caminhei léguas
de línguas em silêncio
pra achar minha voz
mágoas mínguas restingas
de um desértico mar
cem samambaias
repetindo padrões
em folhas brancas
sem rabos de arraias
aturando patrões
(camisas brancas)
agora o vento no mato
acariciou minha coragem fugaz
vou-me embora pra nunca mais
no exato lugar onde já estou
- Fabio Rocha
- Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.
30/04/2014
semeando avós
Poesia temática:
budismo,
crítica social,
loucura,
poemas sobre poesia,
poesia,
poetrix,
trabalho
29/04/2014
(mais de) oito horas por dia
vivemos extremos
(sobrevivemos)
entre excitação máxima e exaustão total
sem nos ver afinal
(lagos serenos)
(sobrevivemos)
entre excitação máxima e exaustão total
sem nos ver afinal
(lagos serenos)
Poesia temática:
budismo,
crítica social,
meditação,
melhores poemas,
poesia,
trabalho,
zen
28/04/2014
adivinhar o mar estando no profundo do rio
o provisório é outra parte do sonho
no qual nos pensamos molhados
entre dois mistérios: nascer e morrer
no qual nos pensamos molhados
entre dois mistérios: nascer e morrer
17/04/2014
como nasce um poema?
inicia-se com alguma palavra rasgando a pele
prossegue-se afastando as costelas
depois cavando a carne
cavucando órgãos desconhecidos
deixando vazios gritarem
soltando monstros e levezas
com precisão e intuição fonética
chegando ao íntimo cerne do escuro e da luz
muito além de si mesmo
depois acaba
e seu corpo ainda quente
e você fingindo não ter buracos nem cores
como se nada tivesse acontecido
prossegue-se afastando as costelas
depois cavando a carne
cavucando órgãos desconhecidos
deixando vazios gritarem
soltando monstros e levezas
com precisão e intuição fonética
chegando ao íntimo cerne do escuro e da luz
muito além de si mesmo
depois acaba
e seu corpo ainda quente
e você fingindo não ter buracos nem cores
como se nada tivesse acontecido
15/04/2014
mar
(Para M.)
ao tempo peço adiamento
sei que em areia tudo finda
mas - inevitável - tento:
ela é linda
ao tempo peço adiamento
sei que em areia tudo finda
mas - inevitável - tento:
ela é linda
14/04/2014
o mesmo órgão
estômago fundo:
leveza de borboletas
ou o peso do mundo
estômago quente
doente
digerindo a ele mesmo
estômago a dois:
uma casa
sem depois
estômago a sós:
digerindo
nós
leveza de borboletas
ou o peso do mundo
estômago quente
doente
digerindo a ele mesmo
estômago a dois:
uma casa
sem depois
estômago a sós:
digerindo
nós
11/04/2014
descanso em cinco lungs (ou anti-propaganda de anti-marketing)
coleciono desquereres:
desbotam ao sol interior
todas as blusas que não tenho
desbotam ao sol interior
todas as blusas que não tenho
09/04/2014
06/04/2014
bambuzal ao vento
(Para M.)
como dois galhos
quebrados partidos cortados
apoiados precariamente
como dois lunáticos
descabidos, desencaixados
irmanados um no outro
como dois budas
sentados em meditação
lado a lado
como dois galhos
quebrados partidos cortados
apoiados precariamente
como dois lunáticos
descabidos, desencaixados
irmanados um no outro
como dois budas
sentados em meditação
lado a lado
shamata impuro
as pessoas que mais falam de amor
não sabem amar
(os poetas)
paraíso
inferno
café
instantâneo
vi o grito
dentro da floresta escura
(samsara)
contemplei as emoções
que eu deveria ter
(correndo atrasado)
o grito do outro incendiou árvores
e meu estômago ácido
mas silenciei sobre o som
de todas as minhas quebras
não sabem amar
(os poetas)
paraíso
inferno
café
instantâneo
vi o grito
dentro da floresta escura
(samsara)
contemplei as emoções
que eu deveria ter
(correndo atrasado)
o grito do outro incendiou árvores
e meu estômago ácido
mas silenciei sobre o som
de todas as minhas quebras
04/04/2014
para adélia prado
gosto de adélia além das palavras
eu nasci ela escrevendo bagagem
depois, 7 anos no deserto
máscaras
enterrando
rostos
as roupas inúteis na areia
a fé em pó
deus e seus teóricos nos separando
mas o sagrado nos unindo
poesia sem enfeite
a casa da vó
o momento mágico:
da areia quente
brota uma flor
eu nasci ela escrevendo bagagem
depois, 7 anos no deserto
máscaras
enterrando
rostos
as roupas inúteis na areia
a fé em pó
deus e seus teóricos nos separando
mas o sagrado nos unindo
poesia sem enfeite
a casa da vó
o momento mágico:
da areia quente
brota uma flor
03/04/2014
vamos indo
o céu dos teus olhos prometem água
vamos partindo sob nuvens longe
sob um sol alto
vamos sem sobressalto
sorrindo poemas sem som
pelos caminhos
vamos partindo sob nuvens longe
sob um sol alto
vamos sem sobressalto
sorrindo poemas sem som
pelos caminhos
02/04/2014
sonho
na beira oval do silo imenso
tenso - a porta aberta me sai
do fatigado peito, asilo
o mesmo objeto em sincronia:
uma maçã, um coração, uma agonia
mas o redondo não cai
não estranho nem adio:
um passo e
tenso - a porta aberta me sai
do fatigado peito, asilo
o mesmo objeto em sincronia:
uma maçã, um coração, uma agonia
mas o redondo não cai
não estranho nem adio:
um passo e
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