súbito
tantas
estradas
e o sorriso sutil
de conseguir pela primeira vez
apenas ir
o sol na cara
uma da tarde
tanta gente esperando ônibus
ruas onde nunca pisei
as pedras das escadas gastas da glória
onde antes o mar chegava
me deglutem a glote
destravo tropeços em praças
sem peso no peito
como bolo de cenoura no meio do cinza
ruas onde o eu
se desfez na luz dos arcos
sem nem saber como voltar pra casa
gago em gengibre e sem fazer ginástica
gargarejo a vida súbita
de olhos arregalados
- Fabio Rocha
- Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.
30/10/2015
óbvio ético
não é de brasília
que vai nascer a mudança
é do seu sorriso
seu agir correto
sua generosidade
sua família...
da sua casa entranhada no coração do mundo
que vai nascer a mudança
é do seu sorriso
seu agir correto
sua generosidade
sua família...
da sua casa entranhada no coração do mundo
Poesia temática:
budismo,
crítica social,
etica,
honra,
meditação,
melhores poemas,
poesia,
top10,
top20,
top50
semear
o sono dos justos
entra pela janela aberta
voando do mar sem água
esta brisa não vem
pela certeza da colheita
pela esperteza das palavras
nem por vitórias conquistadas
o sopro que balança leve as cortinas
e leva os olhos pra dentro
vem do que se semeia pra fora de si
apenas para quem olha além
o barco do tempo sorri
alisa os olhos fechados reféns
e se aconchega no peito
macio
como uma pluma
como uma estrela
como uma rosa
entra pela janela aberta
voando do mar sem água
esta brisa não vem
pela certeza da colheita
pela esperteza das palavras
nem por vitórias conquistadas
o sopro que balança leve as cortinas
e leva os olhos pra dentro
vem do que se semeia pra fora de si
apenas para quem olha além
o barco do tempo sorri
alisa os olhos fechados reféns
e se aconchega no peito
macio
como uma pluma
como uma estrela
como uma rosa
29/10/2015
foto nova
a vida tão ampla
tão perto
tão linda
tão bem-vinda
voz de cantora
e mãos bailarinas
capazes de explodir relógios
na alegria de viver em paz
mãos
dizendo mais que palavras
e corações
mãos
dançando no mesmo ritmo
(sem esperar
sem adiar:
na calma)
aos dezessete saiu de casa
certa
de não adiar o que era na alma:
poeta
não fiz seu mapa astral
nem qualquer ladainha
mas compramos utensílios de cozinha
não foi sonho
eu limpando teu batom
no meio do horário comercial
no meio da lapa
num dia de sol
e a língua
ah, a língua
que se nos tocamos
ultrapassa a linguagem
e o silêncio
tão perto
tão linda
tão bem-vinda
voz de cantora
e mãos bailarinas
capazes de explodir relógios
na alegria de viver em paz
mãos
dizendo mais que palavras
e corações
mãos
dançando no mesmo ritmo
(sem esperar
sem adiar:
na calma)
aos dezessete saiu de casa
certa
de não adiar o que era na alma:
poeta
não fiz seu mapa astral
nem qualquer ladainha
mas compramos utensílios de cozinha
não foi sonho
eu limpando teu batom
no meio do horário comercial
no meio da lapa
num dia de sol
e a língua
ah, a língua
que se nos tocamos
ultrapassa a linguagem
e o silêncio
28/10/2015
o celestar tá livre
rio profundamente
deste sorriso meu
que não cansa
hino de ninar
pros que não dormem
entre a dor antiga e a flor nova
deste sorriso meu
que não cansa
hino de ninar
pros que não dormem
entre a dor antiga e a flor nova
motivo
andei pela praia
e o vento era maior
quis chorar
mas não consegui
andei todo meu peso
contra o vento
até acabar a areia
tentei sorrir
mas desisti
o vento enorme
andei até
querer ser mar
andei sem parar
até todo o peso desmanchar
em letra
e o vento era maior
quis chorar
mas não consegui
andei todo meu peso
contra o vento
até acabar a areia
tentei sorrir
mas desisti
o vento enorme
andei até
querer ser mar
andei sem parar
até todo o peso desmanchar
em letra
limites e responsividades
olho o espaço até o futuro morto
lembro de respirar
rio do drama
sem porto
a lama, o lodo, a água
invisto em boiar
sem me agarrar a nada
(nem nadar)
a água, o lodo, a lama
lembro de respirar
rio do drama
sem porto
a lama, o lodo, a água
invisto em boiar
sem me agarrar a nada
(nem nadar)
a água, o lodo, a lama
falsos refúgios repetitivos e surpreendentes
perspectivas particulares
quentinhas, bonitas, felizes com condições e confiança de que façam o que quero
para guardar em casa, mumificadas, até que amor-te
de amar-te falsamente vira fato:
vou embora
vou embora pipocando nos olhos sem brilho
vou embora deitando lentamente nos pequeno gestos
vou embora ameaçando a geladeira
vou embora que tanto tememos e esperamos e trememos
surpreendente até ser palavra:
vou
embora
o amor verdadeiro
olhando calado
do lado de fora
quentinhas, bonitas, felizes com condições e confiança de que façam o que quero
para guardar em casa, mumificadas, até que amor-te
de amar-te falsamente vira fato:
vou embora
vou embora pipocando nos olhos sem brilho
vou embora deitando lentamente nos pequeno gestos
vou embora ameaçando a geladeira
vou embora que tanto tememos e esperamos e trememos
surpreendente até ser palavra:
vou
embora
o amor verdadeiro
olhando calado
do lado de fora
25/10/2015
23/10/2015
do amor (romântico) ou os ecos de meus cacos são tantos que quase me deixam gago
respiração curta
dor de barriga
dor na barriga
estômago maluco
frio mais frio
frio frio demais
sono por não dormir
não dormir pela falta de sono
pela falta de paz
mas você
você faz o quê?
ruminando planos passados
planejando futuros melhores
perde o presente
procura correndo
o próximo
veneno
pra te salvar
do anterior
(sentindo ereto
que agora vai dar
certo)
dor de barriga
dor na barriga
estômago maluco
frio mais frio
frio frio demais
sono por não dormir
não dormir pela falta de sono
pela falta de paz
mas você
você faz o quê?
ruminando planos passados
planejando futuros melhores
perde o presente
procura correndo
o próximo
veneno
pra te salvar
do anterior
(sentindo ereto
que agora vai dar
certo)
Poesia temática:
amor,
anti-amor romântico,
budismo,
doença,
eu,
loucura,
meditação,
melhores poemas,
poemas de amor,
poemas psi,
poesia,
separação
22/10/2015
o amor é um cansaço
eu semeio vento
porque ela é tempestade
ela escreve em prosa
a poesia em que me invento
algumas noites
nossos cansaços se enlaçam
no tempo e no sempre
antes mesmo de ser
para nos proteger
mesmo que precariamente
para nos proteger
mesmo que lindamente
(do frio indizível
dos pactos rompidos
dos besouros mortos)
porque ela é tempestade
ela escreve em prosa
a poesia em que me invento
algumas noites
nossos cansaços se enlaçam
no tempo e no sempre
antes mesmo de ser
para nos proteger
mesmo que precariamente
para nos proteger
mesmo que lindamente
(do frio indizível
dos pactos rompidos
dos besouros mortos)
Poesia temática:
amor romântico,
budismo,
homenagem,
meditação,
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poemas de amor,
poesia
20/10/2015
18/10/2015
em silêncio
a abertura solar do plexo
ocasionada por dores rápidas e amores ligeiros
pode ser a chuva
a ampliar profundo o horizonte
e irrigar de luz o mundo
ocasionada por dores rápidas e amores ligeiros
pode ser a chuva
a ampliar profundo o horizonte
e irrigar de luz o mundo
16/10/2015
sem melhor nem pior
já fui traído
invejado
oprimido
abandonado
e todas as variantes autocentradas
tomei comprimido
virei armado
corri prum local protegido
trinquei nos dentes cadeado
hoje
solto
invejado
oprimido
abandonado
e todas as variantes autocentradas
tomei comprimido
virei armado
corri prum local protegido
trinquei nos dentes cadeado
hoje
solto
barca no horizonte
tudo fora
um quadro que pintamos com o olhar
tinta de lágrimas
retinas nossas, tuas, vossas
filhas de um azul maior
garrafa de água salgada
no mar
fechada ainda
tons sobre tons
sons dobre sons de ondas
que não percebem ser oceano
aflitas
olhando a direção errada
agitadas
olhando chegada após chegada
sem ver profundo
que somos o mundo
o olho
o olhar
a tinta
o pensar
a cor
a luz
e o pintor
um quadro que pintamos com o olhar
tinta de lágrimas
retinas nossas, tuas, vossas
filhas de um azul maior
garrafa de água salgada
no mar
fechada ainda
tons sobre tons
sons dobre sons de ondas
que não percebem ser oceano
aflitas
olhando a direção errada
agitadas
olhando chegada após chegada
sem ver profundo
que somos o mundo
o olho
o olhar
a tinta
o pensar
a cor
a luz
e o pintor
11/10/2015
um suicídio a cada 40 segundos no mundo da monsanto e do eduardo cunha com contas na suíça
deus obrigado por este prato
com animais torturados
que comemos com agrotóxicos
olhando pro outo lado
deus amado
protege nossos muros
nossos trabalhos que destroem o mundo
e o descanso nos feriados
deus sagrado que nos deu
o livre arbítrio
seguido do dilúvio
e um arco-íris bonito
já é tempo
de fazer(mos) sentido?
com animais torturados
que comemos com agrotóxicos
olhando pro outo lado
deus amado
protege nossos muros
nossos trabalhos que destroem o mundo
e o descanso nos feriados
deus sagrado que nos deu
o livre arbítrio
seguido do dilúvio
e um arco-íris bonito
já é tempo
de fazer(mos) sentido?
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trabalho
06/10/2015
yin: yang
vacuidade - o feminino
luminosidade - o masculino
forma é vazio
vazio é forma
dois peixes
nadam em círculo:
nada além deles
(o infinito)
luminosidade - o masculino
forma é vazio
vazio é forma
dois peixes
nadam em círculo:
nada além deles
(o infinito)
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top30,
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04/10/2015
desistir: vitória
a mulher que perdi no mato
calo nos silêncios de ludovico
eram muitas
a mulher que perdi no mato
(admito)
já zumbia noite
árvores altas
e ela correndo pela estrada
sem calçado
sem calçada
por meu coração apertado
hoje
meu coração exagerado
volta ao mesmo lugar
ouve a mesma música
olha o mesmo rio
e não corre
não morre
nem conta
cala
e espera a sabedoria chegar
com calma e arte
o frio prevê estrelas
breve
muito breve
no céu
meu coração sem casa
brilhará por toda parte
calo nos silêncios de ludovico
eram muitas
a mulher que perdi no mato
(admito)
já zumbia noite
árvores altas
e ela correndo pela estrada
sem calçado
sem calçada
por meu coração apertado
hoje
meu coração exagerado
volta ao mesmo lugar
ouve a mesma música
olha o mesmo rio
e não corre
não morre
nem conta
cala
e espera a sabedoria chegar
com calma e arte
o frio prevê estrelas
breve
muito breve
no céu
meu coração sem casa
brilhará por toda parte
01/10/2015
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repito, espalho, compartilho, divulgo
todo pensamento, imagem, vídeo, quadro, palestra
onde ache que brilha um pingo de sabedoria, profundidade, alento
não como um guia, um sábio, um líder, um mestre, um poeta
mas como outro no escuro - desatento
todo pensamento, imagem, vídeo, quadro, palestra
onde ache que brilha um pingo de sabedoria, profundidade, alento
não como um guia, um sábio, um líder, um mestre, um poeta
mas como outro no escuro - desatento
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