redondos e amarelos
de amar ela
com ânsia de perto
por elos de distância
olho o mundo com olhos sem brio
redondos e amarelos
de amar ela
com ânsia de perto
por elos de distância

maldito
tudo longe
adio viver
pra quando tudo estiver perto
(odeio de forma mais branda)
por enquanto
sem quando
vou de mão dada
com o não dito
adio viver
pra quando tudo estiver perto
(odeio de forma mais branda)
por enquanto
sem quando
vou de mão dada
com o não dito
Marcadores:
loucura,
melhores poemas,
poemas psi,
poesia

31/08/2013
frio
agora estou certo:
fora de nós
é um deserto
fora de nós
é um deserto
Marcadores:
amor,
poemas de amor,
poesia,
poetrix

29/08/2013

fumaça (pouso)
no caminho pro trabalho
vi uma garça
abanando a chama verde
de uma árvore
vi uma garça
abanando a chama verde
de uma árvore
Marcadores:
loucura,
melhores poemas,
poesia,
quadra

ainda há luz
meu pai tinha um chevette com faróis amarelos
chegava do trabalho perto das 7 da noite
eu esperando na janela
via a rua virar dia
o sol não desiste:
volta todo dia
e simplesmente brilha
vejo no olho dele um leão
(redondo o contorno da juba)
e o leão é maior que o mundo
chegava do trabalho perto das 7 da noite
eu esperando na janela
via a rua virar dia
o sol não desiste:
volta todo dia
e simplesmente brilha
vejo no olho dele um leão
(redondo o contorno da juba)
e o leão é maior que o mundo
Marcadores:
homenagem,
loucura,
melhores poemas,
poesia,
simbologia

28/08/2013
destino
escrevo letras que nem eu entendo
simbolizando hieroglifos
de certeza antiga
barcos partindo e chegando
inaugurando oceanos
deuses mortos há milênios
escrevo caracteres de sonho
desenho animado
domingo na vó
escrevo tudo que não tenho
nem sei
mas a imagem de uma mulher roda e dança
entre as vogais e as sombras
que me afogam no deserto
simbolizando hieroglifos
de certeza antiga
barcos partindo e chegando
inaugurando oceanos
deuses mortos há milênios
escrevo caracteres de sonho
desenho animado
domingo na vó
escrevo tudo que não tenho
nem sei
mas a imagem de uma mulher roda e dança
entre as vogais e as sombras
que me afogam no deserto
Marcadores:
loucura,
melhores poemas,
poemas sobre poesia,
poesia,
simbologia

27/08/2013
ponte de angústia aérea
ela vai, ela vem:
ela não sai
daqui
porém
nem vou além
de ir também
você sabe que não há saída
eu sei que não há saída
e mesmo assim seguimos
indo
(arrepio de nostradamus)
mais nenhuma música salva
mais nenhuma lágrima alivia
mas ainda há saliva
e às 5 da manhã algo ainda pia
(além de frio, agora chove
sobre a minha pobre rima)
transbordo a poesia
só por pura mania
de esperançar o dia
assim vou
com a mesma expressão
de quem já calou muita dor
e sabe a paixão
menor que o amor
(me disseram isso um dia)
ela não sai
daqui
porém
nem vou além
de ir também
você sabe que não há saída
eu sei que não há saída
e mesmo assim seguimos
indo
(arrepio de nostradamus)
mais nenhuma música salva
mais nenhuma lágrima alivia
mas ainda há saliva
e às 5 da manhã algo ainda pia
(além de frio, agora chove
sobre a minha pobre rima)
transbordo a poesia
só por pura mania
de esperançar o dia
assim vou
com a mesma expressão
de quem já calou muita dor
e sabe a paixão
menor que o amor
(me disseram isso um dia)
Marcadores:
amor,
anti-paixão,
melhores poemas,
missão,
poemas sobre poesia,
poesia,
poesia como salvação

26/08/2013
arrepio
deve haver algo que não estou fazendo:
quebrei os óculos
mas continua frio
quebrei os óculos
mas continua frio

22/08/2013
nitroglicerina
enquanto minha epiderme
sustenta silêncios com movimentos leves
espero com secreta urgência: exploda
sustenta silêncios com movimentos leves
espero com secreta urgência: exploda

20/08/2013
mandado
o sapo engolido não cabe na folha
resta a escolha:
me encolho ou me mando?
resta a escolha:
me encolho ou me mando?
Marcadores:
jogo de palavras,
poesia,
poetrix,
trabalho

19/08/2013
outro poema para camila
camila agora fala frases inteiras
e pede pra família toda dar as mãos
e brincar de roda
no meio da sala
no meio do domingo
camila mal sabe falar
mas já nos faz amar sorrindo
e pede pra família toda dar as mãos
e brincar de roda
no meio da sala
no meio do domingo
camila mal sabe falar
mas já nos faz amar sorrindo
Marcadores:
homenagem,
melhores poemas,
poesia,
top20,
top50

18/08/2013
auto-poema 37
criar a cura
com essas mesmas mãos
(as mesmas não)
é tempo de refazer azul
o mar
o sonho
o ar
o som!
com essas mesmas mãos
(as mesmas não)
é tempo de refazer azul
o mar
o sonho
o ar
o som!
Marcadores:
doença,
hadouken,
loucura,
poemas psi,
poesia

e tento tanto
meu mar dos sonhos
tá poluído
sobre o lixo
um louva-deus enorme
branco polar frio
sobre_vive sem se molhar
meu mar tá manso e torto
meu mar morto
tá poluído
sobre o lixo
um louva-deus enorme
branco polar frio
sobre_vive sem se molhar
meu mar tá manso e torto
meu mar morto

16/08/2013
estrangeiridade
a literalidade
sem literatura
me arde
sem literatura
me arde
Marcadores:
jogo de palavras,
poesia,
poetrix

15/08/2013
sereno
estou quebrado no centro
Beethoven cata em teclas os meus cacos
e abaixo da janela gritam gatos
no meio da noite, fodendo ou morrendo
Beethoven cata em teclas os meus cacos
e abaixo da janela gritam gatos
no meio da noite, fodendo ou morrendo

14/08/2013
pequena morte
Para Tayra
ela me toca e me olha, pequena, bonita
a pele branca ficando vermelha
seu corpo perfeito se estica
no infinito de nossa cor favorita
ela me toca e me olha, pequena, bonita
a pele branca ficando vermelha
seu corpo perfeito se estica
no infinito de nossa cor favorita
Marcadores:
poemas eróticos,
poesia,
quadra,
rima

ainda sobre a essência de mudar
trair é meu nome do meio
traio poetas por ser administrador de empresas
traio administradores por fazer poemas bons
traio poemas bons escrevendo poemas ruins
traio Nietzsche por julgar poemas
me julgo e me condeno
mas amanhã já me solto
por bom comportamento
estado de violenta emoção quando do ato
e outros atenuantes
(mas aí fico trancado em casa mesmo
cansado de mim)
trago no meio do caminho
e no fim do nome
a palavra rocha
como promessa falsa:
- nenhuma palavra me é sólida
traio poetas por ser administrador de empresas
traio administradores por fazer poemas bons
traio poemas bons escrevendo poemas ruins
traio Nietzsche por julgar poemas
me julgo e me condeno
mas amanhã já me solto
por bom comportamento
estado de violenta emoção quando do ato
e outros atenuantes
(mas aí fico trancado em casa mesmo
cansado de mim)
trago no meio do caminho
e no fim do nome
a palavra rocha
como promessa falsa:
- nenhuma palavra me é sólida
Marcadores:
eu,
melhores poemas,
o poeta,
poemas filosóficos,
poemas psi,
poesia

13/08/2013
sem escolha
danço apenas com a poesia
por inícios breves
por longos fins
danço apenas com a poesia
chovem demônios
queimam serafins
danço apenas com a poesia
no grande salão sem orquestra
da ausência em mim
por inícios breves
por longos fins
danço apenas com a poesia
chovem demônios
queimam serafins
danço apenas com a poesia
no grande salão sem orquestra
da ausência em mim
Marcadores:
amor,
eu,
poesia,
poesia como salvação,
rima

inesperado
quero casar
e ter
livros
e ter
livros

cores futuras
forçosamente fecho
a caixa do passado no plexo
imagino um mundo vazio
um caminho em branco
nada complexo
eu diferente
recomeço novamente
em verso livre
passo a passo
sob o céu do universo
a caixa do passado no plexo
imagino um mundo vazio
um caminho em branco
nada complexo
eu diferente
recomeço novamente
em verso livre
passo a passo
sob o céu do universo

12/08/2013
ninho
horror de caminhos errados
gélidos
todos os meus descaminhos
em desalinho noturno
preto no branco
a balança
de minhas perdas:
lança cravada
em meus ganhos
sonhos quebrados
sem ponteiros
cansado do peso da leveza
meto a mão na massa
de novo
porque nenhuma planta germina
sem água
e nenhuma relação termina
sem mágoa
mas a esperança é verde
a esperança é ver-te
na casa pronta
sem armas
sem trancas
sem quereres
um lençol ao vento lá fora
ao sol de mim
nós leves
gélidos
todos os meus descaminhos
em desalinho noturno
preto no branco
a balança
de minhas perdas:
lança cravada
em meus ganhos
sonhos quebrados
sem ponteiros
cansado do peso da leveza
meto a mão na massa
de novo
porque nenhuma planta germina
sem água
e nenhuma relação termina
sem mágoa
mas a esperança é verde
a esperança é ver-te
na casa pronta
sem armas
sem trancas
sem quereres
um lençol ao vento lá fora
ao sol de mim
nós leves
Marcadores:
amor,
auto-referência,
casa,
poesia

você sente mais a pétala ou o espinho?
os lábios dela em outra boca.
*
tremer de sangue e de frio
testo meu sentir
até virar sensação física
sentir algo não fingido, não inventado, não racionalizado
sentir tremendo algo tremendo
em toda a sua pele
apertando o rosto
o estômago
sem se contaminar com palavras
com a mente, que mente continuamente
ah, um sentimento verdadeiro, ao menos
*
e se for só aquela rosa?
e se forçar aquela rosa?
*
vejo o sangue
em todas as pessoas
sangue e guerra
relações?
torturar o que não está
nos seus padrões?
torturar com arte
torturas por partes
relações?
*
vejo uma gostosa comendo alface
e pela primeira vez na vida penso do fundo da alma:
foda-se
- foda-se a gostosa, a alface, o amor livre, OSHO, o 910, o Papa e a paz mundial!
com sinceridade de cão
com realismo budista:
f o d a - s e
*
nojo de ser poeta
nojo de ser humano
de viver em guerra
amando ou não amando
rio do amor livre
com o corpo tremendo de frio
sem ter onde me enxugar
*
mas é isso
boa noite e boa sorte
boa páscoa
bom natal
(sorriso)
vou trabalhar vazio
e voltar pra casa vazia
e não falar disso
com a psicoterapeuta capitalista
que mandei pastar
*
(não há nenhum jeito que não seja horrível)
*
que vida fácil a dos canalhas
*
tenho retraído tanto as garras
que já nem sinto as mãos
*
atenção
em breve vão morrer os poucos que restaram, Fabio:
será você e a noite:
ninguém por perto para ouvir seu grito
*
tremer de sangue e de frio
testo meu sentir
até virar sensação física
sentir algo não fingido, não inventado, não racionalizado
sentir tremendo algo tremendo
em toda a sua pele
apertando o rosto
o estômago
sem se contaminar com palavras
com a mente, que mente continuamente
ah, um sentimento verdadeiro, ao menos
*
e se for só aquela rosa?
e se forçar aquela rosa?
*
vejo o sangue
em todas as pessoas
sangue e guerra
relações?
torturar o que não está
nos seus padrões?
torturar com arte
torturas por partes
relações?
*
vejo uma gostosa comendo alface
e pela primeira vez na vida penso do fundo da alma:
foda-se
- foda-se a gostosa, a alface, o amor livre, OSHO, o 910, o Papa e a paz mundial!
com sinceridade de cão
com realismo budista:
f o d a - s e
*
nojo de ser poeta
nojo de ser humano
de viver em guerra
amando ou não amando
rio do amor livre
com o corpo tremendo de frio
sem ter onde me enxugar
*
mas é isso
boa noite e boa sorte
boa páscoa
bom natal
(sorriso)
vou trabalhar vazio
e voltar pra casa vazia
e não falar disso
com a psicoterapeuta capitalista
que mandei pastar
*
(não há nenhum jeito que não seja horrível)
*
que vida fácil a dos canalhas
*
tenho retraído tanto as garras
que já nem sinto as mãos
*
atenção
em breve vão morrer os poucos que restaram, Fabio:
será você e a noite:
ninguém por perto para ouvir seu grito
Marcadores:
amor livre,
anti-paixão,
ira,
melhores poemas,
poemas revoltados,
poesia,
separação,
top10,
top20,
top50

11/08/2013
plataforma
cuidado com o vão
entre a mente
e o coração
entre a mente
e o coração
Marcadores:
amor,
dificuldade de relacionamento,
melhores poemas,
paixão,
poesia,
poetrix

pai dos dias
meu pai lia
histórias de luz
nas noites negras:
me fez escritor
histórias de luz
nas noites negras:
me fez escritor

09/08/2013
indefinição
a ternura
é um desconexo
entre o amor
e o sexo
é um desconexo
entre o amor
e o sexo

uma morte rápida
não sei como colocar este estado
num poema bom
mas tenho fome:
ainda me lembro consternado
da forma excêntrica
como você cortava o pão
num poema bom
mas tenho fome:
ainda me lembro consternado
da forma excêntrica
como você cortava o pão
Marcadores:
melhores poemas,
morte,
musas,
poemas de amor,
poesia,
rima,
separação

02/08/2013
a um desenho
Para Tayra
me elevo em azul criança
porque cada palavra perfeita tua
tatua leveza
na minha esperança
conforme nos percebemos mais
mais alt(o) ar
em nossa dança
sagrada e leve
ah, menina
Voo contigo
sem nunca te soltar
me elevo em azul criança
porque cada palavra perfeita tua
tatua leveza
na minha esperança
conforme nos percebemos mais
mais alt(o) ar
em nossa dança
sagrada e leve
ah, menina
Voo contigo
sem nunca te soltar
![]() |
Imagem: Duy Huynh |
Marcadores:
amor,
ar,
melhores poemas,
musas,
poemas de amor,
poemas para imagens,
poesia,
top10,
top20,
top50,
voar

31/07/2013
sem nem pensar
sorvo um rio
de novos amores
cheio de lágrimas
que não choraremos
ah, o amor, o amor:
quando é, não falo
quando falo, não é
se perco, não calo
(sinto em todo o pé)
me convenço
e perco o rumo
me caminho
e perco a fé
ouço músicas que me piorem
não estou pronto
nunca estarei pronto
nunca estive pronto
mas insisto
insisto pelo alívio breve
difícil
distante:
esquecer
que a cada instante
a noite aperta este plexo cansado
(por isso também escrevo)
assim todos os artistas
bons que conheço
caminham curvados
como se seus ombros côncavos
e suas cabeças inclinadas
pudessem proteger sua falta
de novos amores
cheio de lágrimas
que não choraremos
ah, o amor, o amor:
quando é, não falo
quando falo, não é
se perco, não calo
(sinto em todo o pé)
me convenço
e perco o rumo
me caminho
e perco a fé
ouço músicas que me piorem
não estou pronto
nunca estarei pronto
nunca estive pronto
mas insisto
insisto pelo alívio breve
difícil
distante:
esquecer
que a cada instante
a noite aperta este plexo cansado
(por isso também escrevo)
assim todos os artistas
bons que conheço
caminham curvados
como se seus ombros côncavos
e suas cabeças inclinadas
pudessem proteger sua falta
Marcadores:
amor,
melhores poemas,
poemas de amor,
poesia,
top10,
top20,
top50

o amor mora longe
longo é o tempo sem ela.
longa é a partida dela me partindo ao meio.
ela, que me conhece inteiro.
longa é a partida dela me partindo ao meio.
ela, que me conhece inteiro.
Marcadores:
amor,
jogo de palavras,
melhores poemas,
musas,
poemas de amor,
poesia,
poetrix,
separação,
top10,
top20,
top50

28/07/2013
a-cor-dando (osama nas alturas)
para onde estamos indo?
trabalho que não inunda
o imundo do mundo
amor que dói
amor que prende
tarô que vicia
papa herói
radiestesia
prozac
insônia
paralisia nervosa
da criatividade concêntrica
borda de alegria:
fantasia
num bolo imenso de merda
trabalho que não inunda
o imundo do mundo
amor que dói
amor que prende
tarô que vicia
papa herói
radiestesia
prozac
insônia
paralisia nervosa
da criatividade concêntrica
borda de alegria:
fantasia
num bolo imenso de merda
Marcadores:
crítica social,
eu,
melhores poemas,
poesia,
top20,
top50,
trabalho

CSN cravo e canela
noite de sonho
café da manhã
o passado te acha
em qualquer cidade ou idade
essa janela sem vista
é o prédio da infância otimista:
bege e destroçado
nenhuma árvore
pra pousar minha esperança
*
Gabriela
a cidade com as curvas dela:
volta
redonda
(a acarinhar minha ternura)
ah, o mundo de sutilezas
que perdemos
pelo hábito
aqui
os garçons sorriem
e nós
dois (anormais)
nos percebemos iguais
sob relógios enormes
minha musa
minha música
um abraço
cala o frio
e deságua o rio de dentro
(fotografo na mente seus detalhes)
um abraço simples
no centro da praça
em frente ao casal de velhinhos
*
vi a fábrica de noite
sua fumaça de Blade Runner
operário gigante no meio da cidade que dorme
ao som de um saxofone imaginário
respirei aço em pó no ar
por dois dias
e me fiz de aço de novo
eu que me desmanchava
um polvo sem asa
(U tem cílio de escritórion)
agora
homem de aço
voando pra casa
café da manhã
o passado te acha
em qualquer cidade ou idade
essa janela sem vista
é o prédio da infância otimista:
bege e destroçado
nenhuma árvore
pra pousar minha esperança
*
Gabriela
a cidade com as curvas dela:
volta
redonda
(a acarinhar minha ternura)
ah, o mundo de sutilezas
que perdemos
pelo hábito
aqui
os garçons sorriem
e nós
dois (anormais)
nos percebemos iguais
sob relógios enormes
minha musa
minha música
um abraço
cala o frio
e deságua o rio de dentro
(fotografo na mente seus detalhes)
um abraço simples
no centro da praça
em frente ao casal de velhinhos
*
vi a fábrica de noite
sua fumaça de Blade Runner
operário gigante no meio da cidade que dorme
ao som de um saxofone imaginário
respirei aço em pó no ar
por dois dias
e me fiz de aço de novo
eu que me desmanchava
um polvo sem asa
(U tem cílio de escritórion)
agora
homem de aço
voando pra casa
Marcadores:
amor,
cidadezinha,
estrangeiro,
homenagem,
melhores poemas,
musas,
paixão,
passado,
poesia,
relógio

alana
alana alada e lânguida
sorriso infindo
tenra idade
loira da cor do meu sonho
distribui livros
pela cidade
alana que mora distante
suspeita do crime constante
de ser perfeita
sorriso infindo
tenra idade
loira da cor do meu sonho
distribui livros
pela cidade
alana que mora distante
suspeita do crime constante
de ser perfeita

harmonia
amor:
variações
sobre a mesma agonia
variações
sobre a mesma agonia

montes claros
Para Raquel
vejo do avião
(graças aos céus)
essa aranha translúcida e amarela
sumindo sob o silêncio da noite
sete mulheres pra cada homem
e uma solidão imensurável
saudade da minha mãe
saudade dos chinelos da namorada ao lado da cama
saudade de não ter saudade
de viver em paz e com sono
escrevendo poemas ruins
vejo do avião
(graças aos céus)
essa aranha translúcida e amarela
sumindo sob o silêncio da noite
sete mulheres pra cada homem
e uma solidão imensurável
saudade da minha mãe
saudade dos chinelos da namorada ao lado da cama
saudade de não ter saudade
de viver em paz e com sono
escrevendo poemas ruins
![]() |
Imagem: Fabio Rocha |

aero_porto
ruiva lendo no aeroporto
alta, linda, óculos
perfeito
começa um poema em meu peito
e me pergunto como posso ser romântico ainda
depois de tanta vida
e de tanto ler Bukowski
e de tanta ferida
mas ela lê sem me ver
e seus olhos afagam as páginas
se eu falasse com ela
o que não consigo escrever
(ou não)
se eu casasse com ela
(ou não)
tudo se apagaria do mesmo jeito
nas páginas da vida
mas meu peito...
ah, mas meu peito...
(as janelas do avião choram)
alta, linda, óculos
perfeito
começa um poema em meu peito
e me pergunto como posso ser romântico ainda
depois de tanta vida
e de tanto ler Bukowski
e de tanta ferida
mas ela lê sem me ver
e seus olhos afagam as páginas
se eu falasse com ela
o que não consigo escrever
(ou não)
se eu casasse com ela
(ou não)
tudo se apagaria do mesmo jeito
nas páginas da vida
mas meu peito...
ah, mas meu peito...
(as janelas do avião choram)
![]() |
Imagem: Fabio Rocha |
Marcadores:
amor,
melhores poemas,
musas,
paixão,
poemas de amor,
poesia,
top10,
top20,
top50

com escalas
quando penso em parar
em descansar
que já tá bom
vou além
voo porque o mundo tem mulheres bonitas
e poesia
e uma coisa toca a outra aqui dentro
de alguma forma inexplicável
e biológica
mulheres lindas
tipo Andressa de vestido
amarelo
e olhos enormes de mel
escrevo
e (m)eu avião ultrapassamos
o teto branco do céu:
nenhum deus.
só azul lar.
em descansar
que já tá bom
vou além
voo porque o mundo tem mulheres bonitas
e poesia
e uma coisa toca a outra aqui dentro
de alguma forma inexplicável
e biológica
mulheres lindas
tipo Andressa de vestido
amarelo
e olhos enormes de mel
escrevo
e (m)eu avião ultrapassamos
o teto branco do céu:
nenhum deus.
só azul lar.
![]() |
Imagem: Fabio Rocha |

24/07/2013
vandalizando de leve
chove na cidade
onde se reúnem idólatras
de um velho de branco
num frio filha da puta
atrapalhando o trânsito
e o progresso
onde se reúnem idólatras
de um velho de branco
num frio filha da puta
atrapalhando o trânsito
e o progresso
Marcadores:
anti-religião,
crítica social,
poesia

de amália para epaminondas
teus chinelos no chão
são mais que poemas vãos
quero só o presente
este presente diário da vida minha
nossos detalhes ínfimos, íntimos
as rotinas de banheiro, quarto e cozinha
quero é essa casa, nosso castelo
construído com convívio de décadas
elos de suavidade
por exemplo, adivinhar meu pensamento
(e eu o seu)
pelo mínimo movimento de uma ruga
meu sossego
sossegando o seu
bordar ternura
com silêncio e cuidado
enquanto lá fora, um mundo gelado
se multiplica em pressa
quero apenas essa comunhão
sem precisar de corpos:
nossas palavras ecoando pelos cômodos
celebrando desde sempre nosso encontro
são mais que poemas vãos
quero só o presente
este presente diário da vida minha
nossos detalhes ínfimos, íntimos
as rotinas de banheiro, quarto e cozinha
quero é essa casa, nosso castelo
construído com convívio de décadas
elos de suavidade
por exemplo, adivinhar meu pensamento
(e eu o seu)
pelo mínimo movimento de uma ruga
meu sossego
sossegando o seu
bordar ternura
com silêncio e cuidado
enquanto lá fora, um mundo gelado
se multiplica em pressa
quero apenas essa comunhão
sem precisar de corpos:
nossas palavras ecoando pelos cômodos
celebrando desde sempre nosso encontro
Marcadores:
amor,
anti-paixão,
poemas de amor,
poesia

23/07/2013
kryptonita no inconsciente 37
grito contra a kryptonita
contra o passado
com ira dos que
já se sabem fracasso:
todo voo
(re)quer descanso
(sangro o sangue de jesus
pela boca da noite)
contra o passado
com ira dos que
já se sabem fracasso:
todo voo
(re)quer descanso
(sangro o sangue de jesus
pela boca da noite)
Marcadores:
amor,
poemas psi,
poesia,
sonhos,
voo

22/07/2013
exercício
mergulho um rio de vidro
fino silêncio
mais e mais fundo
até encontrar água
e prazer
devido a pressões constantes
respirar é leve
elevo-te
no salto
insisto
repito
expando
é possível mais
mais ainda
ainda mais
o voo:
dor vira arte
dor virá arte
ágape
no sorriso dela
vermelho fogo
até a última brasa
fino silêncio
mais e mais fundo
até encontrar água
e prazer
devido a pressões constantes
respirar é leve
elevo-te
no salto
insisto
repito
expando
é possível mais
mais ainda
ainda mais
o voo:
dor vira arte
dor virá arte
ágape
no sorriso dela
vermelho fogo
até a última brasa
Marcadores:
água,
ar,
fogo,
paixão,
poemas de amor,
poemas psi,
poesia,
rio,
voo

12/07/2013
poema prum amigo que odeia poesia
Bukowski lhe diria: é assim mesmo
te mimam
depois você deve ganhar seu dinheirinho
num emprego estúpido
com essa grana
você pode pagar alguém pra curar sua mente fodida pelo sistema
melhorar as dores do seu corpo fodido pelo sistema
e seguir contribuindo prum mundo fodido pelo sistema
cefaléia
gastrite
tendinite
ansiedade
insônia
suores noturnos
fobia social
síndrome do pânico
hérnia de disco
fibromialgia
escritório
nas horas que sobram
a cidade grande desertifica as relações
corta os sorrisos
ocupa os amigos
a cidade grande, os jornais, os jogos do facebook
nos distraem de nós
nos destroem os nós
há corda
se tiver um cérebro, deus é uma piada
tente outra porta
você chega em casa e lava as mãos pra tirar os germes
abre a torneira e massageia vidros
silêncios moídos
gelados sentidos
corta os pelos do nariz - mas eles crescem
corta as unhas dos pés - mas elas crescem
e você sabe que vai morrer
mesmo não querendo
a salvação brilha no encontro com uma mulher
que depois te odiará
ou você a ela
por perceberem que a droga da paixão se esvai com o tempo
e ninguém salva ninguém
da cidade
do mundo
do sistema
da morte
no meio desta merda
cabe achar tempo
para deixar sair de alguma forma
o que o universo quer gritar com a sua voz
em vez de ter filhos
te mimam
depois você deve ganhar seu dinheirinho
num emprego estúpido
com essa grana
você pode pagar alguém pra curar sua mente fodida pelo sistema
melhorar as dores do seu corpo fodido pelo sistema
e seguir contribuindo prum mundo fodido pelo sistema
cefaléia
gastrite
tendinite
ansiedade
insônia
suores noturnos
fobia social
síndrome do pânico
hérnia de disco
fibromialgia
escritório
nas horas que sobram
a cidade grande desertifica as relações
corta os sorrisos
ocupa os amigos
a cidade grande, os jornais, os jogos do facebook
nos distraem de nós
nos destroem os nós
há corda
se tiver um cérebro, deus é uma piada
tente outra porta
você chega em casa e lava as mãos pra tirar os germes
abre a torneira e massageia vidros
silêncios moídos
gelados sentidos
corta os pelos do nariz - mas eles crescem
corta as unhas dos pés - mas elas crescem
e você sabe que vai morrer
mesmo não querendo
a salvação brilha no encontro com uma mulher
que depois te odiará
ou você a ela
por perceberem que a droga da paixão se esvai com o tempo
e ninguém salva ninguém
da cidade
do mundo
do sistema
da morte
no meio desta merda
cabe achar tempo
para deixar sair de alguma forma
o que o universo quer gritar com a sua voz
em vez de ter filhos
Marcadores:
ansiedade,
anti-deshumanidade,
anti-padrão,
anti-paixão,
crítica social,
droga,
estrangeiro,
loucura,
melhores poemas,
poemas filosóficos,
poemas psi,
poesia,
top10,
top20,
top50,
trabalho,
vício

09/07/2013
saturno soturno
estico-me em direção ao impossível
(silêncio no longo prazo)
em quantos beijos finitos
desperdicei minha inocência?
corpos enganam
a todos e
a si próprios
dançamos perdidos
com mãos tensas
(anéis nos anulares)
bocas promentem eternidades
com gosto de pó
mas o meu olhar
o meu olhar se repete:
e nunca te deixa só
(silêncio no longo prazo)
em quantos beijos finitos
desperdicei minha inocência?
corpos enganam
a todos e
a si próprios
dançamos perdidos
com mãos tensas
(anéis nos anulares)
bocas promentem eternidades
com gosto de pó
mas o meu olhar
o meu olhar se repete:
e nunca te deixa só
Marcadores:
amor,
anti-paixão,
melhores poemas,
musas,
poesia,
top50

07/07/2013
miosan e cio
Para Bukowski
silencio
um deus manufaturado
menor
que meus dedos fechados
menor
que meu medo
enorme
no prédio higiênico
não há ratos pra profanar essa cama
suo tonto no frio
com boca seca
e paz transcendental
relaxante muscular não cura dor
cura falta de sono
e falta de cor
mas o teclado (feminino) me forma
piora a dor
piora o sono
piora a boca
piora o medo
piora deus
melhoro
eu
silencio
um deus manufaturado
menor
que meus dedos fechados
menor
que meu medo
enorme
no prédio higiênico
não há ratos pra profanar essa cama
suo tonto no frio
com boca seca
e paz transcendental
relaxante muscular não cura dor
cura falta de sono
e falta de cor
mas o teclado (feminino) me forma
piora a dor
piora o sono
piora a boca
piora o medo
piora deus
melhoro
eu
Marcadores:
ansiedade,
anti-religião,
deus,
medo,
melhores poemas,
poesia,
top50

06/07/2013
despertar
somos maiores que o mar
e nosso modo de amar
represamos
por contratos
do mesmo modo
batemos pontos
e matamos sonhos
engolindo sapos
mas os jovens estão nas ruas
os jovens cantam nas ruas
os jovens gritam nas ruas
e as ruas foram feitas para este ato
e nosso modo de amar
represamos
por contratos
do mesmo modo
batemos pontos
e matamos sonhos
engolindo sapos
mas os jovens estão nas ruas
os jovens cantam nas ruas
os jovens gritam nas ruas
e as ruas foram feitas para este ato
Marcadores:
amor,
amor livre,
copa 2014,
crítica social,
melhores poemas,
poesia,
top50,
trabalho

03/07/2013
passado - presente - futuro
equilibrista
sobre a fina linha
que separa os tempos
o motorista (descontrolado)
hora vira pra lembranças
hora volta pra esperanças
em silêncio de crepúsculo
por segundos sem mente
surfo no minúsculo
presente
sobre a fina linha
que separa os tempos
o motorista (descontrolado)
hora vira pra lembranças
hora volta pra esperanças
em silêncio de crepúsculo
por segundos sem mente
surfo no minúsculo
presente

02/07/2013
escafandro
grafite é quase diamante
sou menos poeta
que amante
da poesia do amor
olho os ponteiros sem alvo
do relógio do escritório
o azul
mais que cor
ação de parar
e dor seguir:
semáforo incolor
bússola
querendo me expandir
pra além do medo
da angústia de estar no mesmo lugar
ah, mar imenso
longe daqui
mistério molhado de horizonte
nunca (vi)verei seu todo
sou menos poeta
que amante
da poesia do amor
olho os ponteiros sem alvo
do relógio do escritório
o azul
mais que cor
ação de parar
e dor seguir:
semáforo incolor
bússola
querendo me expandir
pra além do medo
da angústia de estar no mesmo lugar
ah, mar imenso
longe daqui
mistério molhado de horizonte
nunca (vi)verei seu todo
Marcadores:
amor,
dúvida,
jogo de palavras,
mar,
melhores poemas,
poesia,
relógio,
tempo,
top50,
trabalho

30/06/2013
desinstrumento
tendo caminhado um bom tempo
sem mão dada
sob o frio do céu nublado
no meio das inutilidades
encontrei deus
não me disse nada
tinha barba feita
e secava gelo
com um sorriso
sem mão dada
sob o frio do céu nublado
no meio das inutilidades
encontrei deus
não me disse nada
tinha barba feita
e secava gelo
com um sorriso
Marcadores:
anti-religião,
crítica social,
deus,
humor,
inútil,
loucura,
osho,
poesia,
trabalho

26/06/2013
desoperação
faço um poema
atravessando a rua
ainda leve
a mente quer planejar, programar, verbalizar
mais leveza
o tempo me fascina:
a vida se confunde com sonho
fora da rotina
cruzo os braços orgulhoso
vergalhões de aço
andaimes
guindastes
cuidado:
desoperário em construção
atravessando a rua
ainda leve
a mente quer planejar, programar, verbalizar
mais leveza
o tempo me fascina:
a vida se confunde com sonho
fora da rotina
cruzo os braços orgulhoso
vergalhões de aço
andaimes
guindastes
cuidado:
desoperário em construção

18/06/2013
coletivo
não são os vinte centavos a mais
dos coletivos
é o pensar no coletivo
que não morreu
que não vai morrer jamais
e não precisa de líderes ou partidos
dos coletivos
é o pensar no coletivo
que não morreu
que não vai morrer jamais
e não precisa de líderes ou partidos
![]() |
(foto: Tumblr - O que não sai na TV) |
Marcadores:
crítica social,
melhores poemas,
poesia,
top50

16/06/2013
foto-grafias
vou pelo caminho de sangue
pisando minhas próprias vértebras
(para onde?)
distrações me distanciam
recortes de paz distantes
foto-grafias
imagens internas
onde sorrio falso
mas fora delas
o vácuo de um cadafalso
vou flertando minha angústia
apressando dias vazios
vazando sentido
passo interrompido
mãos furadas
atravessadas
de areia
sigo saudoso da morte
cantando e aplaudindo
o silêncio desta voz tardia
pisando minhas próprias vértebras
(para onde?)
distrações me distanciam
recortes de paz distantes
foto-grafias
imagens internas
onde sorrio falso
mas fora delas
o vácuo de um cadafalso
vou flertando minha angústia
apressando dias vazios
vazando sentido
passo interrompido
mãos furadas
atravessadas
de areia
sigo saudoso da morte
cantando e aplaudindo
o silêncio desta voz tardia

em nenhuma palavra
vejo o cabelo da Deusa
nos cipós das árvores
ela resiste
apesar de tudo
apesar dos homens
andorinhas ainda enternecem o crepúsculo
o som de água
em algum lugar perto
ecoa meu silêncio
nos cipós das árvores
ela resiste
apesar de tudo
apesar dos homens
andorinhas ainda enternecem o crepúsculo
o som de água
em algum lugar perto
ecoa meu silêncio

política
o Estado das coisas:
polícia para quem precisa
de melhores condições de vida
polícia para quem precisa
de melhores condições de vida
Marcadores:
crítica social,
poesia,
poetrix

14/06/2013
castelos musgos
fundações ruem
sobre bases que cedem
ah, como enxuguei silêncio
com palavras
trabalho vão e frio
indo contra o feio
o vencedor:
o vazio
sobre bases que cedem
ah, como enxuguei silêncio
com palavras
trabalho vão e frio
indo contra o feio
o vencedor:
o vazio
Marcadores:
melancolia,
poesia,
vazio

duas pontes
olhares
que não creem mais
em olhares
a lesma de tua língua
perdida em minha boca
não mastigo nem cuspo
mortos
ligados
pelo queixo
estátuas gigantes
se apoiando
sobre o abismo: antes
que não creem mais
em olhares
a lesma de tua língua
perdida em minha boca
não mastigo nem cuspo
mortos
ligados
pelo queixo
estátuas gigantes
se apoiando
sobre o abismo: antes
Marcadores:
melhores poemas,
paixão,
poesia,
top20,
top50

12/06/2013
dia dos afogados
eu me precipício:
gosto quando chovo
e morro quando gozo
gosto quando chovo
e morro quando gozo
Marcadores:
jogo de palavras,
melhores poemas,
poesia,
poetrix

vou dormir
o corpo se contorce em busca
quer mais que o apartamento sem gente
cheio de móveis
imóveis
esqueletos do tempo
lemas gastos
pastos brancos
troco letras e desejos
através de telas
por mãos que não se tocam
solidão e solidão
em caracteres inexatos
fatos frios
pratos limpos
copos tortos
paro a roda da fortuna
travo a roleta russa
deixo que ela tussa
quases sangues sêmens
é foda
mas adio
adio
o que não seja o vazio
pois a cura não é fora
quer mais que o apartamento sem gente
cheio de móveis
imóveis
esqueletos do tempo
lemas gastos
pastos brancos
troco letras e desejos
através de telas
por mãos que não se tocam
solidão e solidão
em caracteres inexatos
fatos frios
pratos limpos
copos tortos
paro a roda da fortuna
travo a roleta russa
deixo que ela tussa
quases sangues sêmens
é foda
mas adio
adio
o que não seja o vazio
pois a cura não é fora

11/06/2013
bem que se quis
mundo enorme
em que estranho estar
disforme
literal, preciso, nítido
desértico, populoso, artístico
com plexo transbordado
em toda parte
escorre arte
observo sem dizer um ai
estes céus de vanilla sky
das cinco da manhã
não mais ir
deitado no banco de trás
do carro dos pais
ser o Único herói
capaz de fazer
a criança crescer
num mundo frio de ar
sem casaco ou afã
sob um sol que amarela
através de catracas vãs
voo
em que estranho estar
disforme
literal, preciso, nítido
desértico, populoso, artístico
com plexo transbordado
em toda parte
escorre arte
observo sem dizer um ai
estes céus de vanilla sky
das cinco da manhã
não mais ir
deitado no banco de trás
do carro dos pais
ser o Único herói
capaz de fazer
a criança crescer
num mundo frio de ar
sem casaco ou afã
sob um sol que amarela
através de catracas vãs
voo
Marcadores:
estrangeiro,
poesia,
trabalho,
voo

10/06/2013
me duele el tango
piazzolla preciso
agudo
furando o chakra cardíaco
essa é minha vida:
só ouço os acordes da chegada
quando já é hora da partida
mas preciso calar a saudade
dos tangos que não dançamos
e dormir em paz
sobre nosso
nunca mais
agudo
furando o chakra cardíaco
essa é minha vida:
só ouço os acordes da chegada
quando já é hora da partida
mas preciso calar a saudade
dos tangos que não dançamos
e dormir em paz
sobre nosso
nunca mais

domingo nublado
a boca do sol
abria e fechava
bocejando atrás das nuvens
e se as gaivotas forem mesmo
almas de pescadores que morreram no mar?
saudade do tédio
enquanto a água beija o ar
vou no ônibus bruto
acelerado
pra quê essa luta?
vida de poemas infinitos
casa sem espaço pra mim
nem tempo
e fora de casa
tudo longo
tudo longe
tudo toca demais
gente demais no mundo
gritando pra não ouvir
o silêncio
nos museus
apenas para ver
seus próprios eus
refletidos em arte
ou nos olhos das pessoas
que frequentam museus
deito pra fingir que durmo
de lado
sobre o plexo noturno
destroçado
abria e fechava
bocejando atrás das nuvens
e se as gaivotas forem mesmo
almas de pescadores que morreram no mar?
saudade do tédio
enquanto a água beija o ar
vou no ônibus bruto
acelerado
pra quê essa luta?
vida de poemas infinitos
casa sem espaço pra mim
nem tempo
e fora de casa
tudo longo
tudo longe
tudo toca demais
gente demais no mundo
gritando pra não ouvir
o silêncio
nos museus
apenas para ver
seus próprios eus
refletidos em arte
ou nos olhos das pessoas
que frequentam museus
deito pra fingir que durmo
de lado
sobre o plexo noturno
destroçado
![]() |
Foto: Fabio Rocha (Museu de Arte do Rio - 9/6/13) |

09/06/2013
de profundis
pescávamos tranquilos
com a isca do canto
e um cego soltava pipa na noite
mas
o peixe estranho
e as nuvens escondendo a lua
prenunciavam
a onda enorme
a onda
dos sonhos infinitos
o som da onda
o fim
*
descemos
silêncio
serenos
sereia
ela me dá a mão
e voamos na água
sobre um chão de céu:
estrelas do mar
arraias beijam flores
polvos gigantes em paz
tudo é grandioso
novo e esperado
até mesmo o sangue espalhado
da presa que caça o caçador
sangue necessário
rezado lado a lado
desço mais
atras do fascínio
salto em meu medo
tudo lento e profundo
no abismo do outro mundo
(mundo mesmo)
no escuro
ela me fecha os olhos
e em algum lugar
no mundo de cima
alguém olha o mar e a rima
sem se molhar
me salvo
vou por cidades submersas mortas
portas para estátuas sem forma
símbolos antigos do que não virá
pela caverna cruzamos
pela luz nascemos
batalhas perdidas no tempo
pelo beijo morremos
outros olhos
outros tempos
ela sobre as águas
chorando os retratos
que vivemos
mas sua mão agora
se abre em estrela
(a estrela vermelha que dorme em minha carne)
é tarde demais
nado sozinho
por caminhos errados
até
enfim
me tornar
o navio de meu sonho
desnaufragado
ser capaz de navegar o novo mundo
sem se perder da ilha
do nosso passado
uma casa no meio do mar
no meio do tempo
onde sempre haverá
você
um violoncelo
e uma luz acesa
com a isca do canto
e um cego soltava pipa na noite
mas
o peixe estranho
e as nuvens escondendo a lua
prenunciavam
a onda enorme
a onda
dos sonhos infinitos
o som da onda
o fim
*
descemos
silêncio
serenos
sereia
ela me dá a mão
e voamos na água
sobre um chão de céu:
estrelas do mar
arraias beijam flores
polvos gigantes em paz
tudo é grandioso
novo e esperado
até mesmo o sangue espalhado
da presa que caça o caçador
sangue necessário
rezado lado a lado
desço mais
atras do fascínio
salto em meu medo
tudo lento e profundo
no abismo do outro mundo
(mundo mesmo)
no escuro
ela me fecha os olhos
e em algum lugar
no mundo de cima
alguém olha o mar e a rima
sem se molhar
me salvo
vou por cidades submersas mortas
portas para estátuas sem forma
símbolos antigos do que não virá
pela caverna cruzamos
pela luz nascemos
batalhas perdidas no tempo
pelo beijo morremos
outros olhos
outros tempos
ela sobre as águas
chorando os retratos
que vivemos
mas sua mão agora
se abre em estrela
(a estrela vermelha que dorme em minha carne)
é tarde demais
nado sozinho
por caminhos errados
até
enfim
me tornar
o navio de meu sonho
desnaufragado
ser capaz de navegar o novo mundo
sem se perder da ilha
do nosso passado
uma casa no meio do mar
no meio do tempo
onde sempre haverá
você
um violoncelo
e uma luz acesa
Marcadores:
amor,
despedida,
melhores poemas,
musas,
poemas de amor,
poesia,
separação,
top10,
top20,
top50

08/06/2013
plenilúnia (contraste)
a minha morte
flui como rio de leite
no chão branco
do apartamento branco
escrevo letras negras
com pernas de aranha
sobre ladrilhos
semeio ela
(a minha morte)
no próprio seio
a cada fechar de janela
flui como rio de leite
no chão branco
do apartamento branco
escrevo letras negras
com pernas de aranha
sobre ladrilhos
semeio ela
(a minha morte)
no próprio seio
a cada fechar de janela
Marcadores:
melhores poemas,
morte,
poesia,
top50,
vazio

07/06/2013
poente sobre mario benedetti
Para Gabriela
preparo a mala
pra onde não vou:
amá-la mal
levo um violão
que também não sei
abraçar
trago um baú leve
com pânico vermelho
e vazio amplo
(as religiões
não salvam nem deus:
só salivam dogmas)
encho o tanque
do carro
de som
escarro na palma da planta
do jardim noturno
um passado taciturno
ignição
bebo
com
moderação
parto
sem
nascer
preparo a mala
pra onde não vou:
amá-la mal
levo um violão
que também não sei
abraçar
trago um baú leve
com pânico vermelho
e vazio amplo
(as religiões
não salvam nem deus:
só salivam dogmas)
encho o tanque
do carro
de som
escarro na palma da planta
do jardim noturno
um passado taciturno
ignição
bebo
com
moderação
parto
sem
nascer
Marcadores:
jogo de palavras,
melhores poemas,
musas,
poesia,
recomeço,
top50

luto lúdico: novilúnio
luto
luto
luto
luto
perco
ganho
um novo
velho eu
(e a paz de Morfeu)
compreender não é seguir
cheguei perto do piso da vida a dois:
2 tédios, 2 concessões, 2 disputas
até que - puta que pariu - onde esqueci meu sorriso?
sem vida monógama
eu, polígono de infinitas mãos
lentamente me aproximo
da palavra curva
estrada aberta
força arcana
beijo o tempo
(meio bêbado)
sob a lua
toco
de leve
a borda da delícia
nua
(ela dança)
comprei 2 livros de Bukowski
para ler comigo
enquanto leio Bukowski
domingo
luto
luto
luto
perco
ganho
um novo
velho eu
(e a paz de Morfeu)
compreender não é seguir
cheguei perto do piso da vida a dois:
2 tédios, 2 concessões, 2 disputas
até que - puta que pariu - onde esqueci meu sorriso?
sem vida monógama
eu, polígono de infinitas mãos
lentamente me aproximo
da palavra curva
estrada aberta
força arcana
beijo o tempo
(meio bêbado)
sob a lua
toco
de leve
a borda da delícia
nua
(ela dança)
comprei 2 livros de Bukowski
para ler comigo
enquanto leio Bukowski
domingo
Marcadores:
amor livre,
paixão,
poesia

06/06/2013
sozinho
o vento fala aqui
o mesmo no deserto
a travessia da angústia:
único caminho perto
(sem colo ou carinho)
quebrar
os mesmos ciclos
eternos vícios
infindos choros
parar
esses erros e recomeços
com vontade bruta
luto e luta
o mesmo no deserto
a travessia da angústia:
único caminho perto
(sem colo ou carinho)
quebrar
os mesmos ciclos
eternos vícios
infindos choros
parar
esses erros e recomeços
com vontade bruta
luto e luta

a um passo de
normalíssimo, normalice
em todo lugar do trabalho
agora há mapas de rota de fuga
(desobstruídas)
mas não fujo
me olham tensos
urubus de terno
normas internas
controlando incêndios íntimos
adiando o inevitável
replanejamento
de projetos
a paz, mulher:
uma casinha branca de varanda
uma fazenda
uma conta bancária
ou estar onde se quer?
em todo lugar do trabalho
agora há mapas de rota de fuga
(desobstruídas)
mas não fujo
me olham tensos
urubus de terno
normas internas
controlando incêndios íntimos
adiando o inevitável
replanejamento
de projetos
a paz, mulher:
uma casinha branca de varanda
uma fazenda
uma conta bancária
ou estar onde se quer?
Marcadores:
crítica social,
jogo de palavras,
poesia,
trabalho

04/06/2013
roupas para secar
sujo minha poesia
em todo lixo que leio luxo
sujo prazerosamente
esdrúxulo minha poesia
com palavrões e ratos secos
becos fétidos
porque ela é do mundo
sujo tudo
mas silencio
aquele varal
aquele varal simples
com um lençol branco
convulsionando no vento
em todo lixo que leio luxo
sujo prazerosamente
esdrúxulo minha poesia
com palavrões e ratos secos
becos fétidos
porque ela é do mundo
sujo tudo
mas silencio
aquele varal
aquele varal simples
com um lençol branco
convulsionando no vento
Marcadores:
amor,
jogo de palavras,
loucura,
melhores poemas,
paisagem,
poesia

recomeço
sob estes novos astros
estranhamento:
ainda estar em meu centro
sob finos véus noturnos
toalhas por secar
mortalhas que virão
vivo
leve
duas pernas
dois braços
muitas vontades
e passos de prazer e dor
(opostos complementares)
para realizá-las
aqueço a liberdade na língua
amacio-a
tudo posso
naquilo que me fortaleço
estranhamento:
ainda estar em meu centro
sob finos véus noturnos
toalhas por secar
mortalhas que virão
vivo
leve
duas pernas
dois braços
muitas vontades
e passos de prazer e dor
(opostos complementares)
para realizá-las
aqueço a liberdade na língua
amacio-a
tudo posso
naquilo que me fortaleço

03/06/2013
véspera da passagem
sol silencioso
descompasso acelerado:
aceitar
dualidades interinas
(melhor aprender a apanhar
do que vencer)
todas as coisas no modo
o mais triste possível
(é mais fácil chorar do que crescer)
- Está um lindo dia, Fabio.
- Está. Está um lindo dia.
descompasso acelerado:
aceitar
dualidades interinas
(melhor aprender a apanhar
do que vencer)
todas as coisas no modo
o mais triste possível
(é mais fácil chorar do que crescer)
- Está um lindo dia, Fabio.
- Está. Está um lindo dia.
Marcadores:
estrangeiro,
poesia,
solidão

02/06/2013
polvo ao molho parto
o último beijo
é um tiro de escopeta
(silencioso)
na alma sem escudo
no escuro
polvo
chupando
manga
não há grito que baste
que suplante
que supere
a pólvora no seio
(status de relacionamento: solteiro)
terror ácido e feio
meio de separar os (a)braços
de dois amantes reais
no meio da noite
negro e líquido nuncamais
a se espalhar lentamente
na água do olho
é um tiro de escopeta
(silencioso)
na alma sem escudo
no escuro
polvo
chupando
manga
não há grito que baste
que suplante
que supere
a pólvora no seio
(status de relacionamento: solteiro)
terror ácido e feio
meio de separar os (a)braços
de dois amantes reais
no meio da noite
negro e líquido nuncamais
a se espalhar lentamente
na água do olho

sem volúpia
salvo uma palavra que me salve
(salva de palmas)
saliva de violões vazios
cheios de som, sacrifício, saudade, desperdício...
olhos desertos
que se teimam
abertos
abertos ante o medo da grande noite
noite maior que todos
que a todos apaga a luz
quantas armas inúteis
ultratecnológicas
hiperverborrágicas
quanto tempo perdido com armas
facas, canivetes, espadas...
o que salva da noite
é o abraço
não o corte, a ferida
o oposto da morte
é o amor
não a vida
(salva de palmas)
saliva de violões vazios
cheios de som, sacrifício, saudade, desperdício...
olhos desertos
que se teimam
abertos
abertos ante o medo da grande noite
noite maior que todos
que a todos apaga a luz
quantas armas inúteis
ultratecnológicas
hiperverborrágicas
quanto tempo perdido com armas
facas, canivetes, espadas...
o que salva da noite
é o abraço
não o corte, a ferida
o oposto da morte
é o amor
não a vida
Marcadores:
melhores poemas,
morte,
poesia,
poesia como salvação

01/06/2013
polvo de novo
a manhã acorda
apesar de meu protesto
faz tempo
não lembro
um sonho
espalho-me pelo mundo
em tentáculos e palavras
que se esticam e espreguiçam
buscando crer e ser
por todos os lados
(verbo romper)
um bêbado buzina e grita
tenso na rua deserta
algo que não entendo
todos queremos ocupar mais espaço
porque o vazio do silêncio
nos apressa
apesar de meu protesto
faz tempo
não lembro
um sonho
espalho-me pelo mundo
em tentáculos e palavras
que se esticam e espreguiçam
buscando crer e ser
por todos os lados
(verbo romper)
um bêbado buzina e grita
tenso na rua deserta
algo que não entendo
todos queremos ocupar mais espaço
porque o vazio do silêncio
nos apressa

31/05/2013
aracnofobia
o meu afeto
é essa aranha tateando a parede
branco
o meu afeto é manco
sem tato
no corpo
seu contato
com o Outro
atravessa
a palavra
(Poema inspirado na poesia de Mar Becker.)
é essa aranha tateando a parede
branco
o meu afeto é manco
sem tato
no corpo
seu contato
com o Outro
atravessa
a palavra
![]() |
Imagem: Maísa Motta |
(Poema inspirado na poesia de Mar Becker.)
Marcadores:
dificuldade de relacionamento,
eu,
melhores poemas,
poesia,
poesia como salvação,
top50

30/05/2013
terra de nunca mais
Para Jorge Luis Borges
todo adeus é muito longo
perdura em algum pedaço
segue conosco
cada adeus
com olhos duros
que de quando em vez se esquecem
do que buscavam no mundo
todo adeus é muito longo
perdura em algum pedaço
segue conosco
cada adeus
com olhos duros
que de quando em vez se esquecem
do que buscavam no mundo
Marcadores:
homenagem,
melhores poemas,
poesia,
separação,
top50

29/05/2013
monges longes
a gripe diminui o ritmo
legião de encapuzados
escondendo
que não tem rosto
o ritmo diminui a gripe
iniciamos leves
depois, pesados
marchamos pelo futuro
mastigando amendoim japonês dourado
preparamos o inverno medonho
o mundo - um deserto gelado
preparamos tanta coisa
pra no fim nos enterrarmos
uns aos outros
lado a lado
legião de encapuzados
escondendo
que não tem rosto
o ritmo diminui a gripe
iniciamos leves
depois, pesados
marchamos pelo futuro
mastigando amendoim japonês dourado
preparamos o inverno medonho
o mundo - um deserto gelado
preparamos tanta coisa
pra no fim nos enterrarmos
uns aos outros
lado a lado
Marcadores:
anti-consumismo,
doença,
estrangeiro,
melhores poemas,
poesia,
vazio

vermelho pulso
os amantes dançam
com lâminas nas extremidades dos corpos
por entre fios indizíveis
que sustentam seu palco
saio
vou até lá fora
ao pasto do passado
decepcionar a rosa dada
(espinho que colhi da garganta)
com lâminas nas extremidades dos corpos
por entre fios indizíveis
que sustentam seu palco
saio
vou até lá fora
ao pasto do passado
decepcionar a rosa dada
(espinho que colhi da garganta)

28/05/2013
começo no fim
me perco
os sinos de tua voz
(que me ouve)
não me definem mais
sonares de morcegos escuros
traçam silêncio
em telas vazias
ronco de motores partindo
ruas engarrafadas de pessoas simples
sinais verdes
elefantes, sempre elefantes
dançando
e sorrindo
os sinos de tua voz
(que me ouve)
não me definem mais
sonares de morcegos escuros
traçam silêncio
em telas vazias
ronco de motores partindo
ruas engarrafadas de pessoas simples
sinais verdes
elefantes, sempre elefantes
dançando
e sorrindo

sem revisão
eu quero a morte e uma torta de cerejas
americana que nunca comi
eu quero a morte e um pacote de cervejas
que não bebo
porque quero ser Bukowski
e apanhar e bater na vida
sem querer ser outra coisa
simples
americana que nunca comi
eu quero a morte e um pacote de cervejas
que não bebo
porque quero ser Bukowski
e apanhar e bater na vida
sem querer ser outra coisa
simples
Marcadores:
homenagem,
melhores poemas,
morte,
poesia,
simplicidade,
top50

como bolo de chocolate
o colégio ao lado do prédio me acorda com voz de criança
cantam parabéns e com quem será:
aprendemos desde cedo a envelhecer e a casar
reexperimento
lenta e saborosamente
a palavra liberdade
imposta no céu da boca
com a língua solta
brinco com ela:
estréias e estrelas
cantam parabéns e com quem será:
aprendemos desde cedo a envelhecer e a casar
reexperimento
lenta e saborosamente
a palavra liberdade
imposta no céu da boca
com a língua solta
brinco com ela:
estréias e estrelas
Marcadores:
amor livre,
infância,
melhores poemas,
musas,
poesia,
top50

27/05/2013
sem dente em gêmeos
Para Rebeca
a mente paga seu salário
ganha troféu e diz puta
todo santo dia
mas quando tenta oprimir o coração
(órgão capaz de te despedaçar)
a noite traz sudorese, medo e ataques de ansiedade
a mente disputa
e perde
*
deus
até quando vou correr
atrás da paz
da casa dos pais?
*
vou fazer 40 anos
lapidando discursos
pra convencer a mim mesmo
a não me atirar na cabeça
e a me atirar de cabeça
onde não quero ir
*
vou, por exemplo, no ônibus
com pessoas normais
calmas
casadas
cansadas
lendo jornais
me parecem mais
perfeitas
estou cansado demais de ser poeta
perneta
eu que só sei
me relacionar
com palavras
*
(pelo medo
do fim
termino)
mas saiba:
se outras foram poemas bonitos
você foi
um livro
a mente paga seu salário
ganha troféu e diz puta
todo santo dia
mas quando tenta oprimir o coração
(órgão capaz de te despedaçar)
a noite traz sudorese, medo e ataques de ansiedade
a mente disputa
e perde
*
deus
até quando vou correr
atrás da paz
da casa dos pais?
*
vou fazer 40 anos
lapidando discursos
pra convencer a mim mesmo
a não me atirar na cabeça
e a me atirar de cabeça
onde não quero ir
*
vou, por exemplo, no ônibus
com pessoas normais
calmas
casadas
cansadas
lendo jornais
me parecem mais
perfeitas
estou cansado demais de ser poeta
perneta
eu que só sei
me relacionar
com palavras
*
(pelo medo
do fim
termino)
mas saiba:
se outras foram poemas bonitos
você foi
um livro

casamento no domingo
como uma viagem longa
dolorosamente nova
se revelando mágica
única pessoal intransferível
ah, como eu queria te
contar
contigo
não consigo
sigo
contido
e descontente
vendo o mar
(som sem palavras)
revelando e encobrindo pedras
enquanto o bem-te-vi
pousado num vergalhão
entre a água, o cais e o caos
nada vê além do escombro do beco
e cala o seu vôo
dolorosamente nova
se revelando mágica
única pessoal intransferível
ah, como eu queria te
contar
contigo
não consigo
sigo
contido
e descontente
vendo o mar
(som sem palavras)
revelando e encobrindo pedras
enquanto o bem-te-vi
pousado num vergalhão
entre a água, o cais e o caos
nada vê além do escombro do beco
e cala o seu vôo
Marcadores:
melhores poemas,
poesia,
separação

26/05/2013
início, despedida e metamorfose
começam-se
vendo o que não é
e querendo ver mais
aproximam-se
dois anjos
de mãos em paz
tateiam
verbam compreender faltas
inventam compartilhar colos
(almas sem armas
que tecem sutilmente
amarras)
passam-se passos
e crono_logicamente
os sorrisos se tornam devassos
a leveza perde-se em tristeza
ambos enjoam-se
enojam-se
atacam-se gravemente
pelo grão de farelo no carpete
depois
sem saber voar
criam a coragem
para lentamente
cortar
(não acreditando que estão cortando até o tombo)
a longa corda tecida
sonhando a última dor
então
de volta ao chão
restam lembranças boas
(que esqueceremos)
amigos
(que não seremos)
e chinelos pequenos
em apartamentos vazios
vendo o que não é
e querendo ver mais
aproximam-se
dois anjos
de mãos em paz
tateiam
verbam compreender faltas
inventam compartilhar colos
(almas sem armas
que tecem sutilmente
amarras)
passam-se passos
e crono_logicamente
os sorrisos se tornam devassos
a leveza perde-se em tristeza
ambos enjoam-se
enojam-se
atacam-se gravemente
pelo grão de farelo no carpete
depois
sem saber voar
criam a coragem
para lentamente
cortar
(não acreditando que estão cortando até o tombo)
a longa corda tecida
sonhando a última dor
então
de volta ao chão
restam lembranças boas
(que esqueceremos)
amigos
(que não seremos)
e chinelos pequenos
em apartamentos vazios
Marcadores:
dificuldade de amar,
dificuldade de relacionamento,
poesia,
separação

terrorismo sonhado
meu sonhar sonha
uma bomba atômica
na morada antiga
indefensável,
cai do helicóptero
no alto da rua
no meio da festa
agarro-me às paredes da casa
de costas pro brilho
espero o som absurdo
aguardo
desesperado
o tremor o terror a radiação
cada célula deixar de ser
acordo
inteiro
então
uma bomba atômica
na morada antiga
indefensável,
cai do helicóptero
no alto da rua
no meio da festa
agarro-me às paredes da casa
de costas pro brilho
espero o som absurdo
aguardo
desesperado
o tremor o terror a radiação
cada célula deixar de ser
acordo
inteiro
então

arroubos de glória num condomínio fechado
na hora exata em que paro
sobre minhas dúvidas
para olhar o nada
no sétimo andar do bloco quatro
com a luz acesa
a janela aberta
duas meninas tiram lentamente
a roupa
conversam
vão na cozinha
somem atrás de paredes
camisas brancas
moletons risonhos
cama vermelha
atrás da cortina de um sonho
tudo exato
sob estrelas extintas
não sei
se me tento
ou se me lanço
se me toco
ou se me canso
na dúvida
(maior que eu)
destes olhos cansados de estréias
deixo a luz de Deus tocar
em seus seios sagrados
sobre minhas dúvidas
para olhar o nada
no sétimo andar do bloco quatro
com a luz acesa
a janela aberta
duas meninas tiram lentamente
a roupa
conversam
vão na cozinha
somem atrás de paredes
camisas brancas
moletons risonhos
cama vermelha
atrás da cortina de um sonho
tudo exato
sob estrelas extintas
não sei
se me tento
ou se me lanço
se me toco
ou se me canso
na dúvida
(maior que eu)
destes olhos cansados de estréias
deixo a luz de Deus tocar
em seus seios sagrados
Marcadores:
melhores poemas,
musas,
paixão,
poesia

25/05/2013
todos os idiotas que conheci tinham certezas absolutas
todos os idiotas que conheci tinham certezas absolutas
adamastor não
adamastor só tinha dúvidas
e pontos de desencontro
eis um caso:
namorava uma pequena
sempre fora de casa
desde que ela percebeu
o limite no lar
entrar
virou meta maior
ela batia na porta
ele não abria
ela chorava pedia batia brigava
ele irreduzia
por anos
amaram-se na metade afiada do medo
imaginando segredos
ela tentava arranhava exigia
ele trancava e repetia cheio de lógica:
"O casamento é a derrota biológica do homem."
ela interfonava
ele não atendia
ela mandava carta
ele não abria
ela esperava na porta
ele saía pela janela
foi quando
sobre uma almofada de luz sólida
como que percebendo a existência intraterrena
e tudo o que ele próprio temia
numa virada filosófica
adamastor amou
(luz sólida)
amou sem agonia
sem pontos de fuga
sem rima
inteiro verbo de ligação
preparou a casa com primavera
perfumou as rosas
aparou os pelos
semeou futuros
escreveu uns versos
destravou janelas
desde então:
na quarta ela não podia
na quinta se complicou
na sexta se atrasou
no sábado
ligou bêbada
e disse que não ia
adamastor não
adamastor só tinha dúvidas
e pontos de desencontro
eis um caso:
namorava uma pequena
sempre fora de casa
desde que ela percebeu
o limite no lar
entrar
virou meta maior
ela batia na porta
ele não abria
ela chorava pedia batia brigava
ele irreduzia
por anos
amaram-se na metade afiada do medo
imaginando segredos
ela tentava arranhava exigia
ele trancava e repetia cheio de lógica:
"O casamento é a derrota biológica do homem."
ela interfonava
ele não atendia
ela mandava carta
ele não abria
ela esperava na porta
ele saía pela janela
foi quando
sobre uma almofada de luz sólida
como que percebendo a existência intraterrena
e tudo o que ele próprio temia
numa virada filosófica
adamastor amou
(luz sólida)
amou sem agonia
sem pontos de fuga
sem rima
inteiro verbo de ligação
preparou a casa com primavera
perfumou as rosas
aparou os pelos
semeou futuros
escreveu uns versos
destravou janelas
desde então:
na quarta ela não podia
na quinta se complicou
na sexta se atrasou
no sábado
ligou bêbada
e disse que não ia
Marcadores:
amor,
humor,
loucura,
melhores poemas,
poemas de amor,
poesia

23/05/2013
exame
meço o plexo
lupa de fora
fora de nexo
foco:
facas navalhas espadas fogueiras
dentro do vermelho
raios X
no vazio
do vazio
tempestade de chamas
soco
o peito expulsa
o medidor
ao ritmo de um tambor
cor:
sangue sem água
há mor?
*
algo por dizer
barba por fazer
não faço nada
*
espelho
espelho
eu?
o fio dental nos dentes
desliza dentre os espaços
de todas estas células mortas e vivas
estes carbonos de estrelas antigas
que nos constituem como Falta
para quê?
para onde?
o céu da boca cala
bio e logicamente
o sapato aperta
e a dúvida vai
com a unha encravada
no sentido
da palavra
lupa de fora
fora de nexo
foco:
facas navalhas espadas fogueiras
dentro do vermelho
raios X
no vazio
do vazio
tempestade de chamas
soco
o peito expulsa
o medidor
ao ritmo de um tambor
cor:
sangue sem água
há mor?
*
algo por dizer
barba por fazer
não faço nada
*
espelho
espelho
eu?
o fio dental nos dentes
desliza dentre os espaços
de todas estas células mortas e vivas
estes carbonos de estrelas antigas
que nos constituem como Falta
para quê?
para onde?
o céu da boca cala
bio e logicamente
o sapato aperta
e a dúvida vai
com a unha encravada
no sentido
da palavra
Marcadores:
amor,
loucura,
poemas filosóficos,
poesia,
vazio

20/05/2013
balões na capadócia
imagínio intensidades
imensas
(a)puro o olhar:
relógios
perdendo
nossos segundos
seguindo
telas
perdendo
nosso tempo
canto a palavra
que quebre o encanto
compartilhar
além do facebook
arte que arda
imensas
(a)puro o olhar:
relógios
perdendo
nossos segundos
seguindo
telas
perdendo
nosso tempo
canto a palavra
que quebre o encanto
compartilhar
além do facebook
arte que arda
Marcadores:
crítica social,
poesia

19/05/2013
o vampiro do teatro
o que for em vão será pra mim
a música une
e me afasto
impune
nesse outono de nuvens
(quase inferno)
quase inverno
vergamos sob o peso do crepúsculo
um copo de mate
beija a boca do horizonte
extremamente doce
violáceo
violento
o dia
adia dores
e se cobre
com a noite fria
a música une
e me afasto
impune
nesse outono de nuvens
(quase inferno)
quase inverno
vergamos sob o peso do crepúsculo
um copo de mate
beija a boca do horizonte
extremamente doce
violáceo
violento
o dia
adia dores
e se cobre
com a noite fria
Marcadores:
infância,
melhores poemas,
poesia,
sonhos

16/05/2013
nuvem
escrevo
sob o mesmo silêncio
de um deus que pintasse
os céus de outono
sob o mesmo silêncio
de um deus que pintasse
os céus de outono

15/05/2013
crescente um outono noturno
vejo a lua mais triste
beijando o prédio gelado
ensimesmado e em riste
a ruga
faz desenhos
na testa
outros fora farão festa
aqui dentro faço feio
(nos meus olhos passo frio)
meio ouço jazz
mas devia não dever
pra ter a paz de um rio
beijando o prédio gelado
ensimesmado e em riste
a ruga
faz desenhos
na testa
outros fora farão festa
aqui dentro faço feio
(nos meus olhos passo frio)
meio ouço jazz
mas devia não dever
pra ter a paz de um rio
Marcadores:
melancolia,
melhores poemas,
poesia,
rima,
ritmo,
top10,
top20,
top50,
vazio

14/05/2013
da mudança
quero uma casa
sem construí-la
poder tocar-te, frágil,
com dedos de piano
sem perder o tato
saber levar por ti
o peso da vida
em teoria leve
não
que a poesia não seja
uma palavra aliviada,
mãos em vício breve
é tempo de argila:
vida a ser reinventada
quero uma casa:
vou construí-la
sem construí-la
poder tocar-te, frágil,
com dedos de piano
sem perder o tato
saber levar por ti
o peso da vida
em teoria leve
não
que a poesia não seja
uma palavra aliviada,
mãos em vício breve
é tempo de argila:
vida a ser reinventada
quero uma casa:
vou construí-la