08/10/2013

sob o mesmo sol de maiakóvski

na primeira noite elas pisam seu jardim com expectativas
vem cobrar amor nas portas fechadas
e você deixa: por pena, por medo, por culpa
sem dizer nada

na segunda noite, quando você abre a tranca do plexo
i-m-e-d-i-a-t-a-m-e-n-t-e
te largam mais sozinho que antes
sem jardim, sem casa, sem amor e sem nexo

então, a mais frágil delas
sorrateiramente, silenciosamente
tenta calar seus poemas

mas ainda posso dizer algo, camarada:
esta luz, a Minha Voz
não pode ser roubada

6 comentários:

  1. Genial, como sempre! E olha que eu sempre peco pelo olhar parcial para as angústias femininas haha Gosto da sincronia dos negritos e hifens

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  2. Todo mundo essa noite sonhou com a porta do sexo se abrindo e deixando passar fio de luz ou riso. "O ratão transformara-se num príncipe encantado de pau duro.
    A bocetinha falante de Cinderela babava pelos bigodes" (Roberto Schwarz, aquele mesmo, teórico.. hehe)

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    1. Verdade. Acho que é "bucetinha", rapaz. Deve-se falar com biquinho e utilizar a língua corretamente. Apesar de ser "foder", com "o". Eu leio Bukowski pacas. :)

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  3. Uma bela surpresa conhecer o seu blog e a sua poesia, Fábio. Gostei muito dos cinco poemas que li. Volto outra hora, com mais tempo, pra fazer comentários mais específicos.

    Abraço

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