eu não falo dela porque
as coisas mudam
e as palavras ficam
eu não falo da pele
do cheiro dela
da conversa milagrosa sem interrupções bruscas
eu não falo que ela não gosta de maquiagem
nem da palavra amor
eu não falo o nome dela
e
principalmente
não faço um poema para assustá-la
- Fabio Rocha
- Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.
29/12/2017
28/12/2017
20/12/2017
notol
as pessoas se esbarram
as pessoas se esfolam
as pessoas se amavam
as pessoas se reprovam
as pessoas se esmolam
as pessoas se torram
as pessoas se beijam
as pessoas se cortam
as pessoas se casam
as pessoas se fodem
as pessoas se cansam
as pessoas se morrem
as pessoas se esfolam
as pessoas se amavam
as pessoas se reprovam
as pessoas se esmolam
as pessoas se torram
as pessoas se beijam
as pessoas se cortam
as pessoas se casam
as pessoas se fodem
as pessoas se cansam
as pessoas se morrem
em verdade
primeira reunião com o chefe novo no departamento de marketing. ele quer conhecer a equipe, amigável. pergunta sobre nossa ligação com aquele serviço, das nossas vidas, do que mais gostamos, nossos sonhos, ideias e metas. todos falam coisas bonitas e proativas. eu pensando em como não mentir... como escapar daquela situação estranha... chega a minha vez. relaxo. falo que estou com um probleminha motivacional e filosófico básico: cada vez mais enxergo o marketing como uma mentira. que tenta vender a felicidade em produtos. mas a felicidade genuína é interna. a expressão do chefe e da equipe é impagável. não durei muito no departamento de marketing.
18/12/2017
17/12/2017
oroboros
há uma grande noite
por trás da noite
a cara do outro torta
me mostra sua prática ainda teórica
(e a minha, principalmente a minha)
todo encontro
são dois tatos separados por uma ilusão
sentidos de maneira diferente nos sentidos
toda experiência
é um sonho lindo
dentro de um sonho findo
tudo é construído por causas e condições:
deveríamos construir sorrindo
a construção de tudo
eu mudo:
é do silêncio
que nascem as palavras
por trás da noite
a cara do outro torta
me mostra sua prática ainda teórica
(e a minha, principalmente a minha)
todo encontro
são dois tatos separados por uma ilusão
sentidos de maneira diferente nos sentidos
toda experiência
é um sonho lindo
dentro de um sonho findo
tudo é construído por causas e condições:
deveríamos construir sorrindo
a construção de tudo
eu mudo:
é do silêncio
que nascem as palavras
16/12/2017
sem uma esperança clara de comunhão sob o céu medonho da palavra
os ponteiros no relógio do poeta
giram devagar
o poeta é aquele
esperando a musa que virá
o poeta precisa abrir o peito
e gritar
não entende muito bem para que
para onde
para quem
um poeta é um vazio
abrindo seu vazio
para o vazio
- sem uma esperança clara de comunhão sob o céu medonho da palavra
giram devagar
o poeta é aquele
esperando a musa que virá
o poeta precisa abrir o peito
e gritar
não entende muito bem para que
para onde
para quem
um poeta é um vazio
abrindo seu vazio
para o vazio
- sem uma esperança clara de comunhão sob o céu medonho da palavra
12/12/2017
marina chega
marina chegou nas tulipas de seus contos
antes de chegar
no mesmo dia da primeira palavra
(sem adiar)
gostei de marina
lendo marina
antes de tudo
escritora com pena tatuada no braço
pele macia
perfume de flor
olhar de pássaro
beijo de cor
conversa de doutorado
o sertão virar mar
o mar virar sorriso
(por não estar alerta)
e agora ouvir love songs
na jb fm
me alegra
profundo
a luz do quarto pisca
eu não tento guardar seu perfume em letra
eu não tento prolongar a flor
eu não tento planejar o senão
eu não tento estabilizar a luz
eu não tento nada
tendo o dia se transformado em poesia
eu barbado tenho tudo
no agora condicionado
ouvindo love songs na jb fm
(e
apenas
sorrio)
antes de chegar
no mesmo dia da primeira palavra
(sem adiar)
gostei de marina
lendo marina
antes de tudo
escritora com pena tatuada no braço
pele macia
perfume de flor
olhar de pássaro
beijo de cor
conversa de doutorado
o sertão virar mar
o mar virar sorriso
(por não estar alerta)
e agora ouvir love songs
na jb fm
me alegra
profundo
a luz do quarto pisca
eu não tento guardar seu perfume em letra
eu não tento prolongar a flor
eu não tento planejar o senão
eu não tento estabilizar a luz
eu não tento nada
tendo o dia se transformado em poesia
eu barbado tenho tudo
no agora condicionado
ouvindo love songs na jb fm
(e
apenas
sorrio)
11/12/2017
anti-romântico 108
o coração foi exaustivamente treinado em precisar dela para relaxar
em vez de simplesmente
relaxar
trilho e não trilho o caminho do meio
entre o esforço o soltar e o perder-se
em raros instantes tênues
que logo se vão
sinto
das chamas do silêncio
o coração maior que o mundo
tal qual drummond
em vez de simplesmente
relaxar
trilho e não trilho o caminho do meio
entre o esforço o soltar e o perder-se
em raros instantes tênues
que logo se vão
sinto
das chamas do silêncio
o coração maior que o mundo
tal qual drummond
Poesia temática:
anti-amor romântico,
budismo,
meditação,
melhores poemas,
poesia
09/12/2017
racionalizando (gorro de Noel e camisa do Batman)
a gente sabe que não deveria comer carne
mas come
a gente sabe que não deveria criar confusão
mas cria
a gente sabe que não deveria ter filhos num planeta onde a vida nos oceanos se extinguirá em vinte anos
mas tem
a gente sabe que deveria jogar fora o celular em vez de tocar nele mais de duas mil vezes por dia
mas não joga
a gente sabe que deveria evitar as distrações, o tinder, o game, a night, o netflix
mas não evita
a gente sabe que a resposta é in
mas vive out
a gente sabe que não deveria interromper a meditação para fazer um poema
mas interrompe
e
se derem chance
faremos palestras sobre autocontrole
mas come
a gente sabe que não deveria criar confusão
mas cria
a gente sabe que não deveria ter filhos num planeta onde a vida nos oceanos se extinguirá em vinte anos
mas tem
a gente sabe que deveria jogar fora o celular em vez de tocar nele mais de duas mil vezes por dia
mas não joga
a gente sabe que deveria evitar as distrações, o tinder, o game, a night, o netflix
mas não evita
a gente sabe que a resposta é in
mas vive out
a gente sabe que não deveria interromper a meditação para fazer um poema
mas interrompe
e
se derem chance
faremos palestras sobre autocontrole
Poesia temática:
autocrítica,
budismo,
crítica social,
meditação,
melhores poemas,
poesia,
tinder
02/12/2017
tocar a tríade ao mesmo tempo sem tempo
cantar alto
no centro da noite
até perder a voz
e se achar no silêncio
no centro da noite
até perder a voz
e se achar no silêncio
28/11/2017
pai dai
o tempo dissolve as placas
de inauguração
somos nossos nomes
e conquistas que dissolverão
a verdade e os pombos
calam estátuas de heróis a cavalo
ovo estrelado quente
na noite escura do dia
que se repete
de inauguração
somos nossos nomes
e conquistas que dissolverão
a verdade e os pombos
calam estátuas de heróis a cavalo
ovo estrelado quente
na noite escura do dia
que se repete
27/11/2017
modernos
os casais se esfregam como minhocas
ou vermes
os casais são muitos e têm muito na mente
os casais não se veem
como casais
a pressa é maior que as palavras
as palavras também muitas
os casais com vários nomes
os casais com fome
os casais escondem os celulares
os casais como coisas
em movimento perpétuo
os casais criando vida
ou despedida
se esfregam
se tocam
se trocam
o casais sem casa
na palavra
amor
ou vermes
os casais são muitos e têm muito na mente
os casais não se veem
como casais
a pressa é maior que as palavras
as palavras também muitas
os casais com vários nomes
os casais com fome
os casais escondem os celulares
os casais como coisas
em movimento perpétuo
os casais criando vida
ou despedida
se esfregam
se tocam
se trocam
o casais sem casa
na palavra
amor
Poesia temática:
amor,
celular,
dificuldade de relacionamento,
doença,
eu,
loucura,
melhores poemas,
poemas psi,
poesia
25/11/2017
acima do espelho das águas em que caminhamos
o canto do pássaro
repete algo antigo e doce
aos ouvidos que o criam
a iluminação é uma metáfora
repete algo antigo e doce
aos ouvidos que o criam
a iluminação é uma metáfora
18/11/2017
revolucionária e silenciosa
marina abramovic
é uma das artistas
mais artísticas
que já vi
e porque ainda se inventa
segue linda
quase aos setenta
artista no mundo
como reflexo
do humano frágil
complexo
profundo
é uma das artistas
mais artísticas
que já vi
e porque ainda se inventa
segue linda
quase aos setenta
artista no mundo
como reflexo
do humano frágil
complexo
profundo
17/11/2017
desamparo
é sempre à noite
certa vez dirigindo por maria da graça
estranhei não haver mais casa para voltar
nem parentes, nem piscina, nem cachorros, nem avós
a sensação física da noite
maior que o coração sem pousada
se repetiu num retiro muitos anos depois
mais forte e crua
mas há a lua
certa vez dirigindo por maria da graça
estranhei não haver mais casa para voltar
nem parentes, nem piscina, nem cachorros, nem avós
a sensação física da noite
maior que o coração sem pousada
se repetiu num retiro muitos anos depois
mais forte e crua
mas há a lua
o sonho
a degenerescência se espalha
como o nada da história sem fim
telas nos ocupam os olhos
nos distraímos com passatempos
aí o tempo passa
e morremos
distrações nos distraem das distrações
distrações viram hábitos e vícios normais:
interrompemos o livro para o facebook
interrompemos o facebook para o filme
interrompemos o filme para o tinder
nada basta
nada satisfaz
e cultivamos cansaço
sabemos ser mais
mas os campos de hábitos normais
se ampliam
desertificando o silêncio
como o nada da história sem fim
telas nos ocupam os olhos
nos distraímos com passatempos
aí o tempo passa
e morremos
distrações nos distraem das distrações
distrações viram hábitos e vícios normais:
interrompemos o livro para o facebook
interrompemos o facebook para o filme
interrompemos o filme para o tinder
nada basta
nada satisfaz
e cultivamos cansaço
sabemos ser mais
mas os campos de hábitos normais
se ampliam
desertificando o silêncio
16/11/2017
auto-poema para me lembrar sempre e eternamente o que já sei
viver em retiro
para ajudar todos os outros
não é perda de tempo
viver em retiro
para se afastar de qualquer outro
é
para ajudar todos os outros
não é perda de tempo
viver em retiro
para se afastar de qualquer outro
é
14/11/2017
a sua lua como não-lua nem sua
faltou falar do lugar
naquele silêncio
longe dos pais
sem celular
frio
o lugar a pacificar
que crio
quando silencio
no fundo, os livros vão sair errados
os poemas na internet, trocados
eu não consigo consertar o mundo
(nem deveria querer)
o principal
é o alvo que não há
que continua lá
cheio de lobos
me apontando a lua
o lugar a enfrentar
o rio mais presente
sem frio sem som sem cheiro sem gosto sem brilho
sem água
naquele silêncio
longe dos pais
sem celular
frio
o lugar a pacificar
que crio
quando silencio
no fundo, os livros vão sair errados
os poemas na internet, trocados
eu não consigo consertar o mundo
(nem deveria querer)
o principal
é o alvo que não há
que continua lá
cheio de lobos
me apontando a lua
o lugar a enfrentar
o rio mais presente
sem frio sem som sem cheiro sem gosto sem brilho
sem água
10/11/2017
05/11/2017
e nem
o prazer de encontrar na prova do enem
o pré-socrático anaximandro, kant e sócrates
proporcional ao desprazer de vários poemas
(inclusive de leminski)
mortos
menores
parados
com uma resposta certa:
a b c d ou e
o pré-socrático anaximandro, kant e sócrates
proporcional ao desprazer de vários poemas
(inclusive de leminski)
mortos
menores
parados
com uma resposta certa:
a b c d ou e
03/11/2017
esperando godot
quantos anos esperando godot?
quantas décadas?
quanta dor?
quantos estratagemas
até perceber que não chegarão
nem na beira da perfeição
a mulher a vitória o poema?
quantas décadas?
quanta dor?
quantos estratagemas
até perceber que não chegarão
nem na beira da perfeição
a mulher a vitória o poema?
29/10/2017
flame
cultivo meu cansaço
como bem mais precioso
a pilha de corpos mortos
que chamei de eu
o mar de lágrimas
que chamei de minhas
a chama
enquanto chama
chama
a cura
como bem mais precioso
a pilha de corpos mortos
que chamei de eu
o mar de lágrimas
que chamei de minhas
a chama
enquanto chama
chama
a cura
28/10/2017
terra vista
quase todos os meus sonhos
são mais amplos que o mar
acordo maior que eu
até olhar o celular
algo como perceber a luz
no constante som do ar
baleias de fogo heroínas
arrancam âncoras de mágoa
palavras mágicas
pra voar na água
minha vida
é um navio brilhando dourado
no crepúsculo de letras
todos olham com aplausos
mas ninguém embarca
por completo
são mais amplos que o mar
acordo maior que eu
até olhar o celular
algo como perceber a luz
no constante som do ar
baleias de fogo heroínas
arrancam âncoras de mágoa
palavras mágicas
pra voar na água
minha vida
é um navio brilhando dourado
no crepúsculo de letras
todos olham com aplausos
mas ninguém embarca
por completo
26/10/2017
desci
o homem porco
precisa de muitos portos
por não saber nadar
o homem pouco
quer demais
para desperdiçar
o homem - o louco
aponta a seta para longe
pra se afastar
de si
precisa de muitos portos
por não saber nadar
o homem pouco
quer demais
para desperdiçar
o homem - o louco
aponta a seta para longe
pra se afastar
de si
23/10/2017
vale
enquanto nos distraímos no netflix
no celular
no jogo
no fora
empurramos as rugas pra cara
e apressamos as doenças e a finitude
nos intervalos
alguma música
alguma mulher
alguma impressão de que vale
tomamos pílulas
tecemos teses
morremos
esquecemos e somos esquecidos
e renascemos
e renascemos
no celular
no jogo
no fora
empurramos as rugas pra cara
e apressamos as doenças e a finitude
nos intervalos
alguma música
alguma mulher
alguma impressão de que vale
tomamos pílulas
tecemos teses
morremos
esquecemos e somos esquecidos
e renascemos
e renascemos
10/10/2017
retrato
o beija-flor sobrevive
sem salário nem plano de saúde
há milhares de anos
a globo
segue mostrando a economia melhorando
no "mandato do presidente temer"
a academia de musculação
no intervalo entre músicas
recomenda que conversemos com outros usuários
mas todos temos celulares
as cidades infectam o mundo
e a febre
é o suicídio
sem salário nem plano de saúde
há milhares de anos
a globo
segue mostrando a economia melhorando
no "mandato do presidente temer"
a academia de musculação
no intervalo entre músicas
recomenda que conversemos com outros usuários
mas todos temos celulares
as cidades infectam o mundo
e a febre
é o suicídio
Poesia temática:
autocrítica,
budismo,
crítica social,
meditação,
poesia,
política
09/10/2017
na falta de
a vida sem avidez
se avolumava
até o vórtice
vociferar volúpias de violões
v-i(-o-)l-e-n-t-a-m-e-n-t-e
verguei voar então
porque vivo enfim
o fim, como previsto, o vão
entre a vontade e o chão
mas a voz da visão
ainda me avoluma
e vomito versos
na falta de
se avolumava
até o vórtice
vociferar volúpias de violões
v-i(-o-)l-e-n-t-a-m-e-n-t-e
verguei voar então
porque vivo enfim
o fim, como previsto, o vão
entre a vontade e o chão
mas a voz da visão
ainda me avoluma
e vomito versos
na falta de
brilho da pele
acordo as 4 da manhã
porque no sonho eu acordava e via uma mulher
pairando alva na noite escura
e gritava por meu pai
vou beber água
pura
e adivinho a luz da lua
no chão frio da cozinha
a janela
cedo
confirma a teoria:
ela é a lua
e amar dá medo
porque no sonho eu acordava e via uma mulher
pairando alva na noite escura
e gritava por meu pai
vou beber água
pura
e adivinho a luz da lua
no chão frio da cozinha
a janela
cedo
confirma a teoria:
ela é a lua
e amar dá medo
05/10/2017
pede a ela pra voltar pra mim
a noite tem boca
com gosto de cigarro
a noite tem 15 anos
e bebe breja
porque não pediram identidade
a noite vomita
no tapete do carro
sem maldade
a noite beija outras noites
sem dizer palavra
os pais da noite
nem sabem
a noite é sempre quase
a noite dança
e veio só pra dançar
a noite canta
e veio só pra cantar
a noite cansa
a real poesia
é se cansar da noite
e do dia
com gosto de cigarro
a noite tem 15 anos
e bebe breja
porque não pediram identidade
a noite vomita
no tapete do carro
sem maldade
a noite beija outras noites
sem dizer palavra
os pais da noite
nem sabem
a noite é sempre quase
a noite dança
e veio só pra dançar
a noite canta
e veio só pra cantar
a noite cansa
a real poesia
é se cansar da noite
e do dia
Poesia temática:
budismo,
crítica social,
meditação,
melhores poemas,
poesia
01/10/2017
when amém loves a woman
a última chance de relacionamento duradouro são as mulheres evangélicas. na era de bauman, as mulheres evangélicas querem casar e ter filhos e não se separar. as mulheres evangélicas não fazem joguinhos. as mulheres evangélicas não levam suas filhas de 4 anos para tocar homens pelados em exposições de arte. as mulheres evangélicas ignoram bauman. as mulheres evangélicas se orgulham de seus esposos engordando porque elas cozinham bem. as mulheres evangélicas pensam que não trair é louvar a deus. as mulheres evangélicas comem carne. as mulheres evangélicas confiam em deus. as mulheres evangélicas confiam em seus maridos. as mulheres evangélicas têm orgulho de sua vaidade, de sua maquiagem, de seu perfume, de suas roupas, de sua feminilidade, de sua beleza. as mulheres evangélicas criticam as novelas da globo.
as mulheres evangélicas descomplicam: se querem filhos, pedem filhos a deus. se querem maridos, pedem maridos a deus. se querem dinheiro, pedem dinheiro a deus. se querem coca-cola, pedem coca-cola a deus. se querem milagres, pedem milagres a deus. se dá alguma merda, é o demônio. se algo vai bem, é deus. querer coisas para si não é pecado, deus está aí para atender em sua glória de criador do universo. deus é pai. nietzsche é o diabo. não se fala em outras vidas nem em darwin. mas - nesta vida - é saudável querer emprego, marido e sucesso para si. para a glória de deus. para o eu, filho de deus. zero complicações. orgulho da vitória. músicas lindas sobre o deus onisciente, onipotente e onipresente. rezar pedindo o que for, ler a bíblia e crer no pastor. no tempo que sobra, tentar trazer mais pessoas perdidas para o rebanho e estudar a bíblia. pura descomplicação.
é, não é, mas é uma pena a delusão de meu eu ver mais sentido no budismo, porque o coração dele está em pasárgada com as lindas mulheres evangélicas que não votam em bolsonaro até que a delusão da morte nos separe. a elas dedico este poema que não é poema.
as mulheres evangélicas descomplicam: se querem filhos, pedem filhos a deus. se querem maridos, pedem maridos a deus. se querem dinheiro, pedem dinheiro a deus. se querem coca-cola, pedem coca-cola a deus. se querem milagres, pedem milagres a deus. se dá alguma merda, é o demônio. se algo vai bem, é deus. querer coisas para si não é pecado, deus está aí para atender em sua glória de criador do universo. deus é pai. nietzsche é o diabo. não se fala em outras vidas nem em darwin. mas - nesta vida - é saudável querer emprego, marido e sucesso para si. para a glória de deus. para o eu, filho de deus. zero complicações. orgulho da vitória. músicas lindas sobre o deus onisciente, onipotente e onipresente. rezar pedindo o que for, ler a bíblia e crer no pastor. no tempo que sobra, tentar trazer mais pessoas perdidas para o rebanho e estudar a bíblia. pura descomplicação.
é, não é, mas é uma pena a delusão de meu eu ver mais sentido no budismo, porque o coração dele está em pasárgada com as lindas mulheres evangélicas que não votam em bolsonaro até que a delusão da morte nos separe. a elas dedico este poema que não é poema.
Poesia temática:
anti-religião,
autocrítica,
crítica social,
loucura,
poesia,
política,
prosa,
religião
27/09/2017
do que segue
o canto dos pássaros de manhã
erguem a cada som
um pouco mais
tupã o deus sol
(por estarem celebrando)
a tradicional família brasileira
tem 15 mil anos
e está sendo dizimada
sob o olhar de guaraci
passa um helicóptero
eu deveria comprar um bar de karaokê
penso em estratégias novas pro velho jogo
o canto dos pássaros de manhã
erguem a cada som
um pouco mais
tupã o deus sol
(por estarem celebrando)
erguem a cada som
um pouco mais
tupã o deus sol
(por estarem celebrando)
a tradicional família brasileira
tem 15 mil anos
e está sendo dizimada
sob o olhar de guaraci
passa um helicóptero
eu deveria comprar um bar de karaokê
penso em estratégias novas pro velho jogo
o canto dos pássaros de manhã
erguem a cada som
um pouco mais
tupã o deus sol
(por estarem celebrando)
Poesia temática:
autocrítica,
budismo,
crítica social,
meditação,
melhores poemas,
poesia,
política
25/09/2017
a raiz do probleminha
tenho cortado esperanças automáticas
tão lindas e verdes que dariam canções
lindas e verdes
mas o campo é mais vasto
limpo
sem tempo e sem espaço
sem medo
tão lindas e verdes que dariam canções
lindas e verdes
mas o campo é mais vasto
limpo
sem tempo e sem espaço
sem medo
24/09/2017
21/09/2017
véu (de maya)
a gente sorri quando o pássaro chega
e chora quando vai embora
sem perceber que somos céu
e chora quando vai embora
sem perceber que somos céu
20/09/2017
triglicerídios sem existência intrínseca
os que achavam que sabiam
saíram da capacidade dos fatos
os que achavam que sabiam
se perderam em fotos
comparações e posses
você falou da compaixão transhumana
para os que achavam que sabiam
eles falaram do eu
estudiosos e cientistas
lentamente se aproximaram da comprovação
da inexistência do eu
para que todos
os que achavam que sabiam se convençam
da maneira mais torta
da doçura
saíram da capacidade dos fatos
os que achavam que sabiam
se perderam em fotos
comparações e posses
você falou da compaixão transhumana
para os que achavam que sabiam
eles falaram do eu
estudiosos e cientistas
lentamente se aproximaram da comprovação
da inexistência do eu
para que todos
os que achavam que sabiam se convençam
da maneira mais torta
da doçura
da casa que já trazemos conosco
tudo o que não for
o conforto da água
que já trazemos conosco
é fosco
perda de tempo
o que não for
o silêncio da flor
sem mágoa
o conforto da água
que já trazemos conosco
é fosco
perda de tempo
o que não for
o silêncio da flor
sem mágoa
14/09/2017
estupefato
em sonho
procurei por vida e deus
nas sementes que plantei
encontrei saída
nas flores amarelas em jardins não meus
e cães que acariciei
procurei por vida e deus
nas sementes que plantei
encontrei saída
nas flores amarelas em jardins não meus
e cães que acariciei
Poesia temática:
budismo,
meditação,
melhores poemas,
poesia,
sonhos
10/09/2017
risível
a arte de não construir nada quando tudo é perecível
arde não construir nada quando tudo é perecível
mas é possível
arde não construir nada quando tudo é perecível
mas é possível
02/09/2017
bauman dado
o problema não é o tinder, é buscar fora (temer). triste ver outros budistas usando. tropeçamos na rua olhando a tela do celular. CFA escreveu: "o caminho é in, não out". começamos buscando alguém parecido com a scarlett johansson com um doutorado psi sobre nietzsche e tarkovsky. terminamos achando ok alguém fora dos padrões de beleza que escreve "ata". uma luta cada passo, joguinho de desinteresse obrigatório e mesmo assim o papo não dura: whatsapp, jantar, beijo, sexo, casamento, ter filho... nada segura. nada seguro. se durar, perde a graça, pode ter alguém melhor no tinder. desinstalei.
Poesia temática:
autocrítica,
celular,
crítica social,
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dificuldade de relacionamento,
eu,
frases,
loucura,
poemas psi,
poesia,
prosa,
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01/09/2017
do seguir
os armenos seguem
os índios seguem
todos os maltratados seguem, seguiram e seguirão
sem temer
os índios seguem
todos os maltratados seguem, seguiram e seguirão
sem temer
28/08/2017
26/08/2017
geme, meme
Entraremos para a História como a geração de selfies que deixou Temer acabar com o coletivo.
Poesia temática:
autocrítica,
crítica social,
frases,
poesia,
política,
prosa
sexta-feira: eu já sabia
me arrasto pro cerne da noite vazia
procurar fora o que há dentro
(e eu já sabia)
procurar fora o que há dentro
(e eu já sabia)
24/08/2017
horizontes
A vida é só um sonho mais longo. A aparente solidez da vida se dá pela ilusão de continuidade do sonho. Por isso tentamos estabilizar tudo, por isso tudo mora na beira do quase e seguimos investindo no total que nunca alcançamos. Horizontes. Mas até mesmo o longo sonho da vida acaba. Olhando mais alto, por cima do tempo, além do tempo, além da visão dos olhos, qual investimento vale a pena? Apenas tentar tirar outros seres do sonho. Despertar para despertar outros.
23/08/2017
antes de tudo
(Para Selton Mello)
era difícil chamar pro cinema
tenso tocar a mão no cinema
delicioso beijar a boca no cinema
hoje temos o tinder
duas semanas (no máximo) de conversa
e não vamos ao cinema
(inspirado em O melhor filme da minha vida)
era difícil chamar pro cinema
tenso tocar a mão no cinema
delicioso beijar a boca no cinema
hoje temos o tinder
duas semanas (no máximo) de conversa
e não vamos ao cinema
(inspirado em O melhor filme da minha vida)
Poesia temática:
autocrítica,
cinema,
crítica social,
homenagem,
poesia,
tinder
da preciosidade
A pressa nos faz imprecisos. A pressa nos faz precisar de pessoas novas para novos assuntos.
Poesia temática:
autocrítica,
crítica social,
dificuldade de amar,
dificuldade de relacionamento,
frases,
poemas psi,
poesia,
prosa,
tinder
19/08/2017
dragão adulto
porque perdemos o caminho
de voltar pra casa:
canção em brasa
esperança brilhando olhos:
um dragão fora
(ilusão)
mão atrás de mão
boca atrás de boca
sem solução
posse atrás de posse
apego atrás de apego
tosse de comparação:
- doença e medo
de voltar pra casa:
canção em brasa
esperança brilhando olhos:
um dragão fora
(ilusão)
mão atrás de mão
boca atrás de boca
sem solução
posse atrás de posse
apego atrás de apego
tosse de comparação:
- doença e medo
13/08/2017
com sigo
não bebo nem fumo
mas ainda perco
muito tempo
no que brilha
me brilho
e me arrebento
mas sigo:
busco a musa
e o poema
que invento
mas ainda perco
muito tempo
no que brilha
me brilho
e me arrebento
mas sigo:
busco a musa
e o poema
que invento
11/08/2017
mensagem de otimismo na sexta-feira
o problema das coisas do mundo
é que estão quase dando certo
muito perto mesmo
mas quando dão
ou acabam
ou perdem a graça
é que estão quase dando certo
muito perto mesmo
mas quando dão
ou acabam
ou perdem a graça
06/08/2017
porque eu agora acredito na importância do limite
vim escrever um poema sobre o poema
que não devo escrever
evitará sofrimento eu não falar
de como cada toque mínimo
cada olhar
me explode em querer e bem querer
quando se abre seu sorriso de lua
ouço os fogos de artifício do universo
cato meus cacos
fendo em silêncio
(tudo para não ser
no entanto sendo)
sublimo em canto
o não-dito
ainda maior que o sonho
componho
a música mais perfeita
que nunca tocará
que não devo escrever
evitará sofrimento eu não falar
de como cada toque mínimo
cada olhar
me explode em querer e bem querer
quando se abre seu sorriso de lua
ouço os fogos de artifício do universo
cato meus cacos
fendo em silêncio
(tudo para não ser
no entanto sendo)
sublimo em canto
o não-dito
ainda maior que o sonho
componho
a música mais perfeita
que nunca tocará
04/08/2017
rotina
no crucifixo de minhas imperfeições
aos borbotões
reinvento borboletas
e vento céus
(pessoas passam eu acertando ou errando)
escafandrista de apartamento
transmuto tormento tenso
em véus de poesia
nos intervalos entre o canto
e a prática do silêncio
caminhamos
aos borbotões
reinvento borboletas
e vento céus
(pessoas passam eu acertando ou errando)
escafandrista de apartamento
transmuto tormento tenso
em véus de poesia
nos intervalos entre o canto
e a prática do silêncio
caminhamos
30/07/2017
os transhumanistas e os passatempos
os transhumanistas tentam prolongar a vida humana
com a ajuda de máquinas
hoje já vivemos ansiosos nos celulares
perdidos nos trabalhos digitando sem sentido
deprimidos nos videogames
distraídos nas distrações eletrônicas
compensando nas compensações
bebendo nos eletrônicos bares
os transhumanistas tentam prolongar a vida humana
com a ajuda de máquinas
- espero estar morto antes disso
com a ajuda de máquinas
hoje já vivemos ansiosos nos celulares
perdidos nos trabalhos digitando sem sentido
deprimidos nos videogames
distraídos nas distrações eletrônicas
compensando nas compensações
bebendo nos eletrônicos bares
os transhumanistas tentam prolongar a vida humana
com a ajuda de máquinas
- espero estar morto antes disso
28/07/2017
pausa entre as que chegam e vão
dirijo um trem descarrilhado
entre silêncios de castelos idos
cuidado com o vão
entre a aparência e a delusão:
a placa aplaca o coração
silêncios vastos
silêncios
pastos entre a esperança e o medo
(que ainda me movem demais)
sento parado
com a mente mais alta
cantando céus
vejo filmes românticos pobres
com histórias possíveis
em séculos passados positivos
desistir:
verbo imperativo
entre silêncios de castelos idos
cuidado com o vão
entre a aparência e a delusão:
a placa aplaca o coração
silêncios vastos
silêncios
pastos entre a esperança e o medo
(que ainda me movem demais)
sento parado
com a mente mais alta
cantando céus
vejo filmes românticos pobres
com histórias possíveis
em séculos passados positivos
desistir:
verbo imperativo
Poesia temática:
amor,
budismo,
dificuldade de amar,
dificuldade de relacionamento,
eu,
loucura,
melhores poemas,
poemas psi,
poesia
25/07/2017
vida no mundo
você empurra a pedra
pro alto do morro
e ela cai
toda vez
entra num grupo de apoio
aos empurradores de pedra
decepcionados
mas
você empurra a pedra
pro alto do morro
e ela cai
tem depressão
tem cefaleia
tem gastrite
toma remédio
porém
você empurra a pedra
pro alto do morro
e ela cai
então descobre que é mais feliz
sem entrar no jogo
dos empurradores de pedra
pro alto do morro
e ela cai
toda vez
entra num grupo de apoio
aos empurradores de pedra
decepcionados
mas
você empurra a pedra
pro alto do morro
e ela cai
tem depressão
tem cefaleia
tem gastrite
toma remédio
porém
você empurra a pedra
pro alto do morro
e ela cai
então descobre que é mais feliz
sem entrar no jogo
dos empurradores de pedra
24/07/2017
os cinco diani budas como elementos
começa pela água
que se molda ao receptáculo onde relaxa
entende o outro
a forma do outro
se forma como outro
para poder livrá-lo de ser outro
depois a firmeza da terra
a certeza sólida em cada passo de que
o ouro do outro brilha apesar de tudo
e nos alegra e nos move e nos energiza
junto
então o fogo
nos purifica e transforma
mostrando racionalmente e além da razão
que há um jeito de sair do sofrimento
e nos motiva a seguir o caminho
e o ar
expande
sem pestanejar
corta feito espada
o que deve ser cortado
finalmente o brilho
do silêncio
além do último e do primeiro
atento
e além do tempo
que se molda ao receptáculo onde relaxa
entende o outro
a forma do outro
se forma como outro
para poder livrá-lo de ser outro
depois a firmeza da terra
a certeza sólida em cada passo de que
o ouro do outro brilha apesar de tudo
e nos alegra e nos move e nos energiza
junto
então o fogo
nos purifica e transforma
mostrando racionalmente e além da razão
que há um jeito de sair do sofrimento
e nos motiva a seguir o caminho
e o ar
expande
sem pestanejar
corta feito espada
o que deve ser cortado
finalmente o brilho
do silêncio
além do último e do primeiro
atento
e além do tempo
mudança
eu vou pra viamão quando eu casar para meditar melhor
eu não preciso ir para viamão para meditar melhor
eu não preciso casar para meditar melhor
eu não preciso casar para ir para viamão
eu não preciso meditar melhor
eu não preciso meditar
eu?
eu não preciso ir para viamão para meditar melhor
eu não preciso casar para meditar melhor
eu não preciso casar para ir para viamão
eu não preciso meditar melhor
eu não preciso meditar
eu?
22/07/2017
a verdade vos libertará
quase todo imbecil
tem o nome de deus
na boca
constante feito chiclete
mascando e julgando
cospe certezas
tem o nome de deus
na boca
constante feito chiclete
mascando e julgando
cospe certezas
poetrix que nasceu pronto enquanto eu lia um gibi noir num sonho
quando eles perderem
o amor
problematizarão a existência
o amor
problematizarão a existência
21/07/2017
dourado (eleva_dores)
abro a janela pro sol
crepusculargo crescente
em si
bemol
a foice sobre o prédio de afoitos
uns sobre os oitros
duas vezes oito andares
ansiosos andares
de tigres em jaulas
presos em suas liberdades
crepusculargo crescente
em si
bemol
a foice sobre o prédio de afoitos
uns sobre os oitros
duas vezes oito andares
ansiosos andares
de tigres em jaulas
presos em suas liberdades
17/07/2017
the humbling
repetimos
desde antes de shakespeare
as mesmas tentativas fadadas ao fracasso:
vitória
fama
elogio
prazer
(que passam)
do aço das espadas
ao aço dos aviões
a semelhança é o final do lápis
quando o tempo alisa o último ar:
a lápide
desde antes de shakespeare
as mesmas tentativas fadadas ao fracasso:
vitória
fama
elogio
prazer
(que passam)
do aço das espadas
ao aço dos aviões
a semelhança é o final do lápis
quando o tempo alisa o último ar:
a lápide
tríplice
o amor como reconhecimento
não como esforço
ou elemento
notar sedento e frio
a perenidade do rio
o trajeto do amor por ela não como salvação
ou chegada
mas como complemento
do amor sem objeto
(jornada)
não como esforço
ou elemento
notar sedento e frio
a perenidade do rio
o trajeto do amor por ela não como salvação
ou chegada
mas como complemento
do amor sem objeto
(jornada)
15/07/2017
tempo aión (sem ponteiros)
estar em paz
no tempo do centro do planeta
tempo de cura e aceitação
além da lenda de relógios
no tempo do centro do planeta
tempo de cura e aceitação
além da lenda de relógios
13/07/2017
soltar, desistir, abandonar, relaxar (o amor na aorta)
enquanto procuramos a chave
não abrimos a porta
destrancada
não abrimos a porta
destrancada
11/07/2017
oi sumidx
Uma coisa legal dos tempos de degenerescência é que te obriga a curtir o momento presente graças a quase total impossibilidade de planejar ou combinar algo futuro.
10/07/2017
no mundo da lua
talvez haja plutônio em plutão
água nos anéis de andrômeda
mas não há presença se você olha o celular
água nos anéis de andrômeda
mas não há presença se você olha o celular
09/07/2017
ad infinitum
na tentativa vã
de reaprender a ter olhos
que se encantem com o mundo
acabam nascendo poemas mudos
achamos que nascemos
e levamos a vida toda aprendendo
a andar a ler a trabalhar a se encaixar e a morrer
para depois repetir todo o processo
ad infinitum
mas a janela pra fora da prisão
não está no beijo na cerveja na tv:
a saída mora desde sempre
em você
de reaprender a ter olhos
que se encantem com o mundo
acabam nascendo poemas mudos
achamos que nascemos
e levamos a vida toda aprendendo
a andar a ler a trabalhar a se encaixar e a morrer
para depois repetir todo o processo
ad infinitum
mas a janela pra fora da prisão
não está no beijo na cerveja na tv:
a saída mora desde sempre
em você
07/07/2017
bastantes
(para renato russo)
queremos tantos atalhos
que não sabemos mais
pra onde ir
e o sol dá muito trabalho:
o frio é bom
pra dormir
se o sonho é muito distante
comece logo a ponte
por todo o horizonte
muros e medos
bastantes
queremos tantos atalhos
que não sabemos mais
pra onde ir
e o sol dá muito trabalho:
o frio é bom
pra dormir
se o sonho é muito distante
comece logo a ponte
por todo o horizonte
muros e medos
bastantes
não há precauções contra o dilúvio
(para julia bicalho mendes)
todo uivo
mede o medo
da alcateia
a alcateia é uma palavra engasgada
entre o alicate e a mandíbula
todos os lobos não cabem
na palavra alcateia
(palavra de aço)
não sei pra que temos tanta pele
e tão pouco abraço
todas as dores
todas as cores
não sabem do nosso tempo
eu ia fazer um poema longo
mas ando sem tempo
e muito longe
todo uivo
mede o medo
da alcateia
a alcateia é uma palavra engasgada
entre o alicate e a mandíbula
todos os lobos não cabem
na palavra alcateia
(palavra de aço)
não sei pra que temos tanta pele
e tão pouco abraço
todas as dores
todas as cores
não sabem do nosso tempo
eu ia fazer um poema longo
mas ando sem tempo
e muito longe
bukowskiano 45
poetas são magnetos
de musas perfeitas
até as primeiras rimas
depois vão embora
procurar o tédio em engenheiros
procurar assédio na noite na cerveja
procurar qualquer coisa que seja
longe
de musas perfeitas
até as primeiras rimas
depois vão embora
procurar o tédio em engenheiros
procurar assédio na noite na cerveja
procurar qualquer coisa que seja
longe
eu canto
eu canto porque o palco insiste
em deixar a vida estar completa
por instantes de muitas vozes
não sou nada
não posso querer ser nada
nem poeta
em deixar a vida estar completa
por instantes de muitas vozes
não sou nada
não posso querer ser nada
nem poeta
06/07/2017
sarreufa club
eu acredito na geração que canta
junto alto abraçada sorrindo
se beijando sem censura ou fim
eu acredito na união que canta sem júri
músicas velhas ou novas
músicas boas ou ruins
era de aquarius
com ou sem gás
eu acredito na juventude
que resiste no caos
sem emprego sem país sem futuro sem amor romântico
e segue reinventando a terra
em água
junto alto abraçada sorrindo
se beijando sem censura ou fim
eu acredito na união que canta sem júri
músicas velhas ou novas
músicas boas ou ruins
era de aquarius
com ou sem gás
eu acredito na juventude
que resiste no caos
sem emprego sem país sem futuro sem amor romântico
e segue reinventando a terra
em água
04/07/2017
modus operandi 4.1 (antiplanos de antimetas)
eu não conto mais meus amores
eu não canto mais meus amores
chega de desencanto
chega de desencontro
planto um amor maior
admirando calado a paisagem delas
melhorando o mundo
eu não canto mais meus amores
chega de desencanto
chega de desencontro
planto um amor maior
admirando calado a paisagem delas
melhorando o mundo
Poesia temática:
amor,
amor romântico,
anti-amor romântico,
budismo,
eu,
meditação,
poesia
03/07/2017
fundo conserva_dor
a geração anterior
além de ter quase destruído o mundo
quer que mantenhamos a tradição
além de ter quase destruído o mundo
quer que mantenhamos a tradição
quadrinha sem quadrilha
quando eu desisti do amor
preso à minha forma de (a)mar
o silêncio da cor da flor
não precisei mais procurar
preso à minha forma de (a)mar
o silêncio da cor da flor
não precisei mais procurar
01/07/2017
que essas gaivotas possam voltar em vidas humanas preciosas
temos ajuda
mas em essência
nascemos sozinhos
morremos sozinhos
e nos iluminamos sozinhos
numa realidade ainda mais real
nunca nascemos
nunca morremos
estivemos sempre iluminados
e nunca sozinhos
olho as nuvens
e as gaivotas
no mar da janela
a mente dança conceitos
observações
poemas
dizeres
dores
afazeres
amores
mas o observador segue sem dançar
aí está:
observar o observador
com estabilidade e paciência
além de dentro e fora
além de tempo e espaço
além de existência e inexistência
mas em essência
nascemos sozinhos
morremos sozinhos
e nos iluminamos sozinhos
numa realidade ainda mais real
nunca nascemos
nunca morremos
estivemos sempre iluminados
e nunca sozinhos
olho as nuvens
e as gaivotas
no mar da janela
a mente dança conceitos
observações
poemas
dizeres
dores
afazeres
amores
mas o observador segue sem dançar
aí está:
observar o observador
com estabilidade e paciência
além de dentro e fora
além de tempo e espaço
além de existência e inexistência
Poesia temática:
budismo,
dzogchen,
meditação,
melhores poemas,
poesia,
prajnaparamita
30/06/2017
Tá quase explodindo...
A paixão (e o casamento, acoplado) segundo a ciência durava 5 anos, no máximo. Depois, passou pra 3 anos. Agora, vários especialistas de diversas áreas já falam de 2 anos. Contagem regressiva. Em breve, ignição: lançarão o foguete da paixão pra lua. Feliz ano novo!
ensaio para um poema erótico furando a greve dentre outras coisas
vim fazer um poema
pra me fazer
dormir
o sorriso quase imperceptível
dos olhos dela me lendo
melando a lua de sua roupa
não está no tinder
nem no céu
nem no inferno
sete passos automáticos:
a boca minha se perde em seu alvo
sabendo que sabe beijar
completo e paciente filme
até o feminino
gemer the end
dedos a sete palmos
prosa
nos levaria aos planos da cama
mas
muitos silêncios e espaços
nos levariam a nós
pra me fazer
dormir
o sorriso quase imperceptível
dos olhos dela me lendo
melando a lua de sua roupa
não está no tinder
nem no céu
nem no inferno
sete passos automáticos:
a boca minha se perde em seu alvo
sabendo que sabe beijar
completo e paciente filme
até o feminino
gemer the end
dedos a sete palmos
prosa
nos levaria aos planos da cama
mas
muitos silêncios e espaços
nos levariam a nós
27/06/2017
re_moinho
quando a água invade
minhas teorias
meu silêncio
toda ideia de ordem parece antiga
a falta de paz não castiga
os móveis flutuam
os cães mordem os móveis
todos abraçados
(pela água)
(pela cor)
quentes
inexatos
felizes
todos dançam
danificando a solidez
que nunca houve
tudo se molha
e a água invade
quando ela
me olha
minhas teorias
meu silêncio
toda ideia de ordem parece antiga
a falta de paz não castiga
os móveis flutuam
os cães mordem os móveis
todos abraçados
(pela água)
(pela cor)
quentes
inexatos
felizes
todos dançam
danificando a solidez
que nunca houve
tudo se molha
e a água invade
quando ela
me olha
repoética
campo bonito
é o de flores feias
com poucas cores
nascem entre o gado
e a areia
(entre dores)
morrem sem perfume nem espinho
se movem se há vento
bebem se há moinho
é o de flores feias
com poucas cores
nascem entre o gado
e a areia
(entre dores)
morrem sem perfume nem espinho
se movem se há vento
bebem se há moinho
:)
geminiano sempre fala demais
escreve demais
um minuto a mais de silêncio
e tava tudo em paz
mas...
escreve demais
um minuto a mais de silêncio
e tava tudo em paz
mas...
26/06/2017
para a delusão de carol rosim
não sou romântico:
estou romântico
até
porque
a menininha ruiva
a menininha ruiva
a menininha ruiva
a menininha rui,
charlie brown
estou romântico
até
porque
a menininha ruiva
a menininha ruiva
a menininha ruiva
a menininha rui,
charlie brown
encanto
meus encontros
me sorriem a face
até desmarcarem-se
na véspera
penso seriamente uma forma de sorrir
como se tivesse um encontro
não desmarcável
sempre no dia seguinte
constante e incondicionado:
riso inventado
porque os encontros reais
os encontros mesmo
são não sãos
são contos imperfeitos
(dariam bons livros)
feridos se ferindo
fugindo mais frágeis que antes
piores que antes
os encontros são castelos de cartas
cada vez mais altos
(mãos cada vez mais trêmulas)
- porque não me encontro
me sorriem a face
até desmarcarem-se
na véspera
penso seriamente uma forma de sorrir
como se tivesse um encontro
não desmarcável
sempre no dia seguinte
constante e incondicionado:
riso inventado
porque os encontros reais
os encontros mesmo
são não sãos
são contos imperfeitos
(dariam bons livros)
feridos se ferindo
fugindo mais frágeis que antes
piores que antes
os encontros são castelos de cartas
cada vez mais altos
(mãos cada vez mais trêmulas)
- porque não me encontro
25/06/2017
as pessoas
as pessoas são inalcançáveis
as confusões se tocam
tentam se adaptar
e mudam
as pessoas são impossíveis
as confusões se tocam
tentam se adaptar
e mudam
as pessoas são impossíveis
22/06/2017
bem-te-vi
quando canto eu trovejo
gargarejo montanhas
quando canto
não sou eu
sou a legião que canta
a legião que canto
mas quando me encanto
olho com olhos de fome
e acredito na fome
(polissílaba poliamorosa)
mas tudo bem
pouco a pouco
sigo mais rouco
e um pouco menos louco:
- está tudo aqui
gargarejo montanhas
quando canto
não sou eu
sou a legião que canta
a legião que canto
mas quando me encanto
olho com olhos de fome
e acredito na fome
(polissílaba poliamorosa)
mas tudo bem
pouco a pouco
sigo mais rouco
e um pouco menos louco:
- está tudo aqui
20/06/2017
Crítica: Garotas - O Filme
Como um filme tão ruim (completamente ruim, totalmente ruim) como "Garotas - O Filme" teve críticas tão pacientes?
Não é nem comédia nem drama, mostra garotas riquinhas, alienadas, superficiais e novinhas o tempo todo quase nuas e se pegando. E é isso. The End. Eis a grande atração do filme, como nas antigas "pornochanchadas", só que com atrizes mais novas. O "dilema" de uma delas querendo mudar de vida não dura nem 5 minutos. A briga parece piada de tão mal feita e também não dura nem 5 minutos.
Elas passam o filme fazendo ou falando de sexo de forma banalizada, bebendo demais, se drogando, "curtindo"... E tem crítica falando como se isso fosse algo feminista ou uma louvável "atitude rock and roll"...
Por mais que isso seja mesmo o retrato da "night carioca" e dessa geração "sem pais que consigam dar limites", um filme inteiro só mostrando isso é um saco. Tipo aturar bêbado. E o pior é que fora do submundo das 3 personagens principais, o filme é ainda menos interessante, com atuações e roteiro ainda mais lastimáveis.
É um filme quase do mesmo nível de "O Último Virgem" (que consegue ser ainda menos interessante). E muito pior que "A frente fria que a chuva traz", com ótimas atuações, direção e roteiro. A impressão que dá é que tentou seguir o mesmo caminho, de retratar o caos de uma juventude drogada, superficial e rica, mas se perdeu na tentativa.
Não é nem comédia nem drama, mostra garotas riquinhas, alienadas, superficiais e novinhas o tempo todo quase nuas e se pegando. E é isso. The End. Eis a grande atração do filme, como nas antigas "pornochanchadas", só que com atrizes mais novas. O "dilema" de uma delas querendo mudar de vida não dura nem 5 minutos. A briga parece piada de tão mal feita e também não dura nem 5 minutos.
Elas passam o filme fazendo ou falando de sexo de forma banalizada, bebendo demais, se drogando, "curtindo"... E tem crítica falando como se isso fosse algo feminista ou uma louvável "atitude rock and roll"...
Por mais que isso seja mesmo o retrato da "night carioca" e dessa geração "sem pais que consigam dar limites", um filme inteiro só mostrando isso é um saco. Tipo aturar bêbado. E o pior é que fora do submundo das 3 personagens principais, o filme é ainda menos interessante, com atuações e roteiro ainda mais lastimáveis.
É um filme quase do mesmo nível de "O Último Virgem" (que consegue ser ainda menos interessante). E muito pior que "A frente fria que a chuva traz", com ótimas atuações, direção e roteiro. A impressão que dá é que tentou seguir o mesmo caminho, de retratar o caos de uma juventude drogada, superficial e rica, mas se perdeu na tentativa.
o chão da cidade
(Para Lama Padma Samten)
o chão de onde brota a vida
está muito fundo na cidade
para brotarem flores
esquecido
soterrado por cimento
o povo passa e cospe chiclete e câncer
no chão da cidade
sem segredo nem sagrado
economia e pressa e breu:
(eu eu eu)
a vida segue mais violenta
pois o chão da cidade
nos separa de nós mesmos
(inspiração)
o chão de onde brota a vida
está muito fundo na cidade
para brotarem flores
esquecido
soterrado por cimento
o povo passa e cospe chiclete e câncer
no chão da cidade
sem segredo nem sagrado
economia e pressa e breu:
(eu eu eu)
a vida segue mais violenta
pois o chão da cidade
nos separa de nós mesmos
(inspiração)
19/06/2017
desfazendo amor nos tempos da luz líquida e rasa
nunca vi tantas fotos sorrindo
e tantas pessoas deprimidas
tantas mensagens de paz
e tanta gente ansiosa
(num mundo em guerra)
me calo perante um labirinto de musas
um passo atrás no vazio
da noite
o escuro apressa
minha pressa
e minhas presas alvas
buscam a próxima presa
faço porque passo
minha dor procura
a próxima poesia
não como arte, compaixão ou ternura
mas como cura
como fazer
assim não paro
não paramos
e fugimos da dor maior
do sozinho absoluto
fazendo longe das fazendas
variam as distrações
mas é cada vez mais raro
Fazermos
é tempo de desencontro
onde todos querem algo
que não Fazem
ninguém mais consegue Fazer
nem por vontade nem por distração
porque temos
um celular na mão
e tantas pessoas deprimidas
tantas mensagens de paz
e tanta gente ansiosa
(num mundo em guerra)
me calo perante um labirinto de musas
um passo atrás no vazio
da noite
o escuro apressa
minha pressa
e minhas presas alvas
buscam a próxima presa
faço porque passo
minha dor procura
a próxima poesia
não como arte, compaixão ou ternura
mas como cura
como fazer
assim não paro
não paramos
e fugimos da dor maior
do sozinho absoluto
fazendo longe das fazendas
variam as distrações
mas é cada vez mais raro
Fazermos
é tempo de desencontro
onde todos querem algo
que não Fazem
ninguém mais consegue Fazer
nem por vontade nem por distração
porque temos
um celular na mão
Poesia temática:
autocrítica,
budismo,
crítica social,
meditação,
melhores poemas,
poesia,
top10,
top20,
top30,
top50
16/06/2017
encontro marcado
quando tenho um encontro marcado
o éter brilha o olho
o ar acalma lentamente os pulmões
o fogo aquece e cura cada célula
a água desce pelo corpo soltando cada tensão
a terra está estável, a sala está estável, eu pareço uma montanha
o espaço se mostra muito amplo, maior que o encontro marcado
quando tenho um encontro marcado
desejo que todas as pessoas
tenham um encontro marcado
quando tenho um encontro marcado
mesmo sabendo da delusão do eu e do encontro
consigo ver a luminosidade e a vacuidade
do eu, do encontro e de tudo com mais cor
(e o corcunda da esquina um pouco menos corcunda)
o éter brilha o olho
o ar acalma lentamente os pulmões
o fogo aquece e cura cada célula
a água desce pelo corpo soltando cada tensão
a terra está estável, a sala está estável, eu pareço uma montanha
o espaço se mostra muito amplo, maior que o encontro marcado
quando tenho um encontro marcado
desejo que todas as pessoas
tenham um encontro marcado
quando tenho um encontro marcado
mesmo sabendo da delusão do eu e do encontro
consigo ver a luminosidade e a vacuidade
do eu, do encontro e de tudo com mais cor
(e o corcunda da esquina um pouco menos corcunda)
15/06/2017
tour no quente
a vítima prende o vampiro
no hábito da boca
(voracidade de virgem)
um filete que forma
a coleira invertida
vermelha
a vítima voraz
cultiva vampiros
no hábito da boca
(voracidade de virgem)
um filete que forma
a coleira invertida
vermelha
a vítima voraz
cultiva vampiros
infec-são
caninos
nada femininos
ando cansado de não estar pronto
ando cansado de ficar puto
ando farto de não ter compaixão
com as poetas que lentamente me matam
porque deito
porque deixo
as musas românticas são cáries
que não tratadas
doerão mais depois
extração:
estar são
em qualquer estação
(star, star, por que céu da boca andará star...)
dor quebrar hábitos brancos de poesia
sem anestesia
o caminho
a certa altura
dói mais que o samsara
boi boi boi
nada femininos
ando cansado de não estar pronto
ando cansado de ficar puto
ando farto de não ter compaixão
com as poetas que lentamente me matam
porque deito
porque deixo
as musas românticas são cáries
que não tratadas
doerão mais depois
extração:
estar são
em qualquer estação
(star, star, por que céu da boca andará star...)
dor quebrar hábitos brancos de poesia
sem anestesia
o caminho
a certa altura
dói mais que o samsara
boi boi boi
mulheres
não sei bem em que rinite
perdi a capacidade masculina mais importante:
quanto mais vontade
mais não ligar no dia seguinte
você lê um blog inteiro correndo
feito um idiota
e a pessoa nem nota
que seu nome não tem acento
eu quero cortar todos os cantos sagrados
da minha estupidez cumprida
deixar o hábito ensanguentado exposto
para o gosto das curtidas de desconhecidas
perdi a capacidade masculina mais importante:
quanto mais vontade
mais não ligar no dia seguinte
você lê um blog inteiro correndo
feito um idiota
e a pessoa nem nota
que seu nome não tem acento
eu quero cortar todos os cantos sagrados
da minha estupidez cumprida
deixar o hábito ensanguentado exposto
para o gosto das curtidas de desconhecidas
nosso tempo
é isso mesmo, ancião:
cristãos tatuando o nome de cristo
na testa do ladrão
pessoas reclamando de joguinhos e solidão
e fazendo muito pior
com quem aparece disposto a tentar em vão
(com tinder ou não)
e nós que tratemos de olhar
pras nossas próprias falhas
e pra poesia das árvores
(em suas próprias folhas)
as árvores não somos:
nós não atamos
mais
nós não amamos
mas
as árvores fazem sentido
cristãos tatuando o nome de cristo
na testa do ladrão
pessoas reclamando de joguinhos e solidão
e fazendo muito pior
com quem aparece disposto a tentar em vão
(com tinder ou não)
e nós que tratemos de olhar
pras nossas próprias falhas
e pra poesia das árvores
(em suas próprias folhas)
as árvores não somos:
nós não atamos
mais
nós não amamos
mas
as árvores fazem sentido
14/06/2017
talvez (peterson)
levo isto no peito:
acariciar com letras
mulheres eleitas
estrear musas
estreladas
confusas ou não
são várias
mas uma por vez
e todas imaginárias
um parafuso a menos?
musas demais?
pior é nos jornais...
acariciar com letras
mulheres eleitas
estrear musas
estreladas
confusas ou não
são várias
mas uma por vez
e todas imaginárias
um parafuso a menos?
musas demais?
pior é nos jornais...
ruiva G
ela nunca chega na hora
mas sempre sai cedo demais
(e guardo nossos banhos para sempre)
a gente colado é bom
no ápice
e no sono posterior
ela fala pouco e baixo
tem uma timidez
meio tristeza
meio cansaço
profundo e leve
cada passo
meu
leva ela junto
mas sempre sai cedo demais
(e guardo nossos banhos para sempre)
a gente colado é bom
no ápice
e no sono posterior
ela fala pouco e baixo
tem uma timidez
meio tristeza
meio cansaço
profundo e leve
cada passo
meu
leva ela junto
o poema de carol
o poema de carol
quer repetir infinitas vezes
o nome de carol
fonemas vermelhos (sem pare)
prolongando crepúsculos a dois
até a ponta destes cabelos
até que a sorte nos separe
coros de gemidos
comigo perdido entre o fogo do seu pelo
o branco nu da pele
e a suavidade dos seios
o poema de carol
quer afirmar carol, reter carol, parar carol
no meu tempo
no meu fascínio
no meu desejo vivo iluminando além das palavras
quer parar tudo
dentro daqueles braços leves de escultura
e findar todo o mundo em mármore
(na paz do teu corpo fino)
o poema de carol não tem jeito:
está preso como o piercing
perto da boca de fruta
dentro do sonho do nariz perfeito
o poema de carol
tem que falar das orelhas pequeninas
das mãos de menina
da voz de aconchego
do beijo doce
carol é palavra que queima
sem se ver
ferida que acelera o peito
para dentro da noite
(e por todo o dia se sente)
quer repetir infinitas vezes
o nome de carol
fonemas vermelhos (sem pare)
prolongando crepúsculos a dois
até a ponta destes cabelos
até que a sorte nos separe
coros de gemidos
comigo perdido entre o fogo do seu pelo
o branco nu da pele
e a suavidade dos seios
o poema de carol
quer afirmar carol, reter carol, parar carol
no meu tempo
no meu fascínio
no meu desejo vivo iluminando além das palavras
quer parar tudo
dentro daqueles braços leves de escultura
e findar todo o mundo em mármore
(na paz do teu corpo fino)
o poema de carol não tem jeito:
está preso como o piercing
perto da boca de fruta
dentro do sonho do nariz perfeito
o poema de carol
tem que falar das orelhas pequeninas
das mãos de menina
da voz de aconchego
do beijo doce
carol é palavra que queima
sem se ver
ferida que acelera o peito
para dentro da noite
(e por todo o dia se sente)
poema imaginário para Mariana Manelli
o melhor perfume
é o cheiro natural da bela musa
misturado ao do sabonete
na proporção exata do lume
em quer as cores dela
sem impregnam no que vejo
(com beijo ou sem beijo)
é o cheiro natural da bela musa
misturado ao do sabonete
na proporção exata do lume
em quer as cores dela
sem impregnam no que vejo
(com beijo ou sem beijo)
relação (ou mais um poema que não trata de fósforos)
ainda não tenho a visão
para ultrapassar a reciprocidade
pela esquerda
depois da curva
mas a vontade
mas a velocidade
o vento na cara
o ronco do motor
o final da curva...
em geral
dá nisso:
acidente
para ultrapassar a reciprocidade
pela esquerda
depois da curva
mas a vontade
mas a velocidade
o vento na cara
o ronco do motor
o final da curva...
em geral
dá nisso:
acidente
abundância (ultrapasse a reciprocidade pela esquerda)
corpos de penas
corpos de asfalto
pedaços de corpos celestes
falta de ar
por causa de outro corpo
outro rosto
outro olhar
eterna
falta de visão
causada pela falta de silenciar
causada pela divisão
do que sempre esteve, está e estará
inteiro
corpos de asfalto
pedaços de corpos celestes
falta de ar
por causa de outro corpo
outro rosto
outro olhar
eterna
falta de visão
causada pela falta de silenciar
causada pela divisão
do que sempre esteve, está e estará
inteiro
13/06/2017
Para Camila Santos
quando parece que tá tudo certinho
organizadinho
perfeito
eu ou a vida ou ambos jogamos a porra toda no chão
escrevo com ou sem dentes
com ou sem motivo
com ou sem musa
com ou sem maiúsculas
com ou sem mão
o mundo insiste em produzir poetas
o caminho, pedras
o vento, alimento para as letras
prazer
sofrimento
seguimos
(no mesmo lugar)
organizadinho
perfeito
eu ou a vida ou ambos jogamos a porra toda no chão
escrevo com ou sem dentes
com ou sem motivo
com ou sem musa
com ou sem maiúsculas
com ou sem mão
o mundo insiste em produzir poetas
o caminho, pedras
o vento, alimento para as letras
prazer
sofrimento
seguimos
(no mesmo lugar)
menos siso
no espaço estacionário para onde volto
uma teimosia chamo de eu
(sem chama)
a chama é além disso
surpreender purificar
agir duas vezes antes de pensar
mas na direção certa
correr pra fora do buraco
o mesmo buraco do hábito
o mesmo buraco onde caíram todos os antepassados
e cobrimos de terra
o buraco da música do wando
de pessoas velhas se guiando errado
conversando errado
repetindo errado
no planeta cariado
(e bebendo pra esquecer)
o fumo que firmam no trago
(fumo do emprego fixo)
(fumo da paixão como salvação)
eu solto no traço
em sumo
(e sumo)
o que interessa desse monte de teoria é isso:
o que faço
uma teimosia chamo de eu
(sem chama)
a chama é além disso
surpreender purificar
agir duas vezes antes de pensar
mas na direção certa
correr pra fora do buraco
o mesmo buraco do hábito
o mesmo buraco onde caíram todos os antepassados
e cobrimos de terra
o buraco da música do wando
de pessoas velhas se guiando errado
conversando errado
repetindo errado
no planeta cariado
(e bebendo pra esquecer)
o fumo que firmam no trago
(fumo do emprego fixo)
(fumo da paixão como salvação)
eu solto no traço
em sumo
(e sumo)
o que interessa desse monte de teoria é isso:
o que faço
12/06/2017
Meditação em Botafogo
Trânsito e obras
Pernas e calçados
Pessoa ao lado no banco
Britadeira e caminhão
Ambulância branca e pombos pretos
Vem
E
Vão
Voo
E
Fico
Esperando o cinema abrir
Pernas e calçados
Pessoa ao lado no banco
Britadeira e caminhão
Ambulância branca e pombos pretos
Vem
E
Vão
Voo
E
Fico
Esperando o cinema abrir
10/06/2017
breve elogio ao morno
Quando você mergulha em atividades mundanas que te dão muito prazer, a tendência é a meditação ficar mais difícil uns dias. Suas energias ficam agitadas naquela ilusão, a mente não se acalma mais tão facilmente, fica revivendo o momento de prazer ou racionalizando formas de mantê-lo ou prolongá-lo. Como se tivéssemos agitado um copo de água cristalina onde o barro já estava depositado no fundo, obscurecendo novamente toda a água.
O outro extremo, a dor, é útil para quem não está nem aí pra profundidades psicológicas, filosóficas ou religiosas. Só vê as coisas do mundo, não quer uma conexão mais profunda ("espiritual" não é uma palavra boa por não ter nada a ver com a ideia de "espírito" ou "alma"). Mas para quem já está praticando, o efeito da dor extremada é parecido com o prazer extremado: agita a água, agita a energia. Só que em vez de ficarmos racionalizando formas de manter a sensação boa, ficamos racionalizando formas de evitar a sensação ruim.
Se você consegue manter uma visão mais ampla em qualquer dos dois casos, menos agitação na água, melhor. Mas o ideal para iniciantes como eu: evitar extremos (e assim, apego e aversão) e seguir pelo morno caminho do meio.
O outro extremo, a dor, é útil para quem não está nem aí pra profundidades psicológicas, filosóficas ou religiosas. Só vê as coisas do mundo, não quer uma conexão mais profunda ("espiritual" não é uma palavra boa por não ter nada a ver com a ideia de "espírito" ou "alma"). Mas para quem já está praticando, o efeito da dor extremada é parecido com o prazer extremado: agita a água, agita a energia. Só que em vez de ficarmos racionalizando formas de manter a sensação boa, ficamos racionalizando formas de evitar a sensação ruim.
Se você consegue manter uma visão mais ampla em qualquer dos dois casos, menos agitação na água, melhor. Mas o ideal para iniciantes como eu: evitar extremos (e assim, apego e aversão) e seguir pelo morno caminho do meio.
07/06/2017
alto lá
o posto fincado:
traçar um caminho nas rochas
e seguir pelo céu rajado
o salto requer
não querer nem
o salto
distração do eu torto
no silêncio sólido da montanha
o rio descendo pelo corpo entregue ao dia
sem a aranha da ira, quente por si
trocando com todos: ar, ideias, palavras, energia
o sol nos olhos
traçar um caminho nas rochas
e seguir pelo céu rajado
o salto requer
não querer nem
o salto
distração do eu torto
no silêncio sólido da montanha
o rio descendo pelo corpo entregue ao dia
sem a aranha da ira, quente por si
trocando com todos: ar, ideias, palavras, energia
o sol nos olhos
paz_chão
06/06/2017
queimando dinheiro
O início dos primeiros passos para fora dos hábitos arraigados vão parecer uma loucura. Uma sensação real de estar queimando dinheiro ou desperdiçando oportunidades... Mas só mesmo agindo assim é que a gente sai dos mesmos ciclos do samsara.
05/06/2017
voo repetido
o dragão guarda seu fogo
para a hora mais exata
(fim de jogo)
o dragão é a mais perfeita
máquina de colheita
de dor
você coleciona derrotas
o dragão
queima amor
para a hora mais exata
(fim de jogo)
o dragão é a mais perfeita
máquina de colheita
de dor
você coleciona derrotas
o dragão
queima amor
02/06/2017
Desautomatização
Algo chama a atenção. Brilha fora por estarmos cegos às sutilezas do processo: nós produzimos o brilho internamente e atribuímos ao objeto. Parecemos melhores com o objeto próximo. Depois é automático: querer estabilizar o brilho, pegar só pra nós, proteger de ameaças que possam afastá-lo de nós, não perder, manter a sensação boa. Hábito tão profundo que nem notamos outras opções de agir. Acontece tão rápido que não percebemos que há liberdade. Assim fazemos nosso prato no self-service, casamos ou compramos um carro novo.
01/06/2017
a sociedade empurra para um lado mais cego
apago com o ego aplicativos na noite enorme
dormem infinitos futuros possíveis que não nego
a diferença entre eles não interessa inteiro:
são todos sonhos
todos pesadelos
a noite grande
aceita estrelas e pregos
vitórias e perdas
palavro anomalias
sem construir castelos
troco infinitos elos artificiais
pelo fogo amarelo
viveu ou morreu
a noite alta
sem eu?
dormem infinitos futuros possíveis que não nego
a diferença entre eles não interessa inteiro:
são todos sonhos
todos pesadelos
a noite grande
aceita estrelas e pregos
vitórias e perdas
palavro anomalias
sem construir castelos
troco infinitos elos artificiais
pelo fogo amarelo
viveu ou morreu
a noite alta
sem eu?
direção: pra dentro
no centro do deserto
o som da última pétala morta
tocando o solo desperta
a imensidão caudalosa da solidão
o som da última pétala morta
tocando o solo desperta
a imensidão caudalosa da solidão
31/05/2017
Su
Suei pra encontrar Suéllen / Mil musas me derrubaram pela direita / Cinco mil, pela esquerda / Sete musas subiram no telhado (e silenciaram esperanças) / Mas ganhei Suéllen, o arrepio de Suéllen / A voz vagarosa de Suéllen / A pele branca de Suéllen / O senso de humor suave de Suéllen / De aniversário
29/05/2017
Do_eu
A gente quer presente para ficar feliz quando criança. A graça se esvai quando sai da caixa. A alegria do sorvete também derrete. Depois quer amor romântico, adolescente. A alegria vem e parecemos pior quando se vai. A maioria de nós trabalha em algo que não traz benefícios para ninguém além de ajudar um pouco a destruir o planeta. Mas tem a happy hour para beber e ser feliz. Ser feliz só depois do horário comercial. Mas isso também passa. Agradeço infinitamente tantos seres de sabedoria, principalmente ao Lama Padma Samten, luzes que nos permitem ser mais claramente e alargar a visão para sair desse nós. Desses nós. Do_eu.
Poesia temática:
autocrítica,
budismo,
crítica social,
meditação,
poesia,
prosa
Sempre
Por hábito, gritamos e nossos olhos brilham quando em grupo em concordância apontando culpados externos. Errados externos. "Falta de ética!" Reforçamos as conexões do grupo. Só emoções negativas. Gastamos um tempo enorme de vida nisso. Querendo parecer melhores, querendo nos sentir melhores. E com a desculpa de melhores intenções. Deus no meio. Para não olhar minimamente para dentro, para nossos erros, nossa ética relativa. E os primeiros a saírem do grupo serão os últimos apontados criticamente pelos que restarem. Carma gerando carma. Samsara gerando samsara. Sempre igualzinho. Sem saída para tanta gente... Que não percebe. Simplesmente não percebe.
Poesia temática:
autocrítica,
budismo,
crítica social,
meditação,
poesia,
prosa
25/05/2017
a esquerda na churrascaria
quem luta pelos direitos dos famintos
é quem mais tem direito de comer bem
(amem, amém)
é quem mais tem direito de comer bem
(amem, amém)
escrevo sorrindo
quando eu desinstalar o tinder
ouvirei o canto do uirapuru
sentirei o cheiro do umbu
quando eu desinstalar o tinder
vastas paisagens e vento
o sol como alimento
quando eu desinstalar o tinder
a paz das árvores obtusas
e uma - e somente uma - musa
ouvirei o canto do uirapuru
sentirei o cheiro do umbu
quando eu desinstalar o tinder
vastas paisagens e vento
o sol como alimento
quando eu desinstalar o tinder
a paz das árvores obtusas
e uma - e somente uma - musa
24/05/2017
vórtice em lava
se ela diz que me ama
tudo está bem
tudo é chama
em meus olhos
amá-la amada:
meu coração é motivação
a batalha é sagrada
e a mente cala
está escrito em mateus:
apenas juntos em cruz e espada
o homem e a mulher podem tocar
a face de deus
tudo está bem
tudo é chama
em meus olhos
amá-la amada:
meu coração é motivação
a batalha é sagrada
e a mente cala
está escrito em mateus:
apenas juntos em cruz e espada
o homem e a mulher podem tocar
a face de deus
23/05/2017
irmandade
jesus foi ao deserto
se livrar das palavras
jesus voltou do deserto
para falar:
- todos podemos beber do deserto
se livrar das palavras
jesus voltou do deserto
para falar:
- todos podemos beber do deserto
a musa
a musa
é o sopro
que eu mesmo sopro
na vela do poema
a musa é a chegada
o caminho
a partida
o mar
o sol
a esperança
é o sopro
que eu mesmo sopro
na vela do poema
a musa é a chegada
o caminho
a partida
o mar
o sol
a esperança
proteção
deito virado pro lado esquerdo
ergo as mãos em guarda e dorme o ego
o corpo, as mãos e o colchão
protegendo o coração
por todos os lados
acordo com um poema enviesado
e na primeira letra do primeiro verso
entrego o coração
ergo as mãos em guarda e dorme o ego
o corpo, as mãos e o colchão
protegendo o coração
por todos os lados
acordo com um poema enviesado
e na primeira letra do primeiro verso
entrego o coração
22/05/2017
a musa subiu no telhado (filme repetido não dito)
a musa subiu no telhado
(salva de pausas)
creio em jesus cristo
alma em maharaja
rio às gargalhadas
peito em hepatite
me desfiz das luvas
soletrei rinite
a musa subiu no telhado:
alta alva e rica
me saúda
a musa muda
a saúva pica
o poema salva
(salva de pausas)
creio em jesus cristo
alma em maharaja
rio às gargalhadas
peito em hepatite
me desfiz das luvas
soletrei rinite
a musa subiu no telhado:
alta alva e rica
me saúda
a musa muda
a saúva pica
o poema salva
Poesia temática:
budismo,
humor,
impermanencia,
meditação,
melhores poemas,
musas,
poesia,
rimas
20/05/2017
Prajna com foco no ego
O problema é que a gente cria o personagem, acredita em sua solidez e entra no papel. Mas algo sábio em nós (e além de nós) sabe que não há nada ali. Então, atrás de estabilidade e segurança, automaticamente passamos a defender e reafirmar o personagem. Porque sabemos que ele é um sonho. Pichamos muros com nossos nomes. Assinamos poemas, quadros, filmes com nossos nomes. Queremos pendurar nossos nomes no alto da História. Maiúsculo. Tiramos selfies. Fazemos check-in. Ai de quem vai contra o personagem. "Você sabe com quem está falando?" Solidificamos e comprovamos nossa presença no mundo sólido porque sabemos que não há nada sólido. A profissão parece nosso sobrenome. O ser amado comprova que somos o personagem, e ele é capaz de ser querido, ele é capaz de ser amado e admirado, sólido. Não renunciamos ao cargo, nem com gravações provando que não estamos a altura do cargo de personagem... Lutamos até o final. Até a última respiração. Todos nós.
Poesia temática:
budismo,
meditação,
poemas,
poesia,
prajnaparamita
harpa silenciosa
prolongo da completude a sensação
até a ponta de seus dedos compridos
capazes de alcançar meu coração
até a ponta de seus dedos compridos
capazes de alcançar meu coração
estudo da musa
ela do céu de netuno
tem corpo
tato e contato
o arrepio naquela pele branca me arrepia
sua boca dançando na minha:
vou sorrindo
ruas sem luas
nem vagalumes
minhas mãos não soltam
seu perfume
tem corpo
tato e contato
o arrepio naquela pele branca me arrepia
sua boca dançando na minha:
vou sorrindo
ruas sem luas
nem vagalumes
minhas mãos não soltam
seu perfume
17/05/2017
15/05/2017
cristianismo revisitado em sol
ela no centro da casa
branca pele e parede
olhos talvez verdes
ela no centro exato
entre o passado reto
e o curvo futuro
ela a ponte
por sobre
o muro
ela me
foi será é
jesus:
o furo
no balde cego
vazando luz
branca pele e parede
olhos talvez verdes
ela no centro exato
entre o passado reto
e o curvo futuro
ela a ponte
por sobre
o muro
ela me
foi será é
jesus:
o furo
no balde cego
vazando luz
Substituição
Empoderamento é uma palavra feia. Deveríamos usar amor em vez de poder. Cooperação em vez de competição. Amoração em vez de empoderamento.
seguro morreu de tédio
muitas vezes os poemas que salvo
e não publico
me salvam
saúdo menos o sol e a lua
e a saúde melhora
mas a saúva
mordeu, morde, morderá
o medo da possível mordida da saúva
sangra mais salgado
que a mordida em si
a saliva da saúva
lambe a seiva do sol:
você sombra uma, outra reluz
você passa protetor, ela repele
a saúde a saúva a vida
são incontroláveis
por isso, sãs
e não publico
me salvam
saúdo menos o sol e a lua
e a saúde melhora
mas a saúva
mordeu, morde, morderá
o medo da possível mordida da saúva
sangra mais salgado
que a mordida em si
a saliva da saúva
lambe a seiva do sol:
você sombra uma, outra reluz
você passa protetor, ela repele
a saúde a saúva a vida
são incontroláveis
por isso, sãs
13/05/2017
3 ou 4 segundos
posso morrer feliz
porque beijei laura
posso viver feliz
porque beijei laura
a posse por um triz
os passos sem calma
repito ao léu o nome de laura
(laura laura laura laura)
até a língua alisar o céu
a primeira letra pingando na folha
o último olhar pela bolha do vidro
vejo
eu e ela
sorrindo
porque beijei laura
posso viver feliz
porque beijei laura
a posse por um triz
os passos sem calma
repito ao léu o nome de laura
(laura laura laura laura)
até a língua alisar o céu
a primeira letra pingando na folha
o último olhar pela bolha do vidro
vejo
eu e ela
sorrindo
da segunda vez que vi Laura
o sorriso dela
embaixo de luzes amarelas
dividindo cheesecake com goiabada
e a arte como salvação de tudo
há árvores em são paulo
prédios antigos
ruas tortas
o crepúsculo mais bonito
ela não mudou nada em nove anos:
linda que se sabe linda
beleza que não finda quando fala
quando escreve ou fotografa
a nona de beethoven
e viva la vida em acordes perfeitos
a vida dançando sincronias
(se for sonho, não me acordes)
estou vivo
estou vivo
estou vivo
e explodindo!
estou dançando vida e desejo
aqui dentro adolescente
depois do beijo
embaixo de luzes amarelas
dividindo cheesecake com goiabada
e a arte como salvação de tudo
há árvores em são paulo
prédios antigos
ruas tortas
o crepúsculo mais bonito
ela não mudou nada em nove anos:
linda que se sabe linda
beleza que não finda quando fala
quando escreve ou fotografa
a nona de beethoven
e viva la vida em acordes perfeitos
a vida dançando sincronias
(se for sonho, não me acordes)
estou vivo
estou vivo
estou vivo
e explodindo!
estou dançando vida e desejo
aqui dentro adolescente
depois do beijo
12/05/2017
08/05/2017
amor livro
o meu amor é meu:
não idealizo mais
em ninguém
o meu amor é meu
porque não é meu:
rosa
que abre para todos
seu perfume
não idealizo mais
em ninguém
o meu amor é meu
porque não é meu:
rosa
que abre para todos
seu perfume
Poesia temática:
amor,
amor livre,
amor romântico,
anti-amor romântico,
budismo,
meditação,
melhores poemas,
poemas de amor,
poesia,
top10,
top20,
top30,
top50
05/05/2017
maior é a poesia
meu personagem come uma banana ao meio-dia
meu personagem esquece o poema pra olhar o facebook atrasado
meu personagem cria
e crê no personagem criado
meu personagem esquece o poema pra olhar o facebook atrasado
meu personagem cria
e crê no personagem criado
01/05/2017
DeuS
eu sou os múltiplos universos
eu sou o silêncio invisível que irmana o todo
minhas células são galáxias
e vejo o que seus olhos vêem
(mas sei que só veem sonhos)
eu sou a água para tales
a vontade para nietzsche
a palavra para o poeta
eu sou antes do tempo
além do espaço
todas as formas sem forma
(formas de olhar)
eu sou o eu sem eu - antes da separação entre sujeito e objeto
a verdade antes do conceito
a luz antes da sombra
eu sou o silêncio invisível que irmana o todo
minhas células são galáxias
e vejo o que seus olhos vêem
(mas sei que só veem sonhos)
eu sou a água para tales
a vontade para nietzsche
a palavra para o poeta
eu sou antes do tempo
além do espaço
todas as formas sem forma
(formas de olhar)
eu sou o eu sem eu - antes da separação entre sujeito e objeto
a verdade antes do conceito
a luz antes da sombra
29/04/2017
da fogueira entre os fascistas e os vagabundos lulistas
os que defendem os policiais e o governo
estão mais cegos
do que o estudante inocente de esquerda que perdeu um olho
para uma bala de borracha
pelo bem maior da ordem e do direito constitucional de ir e vir
(não foi golpe)
os que defendem a greve geral contra a perda de direitos
estão vendo como certíssimo
queimar lixo, pneus, ônibus e velhinhas inocentes de direita
pelo bem maior da maioria pobre e trabalhadora
(foi golpe)
há cegueira extremista
nos dois grupos
se não vemos que criamos o mundo com o olhar
e a mão esquerda e a mão direita são partes do mesmo corpo
humano
estão mais cegos
do que o estudante inocente de esquerda que perdeu um olho
para uma bala de borracha
pelo bem maior da ordem e do direito constitucional de ir e vir
(não foi golpe)
os que defendem a greve geral contra a perda de direitos
estão vendo como certíssimo
queimar lixo, pneus, ônibus e velhinhas inocentes de direita
pelo bem maior da maioria pobre e trabalhadora
(foi golpe)
há cegueira extremista
nos dois grupos
se não vemos que criamos o mundo com o olhar
e a mão esquerda e a mão direita são partes do mesmo corpo
humano
Poesia temática:
autocrítica,
budismo,
crítica social,
meditação,
poesia,
política
28/04/2017
27/04/2017
poema pré-greve
crio crianças desvanecidas
extremamente imaginárias
arrítmicas
esporádicas distantes mútuas
cruéis com candelabros e caveiras
mesmo assim
doa a quem doer
todas preferem
sem temer
extremamente imaginárias
arrítmicas
esporádicas distantes mútuas
cruéis com candelabros e caveiras
mesmo assim
doa a quem doer
todas preferem
sem temer
a chama de shamata
tanta coisa a arrumar
na casa
na vida
nos negócios
no amor
mas você senta em silêncio
e depois de dez ou quinze minutos
segue tudo desarrumado
(mas tudo bem)
na casa
na vida
nos negócios
no amor
mas você senta em silêncio
e depois de dez ou quinze minutos
segue tudo desarrumado
(mas tudo bem)
25/04/2017
jornada
os dromedários trazem
nos vales das costas
o silêncio do vento
e a vista do céu
os dromedários
são meio camelos
são meios camelos
não são um fim em si mesmo
as sombras dos dromedários
são dromedários imaginários
e lado a lado
caminham deitados
com os pés se tocando
nos intervalos do voo
nos vales das costas
o silêncio do vento
e a vista do céu
os dromedários
são meio camelos
são meios camelos
não são um fim em si mesmo
as sombras dos dromedários
são dromedários imaginários
e lado a lado
caminham deitados
com os pés se tocando
nos intervalos do voo
24/04/2017
poexisto
escrevo e crio
poesio:
o cravo brigou com a rosa
no apartamento vazio
poexisto
mas o povão só entende prosa
(então reclamo longamente
do hábito nosso de reclamar sem rimar)
cavo sete oceanos
para chegar perto do que creio
cavo mudo
e perto do deserto
mudo
quem muda?
- eu
existo em pó e delírio
resisto e crio
mas quem?
- eu
o eu é uma placa dourada
debaixo de um sacada
debaixo de uma coroa
querendo estar certo
querendo star
querendo fazer curso de fotografia
pra poder fotografar mulheres lindas e querer mais um pouco
o eu é um louco
querendo querer
(pulsão e tesão - Freud acharia bom)
o eu é uma faixa amarela
gravada com o nome dela
olhando outras cores e faixas e nomes
sem deixar de ser uma faixa amarela
gravada com o nome dela
o eu é um chato agarrado a um hiato
na chuva sublime que ele não sente
porque pensa e teoriza sobre a sublimidade da chuva
o eu é um chato
que prefere ser chato
do que não ser
e o caminho é não ser
(ele vê isso
mas finge que não vê)
poesio:
o cravo brigou com a rosa
no apartamento vazio
poexisto
mas o povão só entende prosa
(então reclamo longamente
do hábito nosso de reclamar sem rimar)
cavo sete oceanos
para chegar perto do que creio
cavo mudo
e perto do deserto
mudo
quem muda?
- eu
existo em pó e delírio
resisto e crio
mas quem?
- eu
o eu é uma placa dourada
debaixo de um sacada
debaixo de uma coroa
querendo estar certo
querendo star
querendo fazer curso de fotografia
pra poder fotografar mulheres lindas e querer mais um pouco
o eu é um louco
querendo querer
(pulsão e tesão - Freud acharia bom)
o eu é uma faixa amarela
gravada com o nome dela
olhando outras cores e faixas e nomes
sem deixar de ser uma faixa amarela
gravada com o nome dela
o eu é um chato agarrado a um hiato
na chuva sublime que ele não sente
porque pensa e teoriza sobre a sublimidade da chuva
o eu é um chato
que prefere ser chato
do que não ser
e o caminho é não ser
(ele vê isso
mas finge que não vê)
23/04/2017
Telas - Meditar é resistir
Você lembra quando foi a última vez em que passou o dia todo sem olhar uma tela? Tenho percebido em mim mesmo e nos outros, dentro da perversa normalidade, uma quantidade de tempo gasto olhando telas cada vez maior enquanto diminui nosso tempo em contato pessoal, próximo, com atenção, olho no olho. Pela facilidade, substituímos um papo com amigos por likes nas redes sociais e seguimos carentes. Gastamos o dia todo vendo recomendações de amigos nas redes sociais em fotos, vídeos ou textos em vez de estar juntos em carne e osso com esses amigos. Lentamente vamos deixando este movimento nos levar. E ele não pode ser benéfico, se pensarmos bem.
A gente já acorda com o celular cheio de mensagens e não resiste a olhar... Se estamos num show, nos desligamos do show para criar um vídeo para as redes sociais, pois a sociedade do espetáculo valoriza mais o mostrar a experiência aos outros do que a experiência em si e embarcamos nessa... Até no cinema não aguentamos mais ver um filme inteiro sem checar o celular. Os livros em papel então, esses objetos antigos, parecem cada vez mais impossíveis de se ler, longos demais para alguém com um celular à mão com um próximo grande amor que pode ter respondido no Tinder.
Estamos treinando nossa mente em não conseguir se concentrar, em ser mais ansiosa, em estar menos presente no agora. Menos satisfeita. Mais agitada, distraída... A resistência pode começar em tornar estes hábitos mais conscientes, evitá-los racionalmente, priorizar nosso tempo para ficar longe de telas. Outro aliado é meditar, mesmo que sejam apenas poucos minutos por dia, com uma certa constância, pode se tornar um hábito muito benéfico no meio de tantos hábitos que só pioram nossa qualidade de vida, algo como uma âncora nos prendendo ao momento presente neste mar de confusão que criamos para nós mesmos.
A gente já acorda com o celular cheio de mensagens e não resiste a olhar... Se estamos num show, nos desligamos do show para criar um vídeo para as redes sociais, pois a sociedade do espetáculo valoriza mais o mostrar a experiência aos outros do que a experiência em si e embarcamos nessa... Até no cinema não aguentamos mais ver um filme inteiro sem checar o celular. Os livros em papel então, esses objetos antigos, parecem cada vez mais impossíveis de se ler, longos demais para alguém com um celular à mão com um próximo grande amor que pode ter respondido no Tinder.
Estamos treinando nossa mente em não conseguir se concentrar, em ser mais ansiosa, em estar menos presente no agora. Menos satisfeita. Mais agitada, distraída... A resistência pode começar em tornar estes hábitos mais conscientes, evitá-los racionalmente, priorizar nosso tempo para ficar longe de telas. Outro aliado é meditar, mesmo que sejam apenas poucos minutos por dia, com uma certa constância, pode se tornar um hábito muito benéfico no meio de tantos hábitos que só pioram nossa qualidade de vida, algo como uma âncora nos prendendo ao momento presente neste mar de confusão que criamos para nós mesmos.
Poesia temática:
autocrítica,
budismo,
crítica social,
meditação,
poesia,
prosa,
tinder
22/04/2017
poemas na revista bodisatva
Alguns de meus poemas de inspiração budista saíram nesta matéria bonita sobre poesia da Revista Bodisatva, escrita pela Cristiane Bremenkamp. Confiram!
21/04/2017
20/04/2017
deixe-me ir - preciso andar
"vou por aí a procurar"
trinta passos pra trás
palavras chave pra organizar o insolúvel
anacoluto do infinito
ouço cartola e mudo
falo A e vou por B
nascem letras embora das mãos
que não sabem mais para onde apontar
(e teimam em apontar pra fora)
"sorrir pra não chorar"
trinta passos pra trás
palavras chave pra organizar o insolúvel
anacoluto do infinito
ouço cartola e mudo
falo A e vou por B
nascem letras embora das mãos
que não sabem mais para onde apontar
(e teimam em apontar pra fora)
"sorrir pra não chorar"
acre desagrado (sem sagrado)
olhar sem precisar do olho:
por que não vejo eu em quem agrido?
(grita o cavaleiro de ouro)
por que não vejo eu em quem agrido?
(grita o cavaleiro de ouro)
19/04/2017
13 reasons why
Alguém já deu uma olhada nos índices de suicídio desde a 13 reasons why? Só vejo índices de pedidos de ajuda subindo muito, psicólogos vários falando que a série é um gatilho pro suicídio e fica por isso mesmo. Não podemos fazer nada pro Netflix parar de transmitir, se for o caso?
Eu mesmo vi a série toda e nos primeiros episódios achei que era uma crítica social profunda que poderia levar muitos a uma maior conscientização (tipo um soco no estômago pra fazer a gente acordar) mas quando cheguei ao final, já estava achando que o potencial de malefício do seriado deveria ser muito maior do que o de benefício. Não basta um seriado falar de suicídio para trazer benefício, principalmente glamourizando o suicídio e a vingança. Particularmente, a cena de suicídio é tão medonha que desviei o olhar, pior que qualquer filme de terror e quase uma aula de como fazer.
Se fosse uma série orientada por psicólogos ou profissionais especializados em suicídio, com o objetivo claro e explícito de ajudar possíveis suicidas, tudo bem. Pelo que entendi, não é, visa audiência e lucro pro Netflix. Logo, um perigo.
O CVV - Centro de Valorização da Vida - está achando bom um aumento de quase 500% no aumento dos pedidos de ajuda no Brasil, mas deveríamos saber também se aumentou também a quantidade de pessoas se suicidando. Se alguém souber dos números, para não nos perdermos em opiniões pessoais, comenta que adiciono aqui.
* Dei uma pesquisada e não estou sozinho com esta opinião:
http://www.newstatesman.com/culture/tv-radio/2017/04/netflix-13-reasons-why-suicide-irresponsible
http://www.dbknews.com/2017/02/22/13-reasons-why-netflix-suicide/
Eu mesmo vi a série toda e nos primeiros episódios achei que era uma crítica social profunda que poderia levar muitos a uma maior conscientização (tipo um soco no estômago pra fazer a gente acordar) mas quando cheguei ao final, já estava achando que o potencial de malefício do seriado deveria ser muito maior do que o de benefício. Não basta um seriado falar de suicídio para trazer benefício, principalmente glamourizando o suicídio e a vingança. Particularmente, a cena de suicídio é tão medonha que desviei o olhar, pior que qualquer filme de terror e quase uma aula de como fazer.
Se fosse uma série orientada por psicólogos ou profissionais especializados em suicídio, com o objetivo claro e explícito de ajudar possíveis suicidas, tudo bem. Pelo que entendi, não é, visa audiência e lucro pro Netflix. Logo, um perigo.
O CVV - Centro de Valorização da Vida - está achando bom um aumento de quase 500% no aumento dos pedidos de ajuda no Brasil, mas deveríamos saber também se aumentou também a quantidade de pessoas se suicidando. Se alguém souber dos números, para não nos perdermos em opiniões pessoais, comenta que adiciono aqui.
* Dei uma pesquisada e não estou sozinho com esta opinião:
http://www.newstatesman.com/culture/tv-radio/2017/04/netflix-13-reasons-why-suicide-irresponsible
http://www.dbknews.com/2017/02/22/13-reasons-why-netflix-suicide/
17/04/2017
das gargalhadas
eu só lembro de dar gargalhadas a ponto de chorar de rir na infância e adolescência. acho que meus amigos também. deve ter algo a ver com o que chamam de normalidade. o peso e seriedade atrelados a visão de uma felicidade no porvir, distante, a ser conquistada, engatilhada na palavra quando.
15/04/2017
trova pra postar no face
ninho de caramujo distraído
por passatempos e metas
tentamos matar a sede
bebendo água salgada
14/04/2017
paz (coa) impossibilidade da mão
ela cheio de silêncio:
o espaço entre o estar
e o não estar
nenhum movimento possível
difícil
respirar
os dias em superposição de fraqueza
o grande vão
entre star e não star
(pontes afastando chances)
você gosta de rock?
você gosta de desenho animado?
você gosta de filme dublado?
(me permito ficar dentro do muro
agarrado ao vazio
não acreditando na vastidão do olhar)
indefinição no plexo
como se fosse possível estacionar o trem
e parar quieto
com sua mão longe
indefinição no universo
como se fosse urgente
estabilizar a última estrela
ela silencia poesia
e já nem sei que dia
adio
papos profundos não fluem
conversas banais não fluem
somos rios secos
de sorrisos mancos
descendo aos trancos pro oceano
sem tempo
já não creio em criar
nem na tatuagem perfeita como sinal
de salvação
já não creio na perfeição
já não creio nem no que escrevo
e contamino com palavra
o que o silêncio já matava
o espaço entre o estar
e o não estar
nenhum movimento possível
difícil
respirar
os dias em superposição de fraqueza
o grande vão
entre star e não star
(pontes afastando chances)
você gosta de rock?
você gosta de desenho animado?
você gosta de filme dublado?
(me permito ficar dentro do muro
agarrado ao vazio
não acreditando na vastidão do olhar)
indefinição no plexo
como se fosse possível estacionar o trem
e parar quieto
com sua mão longe
indefinição no universo
como se fosse urgente
estabilizar a última estrela
ela silencia poesia
e já nem sei que dia
adio
papos profundos não fluem
conversas banais não fluem
somos rios secos
de sorrisos mancos
descendo aos trancos pro oceano
sem tempo
já não creio em criar
nem na tatuagem perfeita como sinal
de salvação
já não creio na perfeição
já não creio nem no que escrevo
e contamino com palavra
o que o silêncio já matava
13/04/2017
nada(r)
a praia desertifica pulmões
a praia plúmbea
pútrida
sal arde as narinas duras
nada dura
nada cura o mal
sob o mesmo céu
iodo
alga
lodo
o mar gritará toda manhã
um poema vazio
para o nada
toda onda é vã
a praia plúmbea
pútrida
sal arde as narinas duras
nada dura
nada cura o mal
sob o mesmo céu
iodo
alga
lodo
o mar gritará toda manhã
um poema vazio
para o nada
toda onda é vã
12/04/2017
o escafandro e a borboleta
cada letra é um salto e uma flecha
para a comunhão
o encontro com outro ser humano
o salto da espuma do abismo
do que realmente é
para o que poderia ser
a flecha
tentando alcançar a juventude
que se afasta numa barca lenta
gemendo nas ondas
um piano começa em som
teclas brancas de areia
vem e vão:
mãos
para a comunhão
o encontro com outro ser humano
o salto da espuma do abismo
do que realmente é
para o que poderia ser
a flecha
tentando alcançar a juventude
que se afasta numa barca lenta
gemendo nas ondas
um piano começa em som
teclas brancas de areia
vem e vão:
mãos
11/04/2017
10/04/2017
não nos tocamos
assim fomos criados
assim criaremos
a casa
em ordem
oferecemos diariamente
conhecimentos, posses, críticas e conselhos
(principalmente pra manter a casa em ordem)
pais aos filhos
filhos aos pais
geração após geração
formais
depois reclamamos
dos conhecimentos, posses, críticas e conselhos em vão:
nenhuma gratidão
decepção
decepção
(a casa em ordem
nos vendo jantar em silêncio
mesmos lugares na mesa
estátuas em movimento)
assim fomos criados
assim criaremos
(...)
mas há exceção:
lembro que toquei uma vez
a mão de minha avó paralisada
com olhos de pássaro sem asa
e os olhos sorriram
(e já não tinham casa)
assim criaremos
a casa
em ordem
oferecemos diariamente
conhecimentos, posses, críticas e conselhos
(principalmente pra manter a casa em ordem)
pais aos filhos
filhos aos pais
geração após geração
formais
depois reclamamos
dos conhecimentos, posses, críticas e conselhos em vão:
nenhuma gratidão
decepção
decepção
(a casa em ordem
nos vendo jantar em silêncio
mesmos lugares na mesa
estátuas em movimento)
assim fomos criados
assim criaremos
(...)
mas há exceção:
lembro que toquei uma vez
a mão de minha avó paralisada
com olhos de pássaro sem asa
e os olhos sorriram
(e já não tinham casa)
Poesia temática:
autocrítica,
crítica social,
eu,
família,
loucura,
melhores poemas,
poesia
07/04/2017
solte seu coração no da musa
solte seu coração no da musa
pétala vagarosa tocando o lago tranquilo
solte seu coração no da musa
tatuagem de verso pra eternizar o instante
solte seu coração no da musa
sutileza suficiente para dançar distraído
solte seu coração no da musa
adivinhando profundidade
porque ela merece
porque você merece
pétala vagarosa tocando o lago tranquilo
solte seu coração no da musa
tatuagem de verso pra eternizar o instante
solte seu coração no da musa
sutileza suficiente para dançar distraído
solte seu coração no da musa
adivinhando profundidade
porque ela merece
porque você merece
Poesia temática:
amor,
amor romântico,
homenagens,
musas,
poemas de amor,
poesia
06/04/2017
descrição
noite alta de oceanos desertos
ouço o som da secreção estalando na garganta
antes de cada tossida incontrolável
(a testa - sempre quente - dói a cada tossida)
acho que tenho 40 anos e não sei expectorar
mas tô melhorando
a febre constante caiu de 39 para 38 graus no terceiro dia
com variações tão irrelevantes
quanto os cálculos que aprendemos em engenharia elétrica na ufrj
algo em mim matematiza as agonias
para tentar fazê-las tender a menos infinito
sem ir ao médico
(dizem que a poesia salva)
por exemplo
agora temos o paradoxo do paracetamol:
ao persistirem os sintomas ingiro-o
mesmo com 36 graus de febre
mas aí a febre vai a 39
e cai e suo
suo mais do que o elemento água em meu mapa natal
e surge o dilema do sono:
(A) com o ar condicionado ligado, resseca a mucosa e tusso mais, mas melhoram os mosquitos
(B) se me cubro, suo mais e tusso menos, mas os mosquitos ainda me acordam pelo som
(C) se desligo o ar condicionado e me descubro, há duas opções, a seguir:
opção 1 - não ligo o ventilador e os mosquitos me devoram
opção 2 - ligo o ventilador e tusso mais (volte para A)
matematizo hierarquicamente no meio dos sonhos curtos
formas trigonométricas que precisei de professor particular para entender no martins
formas de não contar carneiros para não acordar
e consigo
outro exemplo
se a narina esquerda se fecha
e os dois remédios distintos não funcionam
viro a 90 ou 45 graus para a direita na cama
se fico assim um tempo
melhora
(a narina mais alta destapa e a livre se tapa
na razão inversa do quanto pode ser longa uma noite)
se fico tentando não tossir
tusso
se desisto
durmo
(...)
5 dias a 40 graus de febre e fico tonto
com dor atrás dos olhos e nas articulações
só então vou ao médico:
era pneumonia
- diga 33 (não houve a melhor parte, bandeira)
o rombo em meu peito preenchido por um calombo interno
que dói
eu tusso e não sai
eu cuspo e não sai
arroto e não sai
desisto
radiografia
exame de sangue
tomografia computadorizada
(as atendentes tão mais carinhosas que as médicas apressadas...)
- a garganta tá limpa (mas arde)
- dipirona é melhor que paracetamol (sempre?)
algo aqui sentiu que ia morrer
algo solene e alvéolo
preso ao peso do calombo no plexo
lembrei tanto dela
(meu anexo)
e quis namorar sem medo
pra morrer amando
(na maior beleza de ser tarde, não cedo)
há uma beleza em dor no peito
mesmo do lado errado
tipo drummond caminhando meio curvado
ou um parto em casa
fome já não há, quase
aceito o gosto azedo em tudo
e passo a beber mais limão
fossas nasais congestionadas
governar é abrir espadas
como pra não morrer
e a energia gasta pra digerir
não me permite verbar
então eu deito à direita do antibiótico
ouvindo-me fogos de artifícios e clarins e exércitos e batalhas
no meio da tarde chuvosa
e entupo as narinas da gosma infinita dos brônquios
durmo pouco
durmo os poucos sonhos que a dor permite
cada vez mais curtos
(pensamentos cada vez mais rápidos)
até o limite da loucura com a alucinação
passando por um poema louco
de experimentação
e tudo se torna uma música linda em um filme cult
(e já nem sei se dormi)
sensação de comunhão
comandando e sendo levado
pelo rosto de infinitos rostos do sonho
rostos de nuvens de dragões vermelhos
cavalgadas de valquírias...
tudo tão solene quanto meu calombo
ouço o som da secreção estalando na garganta
antes de cada tossida incontrolável
(a testa - sempre quente - dói a cada tossida)
acho que tenho 40 anos e não sei expectorar
mas tô melhorando
a febre constante caiu de 39 para 38 graus no terceiro dia
com variações tão irrelevantes
quanto os cálculos que aprendemos em engenharia elétrica na ufrj
algo em mim matematiza as agonias
para tentar fazê-las tender a menos infinito
sem ir ao médico
(dizem que a poesia salva)
por exemplo
agora temos o paradoxo do paracetamol:
ao persistirem os sintomas ingiro-o
mesmo com 36 graus de febre
mas aí a febre vai a 39
e cai e suo
suo mais do que o elemento água em meu mapa natal
e surge o dilema do sono:
(A) com o ar condicionado ligado, resseca a mucosa e tusso mais, mas melhoram os mosquitos
(B) se me cubro, suo mais e tusso menos, mas os mosquitos ainda me acordam pelo som
(C) se desligo o ar condicionado e me descubro, há duas opções, a seguir:
opção 1 - não ligo o ventilador e os mosquitos me devoram
opção 2 - ligo o ventilador e tusso mais (volte para A)
matematizo hierarquicamente no meio dos sonhos curtos
formas trigonométricas que precisei de professor particular para entender no martins
formas de não contar carneiros para não acordar
e consigo
outro exemplo
se a narina esquerda se fecha
e os dois remédios distintos não funcionam
viro a 90 ou 45 graus para a direita na cama
se fico assim um tempo
melhora
(a narina mais alta destapa e a livre se tapa
na razão inversa do quanto pode ser longa uma noite)
se fico tentando não tossir
tusso
se desisto
durmo
(...)
5 dias a 40 graus de febre e fico tonto
com dor atrás dos olhos e nas articulações
só então vou ao médico:
era pneumonia
- diga 33 (não houve a melhor parte, bandeira)
o rombo em meu peito preenchido por um calombo interno
que dói
eu tusso e não sai
eu cuspo e não sai
arroto e não sai
desisto
radiografia
exame de sangue
tomografia computadorizada
(as atendentes tão mais carinhosas que as médicas apressadas...)
- a garganta tá limpa (mas arde)
- dipirona é melhor que paracetamol (sempre?)
algo aqui sentiu que ia morrer
algo solene e alvéolo
preso ao peso do calombo no plexo
lembrei tanto dela
(meu anexo)
e quis namorar sem medo
pra morrer amando
(na maior beleza de ser tarde, não cedo)
há uma beleza em dor no peito
mesmo do lado errado
tipo drummond caminhando meio curvado
ou um parto em casa
fome já não há, quase
aceito o gosto azedo em tudo
e passo a beber mais limão
fossas nasais congestionadas
governar é abrir espadas
como pra não morrer
e a energia gasta pra digerir
não me permite verbar
então eu deito à direita do antibiótico
ouvindo-me fogos de artifícios e clarins e exércitos e batalhas
no meio da tarde chuvosa
e entupo as narinas da gosma infinita dos brônquios
durmo pouco
durmo os poucos sonhos que a dor permite
cada vez mais curtos
(pensamentos cada vez mais rápidos)
até o limite da loucura com a alucinação
passando por um poema louco
de experimentação
e tudo se torna uma música linda em um filme cult
(e já nem sei se dormi)
sensação de comunhão
comandando e sendo levado
pelo rosto de infinitos rostos do sonho
rostos de nuvens de dragões vermelhos
cavalgadas de valquírias...
tudo tão solene quanto meu calombo
04/04/2017
uns likes para doer menos
que ótima oportunidade para valorizar o simples. não sei o que tenho mas a febre não abaixa além de 38, 39 graus desde ontem. a cabeça dói, as costas doem, respirar dói, se deitar na cama dói, se cobrir dói, se mexer dói, ficar parado dói, a água do banho dói onde toca, os dentes doem... mas pense: quando nos alegramos por fazer isso tudo sem dor?
03/04/2017
renoir
escrever cores
circulares
acarinhando a tela
pincelar a essência
sem adjetivos
nem esperar
a guerra acabar
a beira do centro
a pele
o peito
a flor
tempestade sem métrica
nenhuma réstia de azul no céu
rimas sem foco
a dor passa
a beleza permanece
circulares
acarinhando a tela
pincelar a essência
sem adjetivos
nem esperar
a guerra acabar
a beira do centro
a pele
o peito
a flor
tempestade sem métrica
nenhuma réstia de azul no céu
rimas sem foco
a dor passa
a beleza permanece
02/04/2017
liboriando no escuro infinito
espero-te
como um cego fingindo firmeza
segurando com os pés
a delicada taça de cristal
embaixo da mesa
de ponta cabeça
espero-te
considerando a lei da gravidade
sabendo tua fragilidade
mal espero teu futuro nosso chegar
sabendo-me equilibrista cansado
em cima do céu, da palavra, do espaço sideral
em cima do muro
que nem há
*(poema relendo o amigo poeta Luiz Guilherme Libório, sob a influência de uma musa não revelada)
como um cego fingindo firmeza
segurando com os pés
a delicada taça de cristal
embaixo da mesa
de ponta cabeça
espero-te
considerando a lei da gravidade
sabendo tua fragilidade
mal espero teu futuro nosso chegar
sabendo-me equilibrista cansado
em cima do céu, da palavra, do espaço sideral
em cima do muro
que nem há
*(poema relendo o amigo poeta Luiz Guilherme Libório, sob a influência de uma musa não revelada)
Poesia temática:
homenagem,
loucura,
melhores poemas,
musas,
poesia
01/04/2017
líquido
é tempo de silêncio
para ver a banda passar
se drogando pra não falar
de política
o preço do petróleo
estranhamente
não aumenta nem diminui o universo
(apenas nossas teorias)
a praia me aceita exato
no meio do caminho
entre a paz e a mulher futuras
ambas futuras e alvas
ambas definitivas
incisivas e salvadoras
até que a morte nos pare
som e sal
rindo do furo
do pneu dos planos retos
da fruta nunca madura
a praia me aceita presente
ainda bolando impuros verbos
autocentrados
(minha pele quer pele
minha pele quer toque
minha pele quer querer)
é tempo de beijo roubado:
sísifo construindo eternamente o muro
pra prender o amor
sobre as ruínas do passado
para ver a banda passar
se drogando pra não falar
de política
o preço do petróleo
estranhamente
não aumenta nem diminui o universo
(apenas nossas teorias)
a praia me aceita exato
no meio do caminho
entre a paz e a mulher futuras
ambas futuras e alvas
ambas definitivas
incisivas e salvadoras
até que a morte nos pare
som e sal
rindo do furo
do pneu dos planos retos
da fruta nunca madura
a praia me aceita presente
ainda bolando impuros verbos
autocentrados
(minha pele quer pele
minha pele quer toque
minha pele quer querer)
é tempo de beijo roubado:
sísifo construindo eternamente o muro
pra prender o amor
sobre as ruínas do passado
carruagem e roda da vida
enquanto tento me agarrar
tonto
à quina do círculo
não me desprendo
do hábito circular
de olhar
pra fora
tonto
à quina do círculo
não me desprendo
do hábito circular
de olhar
pra fora
31/03/2017
Antologia de Poesia Brasileira Contemporânea Além da Terra Além do Céu
Pessoal, ajudando a divulgar o lançamento da "Antologia de Poesia Brasileira Contemporânea Além da Terra Além do Céu", da Chiado Editora (tive a honra de ser convidado a participar com um poema de minha autoria). Repassem aos amigos de SP amantes da poesia!<3
24/03/2017
23/03/2017
ainda sobre a forma
tem os poetas atrás de fama
que declamam em grupos
como atos corpóreos teatrais eflúvios apócapos
os poetas atrás de fama que defendem o povo
o direito das minorias
a poesia como forma de protesto e revolução
os poetas atrás de fama que se encontram
apenas com amigos mais famosos
que não falam palavrão
que conhecem gente do jornal, da universidade, da política, da puta que pariu
os poetas atrás de fama no instagram
que postam curtas antíteses
nos horários melhores segundo suas equipes de marketing digital
e há os poetas dentro de casa - que nem se acham poetas
que escrevem como cortam as unhas
e - estranhamente - fazem poemas
que declamam em grupos
como atos corpóreos teatrais eflúvios apócapos
os poetas atrás de fama que defendem o povo
o direito das minorias
a poesia como forma de protesto e revolução
os poetas atrás de fama que se encontram
apenas com amigos mais famosos
que não falam palavrão
que conhecem gente do jornal, da universidade, da política, da puta que pariu
os poetas atrás de fama no instagram
que postam curtas antíteses
nos horários melhores segundo suas equipes de marketing digital
e há os poetas dentro de casa - que nem se acham poetas
que escrevem como cortam as unhas
e - estranhamente - fazem poemas
Poesia temática:
autocrítica,
crítica social,
melhores poemas,
poemas sobre poesia,
poesia,
top10,
top20,
top30,
top50
18/03/2017
pneumosábado
a roda da vida
gira
e enquanto não surgir
um cansaço
total
imenso
sincero
absoluto
não sairemos dessa tontura
quase automática
gira
a roda da vida
nos leva pelo mesmo caminho
ao mesmo resultado
a roda da vida
aperta o peito
e nos empurra
para o alívio errado
impermanente
infinitas vezes
infinitas vezes infinitamente
se não cansarmos
nos leva pelo mesmo caminho
ao mesmo resultado
a roda da vida
aperta o peito
e nos empurra
para o alívio errado
impermanente
infinitas vezes
infinitas vezes infinitamente
se não cansarmos
um cansaço
total
imenso
sincero
absoluto
não sairemos dessa tontura
quase automática
17/03/2017
take me out tonight (there is a light that never goes out)
trôpegos dirigimos
carros novos
em círculos
ouvindo rádio
piscando faróis
com pressa
de voltar
pra casa
sabendo
em algum lugar azul
que não há mais
casa
carros novos
em círculos
ouvindo rádio
piscando faróis
com pressa
de voltar
pra casa
sabendo
em algum lugar azul
que não há mais
casa
grafites de sampa
samba de raiz
o vento da palavra pouca
com sombra de última
silêncio de sobra
ameaça de perder o que não há
mas o sonho do que há
assombrando o que seria
antes de começar
tempo de sobra
vida que falta
o vento da palavra pouca
com sombra de última
silêncio de sobra
ameaça de perder o que não há
mas o sonho do que há
assombrando o que seria
antes de começar
tempo de sobra
vida que falta
friboi frita
O ator da Globo ganha uma grana pela propaganda sobre a confiabilidade da carne, a Globo ganha outra grana para veicular a propaganda sobre a confiabilidade da carne e o povo brasileiro segue comendo carne podre vendo o Jornal Nacional.
* NUNCA MAIS COMPREM ESTAS MARCAS: Da JBS: Friboi, Seara, Swift, Angus, Big frango, Frangosul, Rezende, Confiança, Bordon, Doriana. Da BRF: Sadia (e seus produtos), Perdigão (e seus produtos), Claybom, Miss Daisy, Paty, Do Bom, Pense, Deline, Avipal. E estas.
* NUNCA MAIS COMPREM ESTAS MARCAS: Da JBS: Friboi, Seara, Swift, Angus, Big frango, Frangosul, Rezende, Confiança, Bordon, Doriana. Da BRF: Sadia (e seus produtos), Perdigão (e seus produtos), Claybom, Miss Daisy, Paty, Do Bom, Pense, Deline, Avipal. E estas.
16/03/2017
abertura
entrego ao silêncio
meu nome
meus hábitos
entrego ao silêncio meu tempo
minha ilusão de nascer e de morrer
e tudo que acumulei
(atrás de uma estabilidade que só há no silêncio)
entrego ao silêncio meu corpo
minhas dores
meus defeitos
meus amores
meus jeitos
minhas conquistas
meus possessivos
entrego ao silêncio
minha pressa
minha doença
minha esperança
meu medo burro
minha dança
meu muro
minha rima
meu murro
minha certeza
minha lógica
então
a sós
entrego ao silêncio
minha voz
meu nome
meus hábitos
entrego ao silêncio meu tempo
minha ilusão de nascer e de morrer
e tudo que acumulei
(atrás de uma estabilidade que só há no silêncio)
entrego ao silêncio meu corpo
minhas dores
meus defeitos
meus amores
meus jeitos
minhas conquistas
meus possessivos
entrego ao silêncio
minha pressa
minha doença
minha esperança
meu medo burro
minha dança
meu muro
minha rima
meu murro
minha certeza
minha lógica
então
a sós
entrego ao silêncio
minha voz
grande parte dos grandes mestres budistas eram mendigos
não vemos o boi em chamas
nem o frango torturado
na carne embalada dormindo no mercado
a realidade sem ar se tornou
o que a porcaria congelada dos jornais
querem mostrar
cremos nas canções
que repetem poeticamente:
"é impossível ser feliz sozinho"
e assim - de forma banal - criamos
todos os dias, todas as horas
além do horário comercial
as grades de nossa gaiola
por isso é tão difícil a empreitada
de silenciar - não fazer nada
porque é do que mais precisamos
nem o frango torturado
na carne embalada dormindo no mercado
a realidade sem ar se tornou
o que a porcaria congelada dos jornais
querem mostrar
cremos nas canções
que repetem poeticamente:
"é impossível ser feliz sozinho"
e assim - de forma banal - criamos
todos os dias, todas as horas
além do horário comercial
as grades de nossa gaiola
por isso é tão difícil a empreitada
de silenciar - não fazer nada
porque é do que mais precisamos
Poesia temática:
autocrítica,
budismo,
crítica social,
meditação,
poesia
14/03/2017
lençol
este lençol aqui
que sinto pelo tato
e me parece meu
para uma traça
será comida
sentida pelo sabor
para um sádico
será uma forma de criar
um chicote e pavor
para uma costureira
será um conjunto de fios tecidos em arte
retidos unidos com técnica e retina
para um assassino
será um meio de enforcar alguém
se divertindo
este lençol formado
de fios de algodão
que nasceram da flor de uma planta
que por sua vez nasceu do grão
de outra planta
e assim até o infinito mistério da criação
este lençol aqui
mudo
fio a fio
é isso tudo
porque é vazio
que sinto pelo tato
e me parece meu
para uma traça
será comida
sentida pelo sabor
para um sádico
será uma forma de criar
um chicote e pavor
para uma costureira
será um conjunto de fios tecidos em arte
retidos unidos com técnica e retina
será um meio de enforcar alguém
se divertindo
este lençol formado
de fios de algodão
que nasceram da flor de uma planta
que por sua vez nasceu do grão
de outra planta
e assim até o infinito mistério da criação
este lençol aqui
mudo
fio a fio
é isso tudo
porque é vazio
13/03/2017
campo grande (ou a primeira vez que a vi)
estou vivo
no meio do dia seguinte
quase meio-dia
vento e sol
lá fora
aqui dentro
som do mar
enorme
uma tatuagem
forma poesia
no ombro-ar
a busca de algo maior
nos irmana
primeiro beijo de flor
de frente pra flor
com outra na nuca
o encontro
o encanto
o canto silencioso
de borboletas no estômago
silêncio de cor:
não escrevo nada
que ameace a delicadeza
(nem a palavra nuvem
nem a antiga vontade
nem a nova certeza)
no meio do dia seguinte
quase meio-dia
vento e sol
lá fora
aqui dentro
som do mar
enorme
uma tatuagem
forma poesia
no ombro-ar
a busca de algo maior
nos irmana
primeiro beijo de flor
de frente pra flor
com outra na nuca
o encontro
o encanto
o canto silencioso
de borboletas no estômago
silêncio de cor:
não escrevo nada
que ameace a delicadeza
(nem a palavra nuvem
nem a antiga vontade
nem a nova certeza)
10/03/2017
jazz tranquilinho
lembranças de mãos dadas
esperanças de mãos dadas
luz neon
comida
bebida
garçom
a lua cheia sustenta
os prédios da cidade
e seus muros
arde lá fora
o futuro
esperanças de mãos dadas
luz neon
comida
bebida
garçom
a lua cheia sustenta
os prédios da cidade
e seus muros
arde lá fora
o futuro
07/03/2017
para nise da silveira
fernando molhado
ficou louco e foi internado
quando a menina que tocava piano na casa da patroa
casou com outro
passou a pintar o quadro
com os detalhes da casa
da sala do nada do quarto
e se curou pela fala desenhada
num dia de chuva azul-horizonte
e amor (maior) de outra fonte
ficou louco e foi internado
quando a menina que tocava piano na casa da patroa
casou com outro
passou a pintar o quadro
com os detalhes da casa
da sala do nada do quarto
e se curou pela fala desenhada
num dia de chuva azul-horizonte
e amor (maior) de outra fonte
Poesia temática:
cinema,
homenagem,
musas,
poemas psi,
poesia,
psi,
psicologia
04/03/2017
canto de ilusão vaporosa e imprescindível
ela se disfarça de sonho
pra me embriagar de nuvens
leve sorri de branco
e longe ou perto
traz as causas e condições
para meu sorriso mais sincero
ela pode ir
ela pode vir
eu estou aqui
sorrindo
pra me embriagar de nuvens
leve sorri de branco
e longe ou perto
traz as causas e condições
para meu sorriso mais sincero
ela pode ir
ela pode vir
eu estou aqui
sorrindo
25/02/2017
poema em loop
esgarçar o plexo
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
então
esgarçar o plexo
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
então
esgarçar o plexo
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
então
esgarçar o plexo
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
então
esgarçar o plexo
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
então
esgarçar o plexo
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
então
esgarçar o plexo
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
então
esgarçar o plexo
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
(108 vezes)
então
cansar
e apontar
pro vermelho do próprio coração
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
então
esgarçar o plexo
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
então
esgarçar o plexo
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
então
esgarçar o plexo
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
então
esgarçar o plexo
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
então
esgarçar o plexo
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
então
esgarçar o plexo
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
então
esgarçar o plexo
já destruído
apostando em apontar
a flecha da energia e atenção combinadas
para fora
(108 vezes)
então
cansar
e apontar
pro vermelho do próprio coração
23/02/2017
joseph mallord william turner
um céu bruto
ameaça rouco
embarcações
as cores dançam
como fumaça
e a vida
a vida inteira
passa
o último plano
antes da tosse última:
o sol
ameaça rouco
embarcações
as cores dançam
como fumaça
e a vida
a vida inteira
passa
o último plano
antes da tosse última:
o sol
22/02/2017
tudo água
houve um tempo
houve raras pessoas
em que a coisa fluía
poesia que nos surpreendia aos dois
sem construção, esperança ou depois
tipo adélia
tipo olhar de borboleta
tipo música de zélia duncan
infinito sem esforço, natural
hoje
teimoso e velho
construo demoradamente
(sorrindo do elo de mim mesmo)
arquiteturas impossíveis
engenharias pesadas
castelos difíceis
sabendo que as contas não batem
que os pregos são provisórios
que as vigas não aguentam
hoje só vejo
com olho de percevejo
a ponta
da borda
da quina
do navio
que
naufragará
assim mesmo
(pelo menos
doem menos)
houve raras pessoas
em que a coisa fluía
poesia que nos surpreendia aos dois
sem construção, esperança ou depois
tipo adélia
tipo olhar de borboleta
tipo música de zélia duncan
infinito sem esforço, natural
hoje
teimoso e velho
construo demoradamente
(sorrindo do elo de mim mesmo)
arquiteturas impossíveis
engenharias pesadas
castelos difíceis
sabendo que as contas não batem
que os pregos são provisórios
que as vigas não aguentam
hoje só vejo
com olho de percevejo
a ponta
da borda
da quina
do navio
que
naufragará
assim mesmo
(pelo menos
doem menos)
21/02/2017
elis
mulher em forma de pássaro
coração em ti voz
expansão de si - sorriso algoz
força aberta na frágil lira
lágrima quebrada antes do dia
coragem viva que escrita se atira
poesia
coração em ti voz
expansão de si - sorriso algoz
força aberta na frágil lira
lágrima quebrada antes do dia
coragem viva que escrita se atira
poesia
19/02/2017
18/02/2017
rita medusa me inspirou
somos peixes de facebook
construindo
nosso
aquário
atualizações constantes
bolhas de amigos
bombas de ar
muitas bolhas de amigos
aquário quadrangular
igreja de solidões
conectadas a telas
refletindo nossa carência
e ampliando-a
construindo
nosso
aquário
atualizações constantes
bolhas de amigos
bombas de ar
muitas bolhas de amigos
aquário quadrangular
igreja de solidões
conectadas a telas
refletindo nossa carência
e ampliando-a
15/02/2017
o poeta é a pedra no meio do caminho do poema
tenho todas as chaves
e não sei
para que
virar as maçanetas
e não sei
para que
virar as maçanetas
a culpa não é do celular
a culpa não é do celular, desde sempre aprendemos e mantemos o hábito da insatisfatoriedade. esta fome eterna pelo externo apertando nosso esterno e nos afastando do eterno. o celular é só um jeito de ver um filme sem ver um filme enquanto jantamos com fome de uma curtida no facebook, de um coraçãozinho no tinder, de uma resposta positiva em qualquer uma dessas infintas virtualidades. o celular nos permite buscar fora do presente promessas virtuais de "dias melhores virão'', sem nunca sair dessas promessas virtuais, pois sempre podem vir "dias melhores". o celular possibilita andarmos na rua tropeçando um pouco mais ao olhar emails, pensando na chance do novo emprego ou de perder o emprego antigo, na resposta da possível namorada futura ou do possível fim do namoro. mas sejamos honestos: tropeçaríamos também sem celular. porque deixamos nossa mente querer demais, porque nos habituamos ao estado de carência, porque repetimos este modo de olhar. o problema é a sensação de alívio, conforto e salvação fora de si mesmo, nas coisas do mundo. do fundo do poço da carência, o celular é o brilho falso que nos afunda ainda mais, porque deixamos. porque todo mundo faz. a corda é a generosidade. oferecer em vez de querer. olhar pra fora de si. acorda.
09/02/2017
um livro de poemas é tipo um unicórnio
dormi demais e sonhei que andava pela cidade
do rio de janeiro
até passar num set de filmagem
e reconhecer um poema
eu precisava passar
mas o poema era bom
então deitei no chão e fiquei
vis os efeitos especiais da declamação
a diretora reclamando das pessoas atrapalhando ao chão
a namorada de cabelo cor de rosa com olho brilhando
impressionada porque ele teve uma hora de prosa com um poeta famoso
mas o que mais me impressionou
é que o poema
era bom
então fiquei:
"miraflores de auréolas mirabolantes
acordar com mais de mil palavras na goela
se espremendo pra gritar em ordem revolucionária
que passo
e passo a passo
ainda não me basto
e por mais que me esforce em cada ato
quero gritar pra ser mais amado
o fio da meada o fio da faca o fio da revolução
perdida pro ego
o dom
perdido pra fama
como poemas curtos
que nada dizem
pra ser mais amado
e a fortuna crítica
e os concursos literários
e as conquistas acadêmicas
e as mulheres jovens de cabelo cor de rosa
(com olhos brilhando)
não bastam
nunca bastam
mas é nesta dança
que balança e cansa
que estamos e sempre estaremos
enquanto não virmos
além do breu
além do eu"
era mais ou menos assim
o poema de que eu não me lembro
do rio de janeiro
até passar num set de filmagem
e reconhecer um poema
eu precisava passar
mas o poema era bom
então deitei no chão e fiquei
vis os efeitos especiais da declamação
a diretora reclamando das pessoas atrapalhando ao chão
a namorada de cabelo cor de rosa com olho brilhando
impressionada porque ele teve uma hora de prosa com um poeta famoso
mas o que mais me impressionou
é que o poema
era bom
então fiquei:
"miraflores de auréolas mirabolantes
acordar com mais de mil palavras na goela
se espremendo pra gritar em ordem revolucionária
que passo
e passo a passo
ainda não me basto
e por mais que me esforce em cada ato
quero gritar pra ser mais amado
o fio da meada o fio da faca o fio da revolução
perdida pro ego
o dom
perdido pra fama
como poemas curtos
que nada dizem
pra ser mais amado
e a fortuna crítica
e os concursos literários
e as conquistas acadêmicas
e as mulheres jovens de cabelo cor de rosa
(com olhos brilhando)
não bastam
nunca bastam
mas é nesta dança
que balança e cansa
que estamos e sempre estaremos
enquanto não virmos
além do breu
além do eu"
era mais ou menos assim
o poema de que eu não me lembro
07/02/2017
mandala vajra
olhamos as coisas e não as vemos. olhamos as coisas e não nos vemos. sem esta separação entre sujeito e objeto nem há linguagem. sem o silêncio primordial, surgem conceitos duais...
olhamos a parede e não vemos o tijolo que a constitui. parece óbvio: parede. parece sólido. é automático. olhamos o tijolo e não vemos o barro de que é feito... assim vai até o infinito.
uma carroça é suas rodas? é suas tábuas? se tirarmos uma roda, continua carroça? qual o limite do que podemos tirar para continuar carroça? e o raciocínio oposto: se juntarmos rodas e tábuas, quando começa a ser carroça? a carroça está no nosso olhar e não percebemos.
linhas traçadas num papel em duas dimensões formam em nós a experiência de um cubo em três dimensões. e nem assim notamos que participamos do que vemos, surgimos junto, criamos junto.
por isso, se estamos num avião caindo sentimos medo. não vemos que não há nem o avião sólido, nem o eu sólido.
fora desta separação, fora do sonho, sem cessar, sem nascer nem morrer, a felicidade verdadeira, incondicionada. silenciosa de conceitos, se reconhecendo lentamente a si mesma em pequenos insights no meio destas letras.
(baseado em vários ensinamentos budistas, do Lama Padma Samten e dos tutores do CEBB)
olhamos a parede e não vemos o tijolo que a constitui. parece óbvio: parede. parece sólido. é automático. olhamos o tijolo e não vemos o barro de que é feito... assim vai até o infinito.
uma carroça é suas rodas? é suas tábuas? se tirarmos uma roda, continua carroça? qual o limite do que podemos tirar para continuar carroça? e o raciocínio oposto: se juntarmos rodas e tábuas, quando começa a ser carroça? a carroça está no nosso olhar e não percebemos.
linhas traçadas num papel em duas dimensões formam em nós a experiência de um cubo em três dimensões. e nem assim notamos que participamos do que vemos, surgimos junto, criamos junto.
por isso, se estamos num avião caindo sentimos medo. não vemos que não há nem o avião sólido, nem o eu sólido.
fora desta separação, fora do sonho, sem cessar, sem nascer nem morrer, a felicidade verdadeira, incondicionada. silenciosa de conceitos, se reconhecendo lentamente a si mesma em pequenos insights no meio destas letras.
(baseado em vários ensinamentos budistas, do Lama Padma Samten e dos tutores do CEBB)
04/02/2017
la la land
no início parece que vai ser só mais um musical chato, com pessoas cantando do nada, mas melhora muito. lembra o que é cinema, explora as múltiplas possibilidades dessa arte, vai bem além do filme raso, simplório, previsível, padrão de sucesso e de bilheteria. mostra o amor em sutilezas e cheio de verdade. não como o sonho colorido do final feliz, história de príncipes encantados da disney... mostra o amor como o encontro possível, cheio de apesares, momentos errados, planos de vida que bifurcam etc. pé no chão, mas cantado com o coração. pensando bem, graças a esses amores, "dando certo" ou "dando errado" construímos nossas lembranças doces, boa parte de nossa visão de mundo, objetivos e sonhos. não só os amores românticos... quando a luz diminui e a personagem canta a história de sua tia, por exemplo, é maravilhoso ver o poder de um bom encontro (ela e a tia, no caso). uma forma sublime de valorizar os artistas e outsiders que ousam ir além de uma normalidade doente e nos inspiram a fazer o mesmo. os bons encontros nos fazem sorrir pra sempre ao ver ou lembrar um do outro, sem precisar de palavras (que tendem a estragar tudo). agora vai ser assim quando eu pensar em musicais (que tendo a detestar): sorrirei internamente lembrando de la la land (e de moulin rouge) e de como eu me senti cantando junto, o peito querendo explodir, sentado imóvel e silencioso numa sala escura.
22/01/2017
do caminho
o peixe nem nota a água em redor de seu chapéu.
como mostrar-lhe então
ser ele mesmo
o céu?
como mostrar-lhe então
ser ele mesmo
o céu?
Poesia temática:
eu,
loucura,
meditação,
melhores poemas,
poesia,
prajnaparamita,
rimas,
top50
16/01/2017
interno_cão
eu
eu eu
eu eu eu
eu eu eu eu eu
eu eu eu eu
eu eu
eu eu eu
eu eu eu eu eu
eu eu eu eu
Poesia temática:
autocrítica,
budismo,
crítica social,
loucura,
meditação,
poesia,
poesia visual
do não dar
os amantes são
dois desastrados portando bombas
e olhando relógios
o aumento
dos amantes
causa estrago
os amantes se vêem amantes
na confusão romântica
muitas vezes sem amor
os amantes
no calor
ligam o ar condicionado
ou dormem separados
os passos da dança dos dados amantes
raramente
rimam
as libidos dos amantes
tentam se tocar em alma
mas não dá
então os amantes
se tocam em todo lugar
(principalmente no proibido)
dois desastrados portando bombas
e olhando relógios
o aumento
dos amantes
causa estrago
os amantes se vêem amantes
na confusão romântica
muitas vezes sem amor
os amantes
no calor
ligam o ar condicionado
ou dormem separados
os passos da dança dos dados amantes
raramente
rimam
as libidos dos amantes
tentam se tocar em alma
mas não dá
então os amantes
se tocam em todo lugar
(principalmente no proibido)
Poesia temática:
amor,
autocrítica,
budismo,
crítica social,
meditação,
poesia
13/01/2017
algo maior
a força da flor
que se abre em cor
na noite imensa
a força da árvore persistente
que busca lentamente
a benção do sol
a força natural
que nos move igual
quando a direção
é para fora do eu
que se abre em cor
na noite imensa
a força da árvore persistente
que busca lentamente
a benção do sol
a força natural
que nos move igual
quando a direção
é para fora do eu
causa mortis
por que tiramos tantas fotos?
porque não nos enxergamos
porque não nos enxergamos
Poesia temática:
autocrítica,
budismo,
crítica social,
meditação,
poesia
10/01/2017
a poesia é tua?
(para Flaira Ferro)
dentro do aplauso
no fundo do dom
ecoa o som da solidão
separados e individuais
somos animais de um circo vão
equilibrando pratos que cairão
por quantos anos ainda
alimentarei a vaidade com curtidas?
a distância de todo mundo
com poesias compridas?
- eu quero me curar de mim
dentro do aplauso
no fundo do dom
ecoa o som da solidão
separados e individuais
somos animais de um circo vão
equilibrando pratos que cairão
por quantos anos ainda
alimentarei a vaidade com curtidas?
a distância de todo mundo
com poesias compridas?
- eu quero me curar de mim
07/01/2017
colo e boca
olhos de capitu
e cabelos de iracema
versos antes
do poema
a vida desliza
tango com a sombra
lua em cristo
noite escura
versos tão certos
versos de bar
versos de dança
verbos querer
todas as tatuagens de liberdade
querem um porto seguro
bocas
envoltas
na noite
no aperto
bocas perto:
desejo
na noite
o mar é o deserto
estamos velhos do vazio
e o arrepio
é melhor a dois
e cabelos de iracema
versos antes
do poema
a vida desliza
tango com a sombra
lua em cristo
noite escura
versos tão certos
versos de bar
versos de dança
verbos querer
todas as tatuagens de liberdade
querem um porto seguro
bocas
envoltas
na noite
no aperto
bocas perto:
desejo
na noite
o mar é o deserto
estamos velhos do vazio
e o arrepio
é melhor a dois
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