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Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.

12/08/2013

você sente mais a pétala ou o espinho?

os lábios dela em outra boca.

*

tremer de sangue e de frio

testo meu sentir
até virar sensação física

sentir algo não fingido, não inventado, não racionalizado
sentir tremendo algo tremendo
em toda a sua pele

apertando o rosto
o estômago

sem se contaminar com palavras
com a mente, que mente continuamente

ah, um sentimento verdadeiro, ao menos

*

e se for só aquela rosa?
e se forçar aquela rosa?

*

vejo o sangue
em todas as pessoas

sangue e guerra

relações?

torturar o que não está
nos seus padrões?

torturar com arte
torturas por partes

relações?

*

vejo uma gostosa comendo alface
e pela primeira vez na vida penso do fundo da alma:
foda-se

- foda-se a gostosa, a alface, o amor livre, OSHO, o 910, o Papa e a paz mundial!

com sinceridade de cão
com realismo budista:

f o d a - s e

*

nojo de ser poeta
nojo de ser humano
de viver em guerra
amando ou não amando

rio do amor livre
com o corpo tremendo de frio
sem ter onde me enxugar

*

mas é isso

boa noite e boa sorte

boa páscoa

bom natal

(sorriso)

vou trabalhar vazio
e voltar pra casa vazia
e não falar disso
com a psicoterapeuta capitalista
que mandei pastar

*

(não há nenhum jeito que não seja horrível)

*

que vida fácil a dos canalhas

*

tenho retraído tanto as garras
que já nem sinto as mãos

*

atenção

em breve vão morrer os poucos que restaram, Fabio:
será você e a noite:
ninguém por perto para ouvir seu grito

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