na cama
ela se encosta
nas minhas costas
ou anda
enquanto fala no celular com a prima
(ela cala tanto)
acho bonito
o quanto a desconheço
o quanto
desconhecemos tudo e todos
o tempo todo
até nos mesmos
não tenho a ilusão
de um dia
vir a conhecê-la
tudo o que nos parece mais certo é sonho
sinto é esse frescor de tocar as mãos
que faz achar até bom
o deserto onde nos afogávamos
(aprendemos tudo errado a vida toda...)
agradeço ela
no meio da vida
nesse meio-dia
sol a pino, eu mantro:
não procuro nem espanto
não dependo nem esqueço
não comparo nem ignoro
um dia ela vai embora, eu sei
um dia também irei
vou vivendo sem esforço, medo, plano
sem verbos:
letras de um sábado sem pressa
deliciosamente imperfeitos
corpos feitos de preguiça
dormindo nas horas mais estranhas
relaxados, alimentados
quase atingindo
a complexidade
de ser simples
de ser agora
sem deixar nada pra depois
sem querer nada do depois
ela, eu, você, pronomes pessoais
(no caso, todos iguais)
Perfeito! Nosso. <3
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