olhamos as coisas e não as vemos. olhamos as coisas e não nos vemos. sem esta separação entre sujeito e objeto nem há linguagem. sem o silêncio primordial, surgem conceitos duais...
olhamos a parede e não vemos o tijolo que a constitui. parece óbvio: parede. parece sólido. é automático. olhamos o tijolo e não vemos o barro de que é feito... assim vai até o infinito.
uma carroça é suas rodas? é suas tábuas? se tirarmos uma roda, continua carroça? qual o limite do que podemos tirar para continuar carroça? e o raciocínio oposto: se juntarmos rodas e tábuas, quando começa a ser carroça? a carroça está no nosso olhar e não percebemos.
linhas traçadas num papel em duas dimensões formam em nós a experiência de um cubo em três dimensões. e nem assim notamos que participamos do que vemos, surgimos junto, criamos junto.
por isso, se estamos num avião caindo sentimos medo. não vemos que não há nem o avião sólido, nem o eu sólido.
fora desta separação, fora do sonho, sem cessar, sem nascer nem morrer, a felicidade verdadeira, incondicionada. silenciosa de conceitos, se reconhecendo lentamente a si mesma em pequenos insights no meio destas letras.
(baseado em vários ensinamentos budistas, do Lama Padma Samten e dos tutores do CEBB)
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