12/10/2013

vento ao sol de sábado

na cama
ela se encosta
nas minhas costas

ou anda
enquanto fala no celular com a prima
(ela cala tanto)

acho bonito
o quanto a desconheço
o quanto
desconhecemos tudo e todos
o tempo todo
até nos mesmos

não tenho a ilusão
de um dia
vir a conhecê-la

tudo o que nos parece mais certo é sonho

sinto é esse frescor de tocar as mãos
que faz achar até bom
o deserto onde nos afogávamos

(aprendemos tudo errado a vida toda...)

agradeço ela
no meio da vida
nesse meio-dia

sol a pino, eu mantro:

não procuro nem espanto

não dependo nem esqueço

não comparo nem ignoro


um dia ela vai embora, eu sei
um dia também irei

vou vivendo sem esforço, medo, plano
sem verbos:
letras de um sábado sem pressa

deliciosamente imperfeitos
corpos feitos de preguiça
dormindo nas horas mais estranhas

relaxados, alimentados
quase atingindo
a complexidade
de ser simples
de ser agora
sem deixar nada pra depois
sem querer nada do depois

ela, eu, você, pronomes pessoais
(no caso, todos iguais)

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