30/06/2022

porma

Não tive filhos. Quatro livros. Quarto livre.

Cada vez menos ligo pro conteúdo de meus poemas. Forma se forma em forma e informa. 

Não fui super-herói. Não sou super-herói. Nem quero mais ser super-herói. Não sou nem legal.

A poesia, porém, sai. Da boca peluda. Não meço o lirismo por moda ou pra ser atual. Não sei nem o que é lirismo. Sei que está frio e escuro. Estou só. Sofrimento ou não sofrimento tanto faz. E se escrevo estou sol

29/06/2022

o que me move

a sombra do desejo
lampejo
impulso
beijo

ela há

basta

ela virá

27/06/2022

sempre

com Hilda Hilst descobri que as estrelas estão sós
enquanto olhamos nossas mãos
(e os aparelhos em nossas mãos)
como mendigos

minha vida é uma espera
num lugar nunca pronto

solidão e obediência
entende?

às vezes são
às vezes tonto
me distraio com videogames da adolescência
no castelo que me prende

o furo da prisão é a janela
abrindo sorriso

o futuro da solidão é ela
a poesia que resiste calada
e na menos previsível madrugada
estrela

09/06/2022

o ovo de salvaDor

processei a alma gêmea:
se ela geme de lá
que eu gema Dali