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Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.

29/11/2020

hell de janeiro

a moça que curtiu meu poema
no instagram resoluta
chamei em vez do cinema 
para a praia

soltei a vaia 
quando ela pediu que eu pagasse o seu uber
e ela confessou: sou prostituta

24/11/2020

já deve ser natal na líder magazine

minha família
é um ninho de fome
todo espinho

juntos muitas vezes se atacam
arrancam pedaços
pedindo carinho

em bandos
(crentes)
maldizem os ausentes

dormir direito ninguém dorme
nem nota acima
um céu enorme

doa a quem doa:
absolutamente ninguém 
voa 

17/11/2020

anemofilia

canto porque o canto me canta
quem canta seus mares espanta
semeando vendo na tempestade

atenção menina do lado de fora de um abraço

outra flor pulou
do condomínio aqui do lado

antes ainda da lição
vida em botão
voo ao chão

sem elevador
nem eleição:
a dor a levou

cedo elevou sem fome
do chão da avenida sem nome

12/11/2020

por que demorei tanto a ver isso?

nem bukowski sonharia com as maravilhas da modernidade líquida

escorro os dedos pelo teclado

o celular acabando a bateria
a parede rachada
o ar condicionado quebrado

escorro os dedos pelo teclado
e nunca foi tudo tão bom e fácil e perfeito

07/11/2020

bonson

yasmin tão linda
quer ser bailarina

desenha 
a dança do sonho
de menina

cor e corpo
asa e rima

02/11/2020

seu eu pelo menos conseguisse ter saco para ler as normas de concursos literários...

(Por Lilith)

sento nu em frente ao teclado tenso
pianista de fraque saboreando o último silêncio

para nietzsche deus está morto
para deus nietzsche está vivo

dezessete graus no rio de janeiro
acordo só

nada para fazer o dia inteiro
ninguém para ver o dia inteiro

vou caminhar na nesga de sol entre nuvens
SEM MÁSCARA
antes de pensar na preguiça de caminhar ao acordar

o pé dói no sapato
a coxa reclama
a poesia vem

a língua insiste nos incisivos
e estranha infinitas vezes a porosidade
(será a idade ou o refluxo?)

ontem meia noite sem overdose
como último recurso
mesmo com intolerância a lactose
pedi dois sólidos milk shakes do bobs no ifood
(talvez em breve haja um ifood para relacionamentos não líquidos)

porém vivo e ando
ainda

os homens num mar de dor se matam pelas raras felicidades
(duram um orgasmo ou nem tanto)

os homens-nada nadam
os homens-duros duram
com a ilusão das contas bancárias durarem mais

telhados de mansões na beira da reserva
não conseguem evitar urubus

políticos vestidos de azul chegarão mais tarde na tv sorrindo
depois ou durante o mandato serão presos
(nesse ínterim, os piores citam a bíblia)

mas ainda há flores
nos terrenos não planejados
abandonados
largados ao acaso

nietzsche duvida de deus
deus acredita em nietzsche