28/02/2015

disrupção

tento esquecer o que quero ser
dentro da boca de quem sou

aceito
de olivas

olho a carne nova e salivo
e vejo deus e a nona de beethoven
tocarem em meu plexo sorriso

brilha azul
a palavra salvação
enquanto tento agarrar a bóia

dou um passo atrás
e danço com três pés
observo a pele, a fome, a praia
e a vontade crescente

absorvo a liberdade
de apenas ir no ritmo
com ou sem poder
com ou sem paz

a maior das sabedorias:
- tanto faz

24/02/2015

contraste

a palavra vejo
preto percevejo
na branca folha do azulejo

22/02/2015

alergia

sem mais adoçar o mate
antes de tropeçar
na leveza enferrujada
da palavra bueiro
destampo a precisão emprestada
de versos joviais
enquanto suo

enquanto sumo

16/02/2015

palmo a palmo

desocupado demais
pra procurar culpados
vou parado
sobre o silêncio dos dias
e a paz das noites vazias

nada a comprar
nada a comparar
nada a conquistar

10/02/2015

forma e vazio

calar
enquanto o mundo grita

preferir manter a paz dos píncaros
da neve nas montanhas
do tibete
de nietzsche

sem precisar estar lá

alegrar e alegrar-se
neste espaço e neste tempo
perto e presente
aberto

deixar o tempo escorrer no agora
enquanto o mundo apressa futuros
fugindo do passado
que - assim - se repete
e repete
e repete...

quebrar ciclos infinitos

olhar um pouco de fora
viagens, empregos, relações
todos as formas de brinquedos da mente
sabendo seu vazio

07/02/2015

vendo Birdman sem cortes

e os tambores constantes

como é grande a luta
dos que buscam fama, prestígio, poder

um filme longo

logo agora que o sábio
para de olhar as horas
pra perceber as engrenagens
dentro do relógio

e por detrás delas
um invisível maior que o tempo
indivisível de tudo
indizível em versos
concatena silêncios sem ilusão
com as negras mãos dos universos

e os tambores constantes

05/02/2015

lung de Bodichita

perdemos os nomes entre os trens
e as plataformas de lançamento
de felicidades futuras

duras águas frias cantarão
infinitos passados sem cura
mas o certo
o mais certo
é o silêncio do plexo

03/02/2015

rachadura

corro do córrego

o peito represa lágrimas, alegrias, futuros, cores, passados
o peito pesa e represa um mar
que afobado sonho:

rachadura

(rio alto)

todos os elementos da cura em minhas mãos
contra tanto não
escurecendo asfaltos

01/02/2015

mas tenho o whatsapp do porteiro

não conheço nenhum vizinho
mas ajudei um mago da noruega
a passar de fase no joguinho online
e tenho o whatsapp do porteiro

a vida me tira as peças
me tira as pernas
só tira
mas tenho o whatsapp do porteiro

me atiro no sofá da sala
ouvindo os gritos de cássia
e a tempestade lá fora
sem saber se alguém ouve
se alguém houve
se alguém move
meu coração

mas tenho o whatsapp do porteiro