noite de sonho
café da manhã
o passado te acha
em qualquer cidade ou idade
essa janela sem vista
é o prédio da infância otimista:
bege e destroçado
nenhuma árvore
pra pousar minha esperança
*
Gabriela
a cidade com as curvas dela:
volta
redonda
(a acarinhar minha ternura)
ah, o mundo de sutilezas
que perdemos
pelo hábito
aqui
os garçons sorriem
e nós
dois (anormais)
nos percebemos iguais
sob relógios enormes
minha musa
minha música
um abraço
cala o frio
e deságua o rio de dentro
(fotografo na mente seus detalhes)
um abraço simples
no centro da praça
em frente ao casal de velhinhos
*
vi a fábrica de noite
sua fumaça de Blade Runner
operário gigante no meio da cidade que dorme
ao som de um saxofone imaginário
respirei aço em pó no ar
por dois dias
e me fiz de aço de novo
eu que me desmanchava
um polvo sem asa
(U tem cílio de escritórion)
agora
homem de aço
voando pra casa
Nenhum comentário:
Postar um comentário