gosto de fado e tango
mas passo a vida comendo fandango
e pregando o que não faço
- Fabio Rocha
- Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.
31/08/2018
24/08/2018
em vez de abrir a janela
meu avô tomava banho de chuva no nordeste. não era um tempo muito longe. a gente teme. tem capa de chuva. guarda chuva. o excesso é temerário. o presidente não eleito é temer. e olha no celular a previsão do tempo em vez de abrir a janela.
Poesia temática:
autocrítica,
crítica social,
loucura,
poesia,
política,
prosa
23/08/2018
17/08/2018
houve um tempo
ouvimos lendas
de seres antigos
capazes de prasempre
eram alvos e puros
tenros
possíveis
até conseguiam
viver
no presente
de seres antigos
capazes de prasempre
eram alvos e puros
tenros
possíveis
até conseguiam
viver
no presente
16/08/2018
cartas na rua
esperando o programa de cantores na tv, ouvir o preço da alcatra me acalma. a novela nunca acaba na hora que deveria acabar. a novela deveria nem começar... o personagem escritor que criou meu livro mais maluco não quer parar de contar suas histórias. ah, auges áureos instantâneos seguidos de silêncios mais solitários... o devir rói as unhas dos meus pés idosos. foco na familiaridade da voz dizendo o preço da alcatra e fecho a janela, porque tá frio.
mary shelley aos 16
as horas de céu que vivi nesta vida
não valeram as décadas no inferno
agora cultivo a desistência
semeando celulares no silêncio
e deixando o planeta girar
por si mesmo
não valeram as décadas no inferno
agora cultivo a desistência
semeando celulares no silêncio
e deixando o planeta girar
por si mesmo
14/08/2018
dança
estrelas da consciência nebulosas
espaço maior que tempo espaço
passo
e passo a passo seremos o caminho
espaço maior que tempo espaço
passo
e passo a passo seremos o caminho
12/08/2018
11/08/2018
repetição
"não tenta remar"
repito a mim mesmo
constantemente
mas fomos treinados
habituados
cobrados
estimulados
a remar
(parados)
repito a mim mesmo
constantemente
mas fomos treinados
habituados
cobrados
estimulados
a remar
(parados)
09/08/2018
ora pois
pois poetas bons e ruins
tendem a achar a visceralidade boa
passam a vida então à toa
sofrendo antes durante e depois
tendem a achar a visceralidade boa
passam a vida então à toa
sofrendo antes durante e depois
Poesia temática:
autocrítica,
crítica social,
humor,
o poeta,
poesia,
quadra,
rima
nada a fazer (samsara)
o agredido foi agressor
o agressor, agredido será
busco a vírgula
do que me é familiar
o agressor, agredido será
busco a vírgula
do que me é familiar
07/08/2018
06/08/2018
não vai
castelos são poemas sem olhos
buscamos fora até biologicamente
o quase não vai passar de quase
você mude de cidade ou de fase
o quase
não vai passar
buscamos fora até biologicamente
o quase não vai passar de quase
você mude de cidade ou de fase
o quase
não vai passar
04/08/2018
manhã de domingo
moldes se movem por amassos
a massa mesma permanece outra
estamos muito próximos do distante
a massa mesma permanece outra
estamos muito próximos do distante
03/08/2018
da nossa falta de delicadeza e ternura
explodir
exagerar
ferir
pela milésima vez
querer poder chorar
ou expulsar no canto
o calor no peito
não basta:
escrevo
somos seres sensíveis
em nosso autocentramento
cegos pra sensibilidade alheia
como pode ser tão difícil
oferecer a outra face
pro doloroso murro?
qual a dificuldade
de ver a fragilidade
de quem dá murros?
entender seu lado
sua história
suas dores
seus enganos
porque responder sempre
vez após vez
voz após voz
letra após letra
com o automático peso
e o muro?
sorvo este cansaço
observo
me canso desse cansaço
para ir por outro caminho
de que vale a palavra final
no túmulo?
quantas separações levarei
quantos cortes bruscos e dores
do que não pode ser separado?
exagerar
ferir
pela milésima vez
querer poder chorar
ou expulsar no canto
o calor no peito
não basta:
escrevo
somos seres sensíveis
em nosso autocentramento
cegos pra sensibilidade alheia
como pode ser tão difícil
oferecer a outra face
pro doloroso murro?
qual a dificuldade
de ver a fragilidade
de quem dá murros?
entender seu lado
sua história
suas dores
seus enganos
porque responder sempre
vez após vez
voz após voz
letra após letra
com o automático peso
e o muro?
sorvo este cansaço
observo
me canso desse cansaço
para ir por outro caminho
de que vale a palavra final
no túmulo?
quantas separações levarei
quantos cortes bruscos e dores
do que não pode ser separado?
02/08/2018
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