29/11/2013

iaiá

Para Ingrid

nossos sonhos quase mortos.

o padrão, o patrão, os esforços.

repressão em todas as faces.

contratos sem cantar contraltos.

segurar em vez de deixar que passe.

25/11/2013

bardo

não posso deter a tempestade
sobre os homens:
posso cantar para suas dores

não publicado

escrever é uma recompensa em si
um desesforço solitário e prazeroso
com um objetivo que esqueci

24/11/2013

sobre meus amores

elas vêm
elas vão
eu pronto:
ainda não

22/11/2013

impeditivo explícito

todos os meus tigres querem reencarnar
chafurdar na lama na guerra na foda

(principalmente na foda)

vai passar

(a parede branca)

vai passar

(a parede branca)

reino-filo-classe-ordem-família-gênero-espécie
re-fi-co-fa-ge
re-fi-co-fa-ge

certeza absoluta
que amo mulher vestida de corpo
abdominais de fora de ordem de órbita de puta
(pasme)
e só com elas quero casar

21/11/2013

o de sempre

comprei um pão e um pouco de queijo
pra comer só

esfriou

no peito
os velhos tambores

a selva

um tempo para silenciar e

sereno
sem serenidade

e lá vamos nós

dados lançados em parte

lindo caos me late em lanças

toda dança sempre finda

só me resta a eternidade

20/11/2013

presentes

canto todas as minhas paixões
todos os meus amores

me deixo destruir
do que levaram

me deixo perder
no que trouxeram

19/11/2013

matinal noturno

delusão boa
delusão ruim
olho a parede
na delusão de mim

18/11/2013

reprogramação

olho a beleza
com a certeza
da ilusão

meu cérebro
(sopa de platelmintos)
ecoa a palavra fome

mas estendo a palavra mão
na direção de acalentar

eu
que aprendeu a amar
com os famintos

13/11/2013

hábitos de muitas vidas

volto minha cisma pro carma
brilha ira minha espada:
hora de mudar

12/11/2013

ao lado

fiquei uma semana ou duas sem ouvir música

minha poesia
aquece meu sofrer
tampo a porra da pia
mas quando se alaga
o nada
nado o lago
e se alastra
e me acabo
e pago o pato
e explodo o silêncio que me continha
apesar das boas intenções
que eu nem tinha

10/11/2013

solitude

quieto e relaxado
sem fazer nada
lentamente a vista bonita de janelas antigas
o cheiro da chuva de momentos bons
reencontro na paz
mais que ilusão

09/11/2013

dentre tanta não existência

toco o que não se move
nas coisas que se movem
quando paro quieto

05/11/2013

semeando silêncio

reviso o poema
refaço seu detalhe

entalho a estrada
onde parto

retiro o aço
reponho a arte

02/11/2013

depois de ontem, antes de amanhã

restou essa sopa de dentes.

(e-letras)

enquanto o lixo sempre te aceita
as partes infindas em que partes lentamente
(pentes quebrados, remédios frios, pães congelados, porta-retratos
e adjetivos nos poemas que não faço)

eis o estrabismo interrompido
pelo olhar do outro

súbito
o outro

ah, outro

ouro lúcido leve leve brilho
no beijo mágico primeiro posterior
lúcido, ilúcido, translúcido,
me salva, me cura, me fode, sorri no facebook,
me molha, me leva, me eleva, me verba...
(até que a parede o adjetive)

mas como a parede
antes do outro?
ante um e outro?

a parede, de verdade...

como a parede?

o que nos separa dela
(a pa-re-de)
agora?

como parar a parede?

escombros suportam o mundo

venta aqui
e no passado
ao mesmo tempo

(culpado)

abro todas as janelas
estudo as tantas hipóteses

concluo:

depois de tantos anos de prisão
tremo perante a liberdade
como se fosse traição