ouço os próprios hormônios gritando fome
enquanto lá fora guardas espancam famintos
e enterram os que se amontoam nas carroças
com sapatos brilhantes
e muitas telas
face aos que sorriem
facas aos fotografados
mostro meus dentes a quem amo, incisivo
azul facebook
oculto minha biológica fome
por vezes a acarinho
minha raiva meu cachorro meu vizinho
um mundo que insiste em entrar pela janela
que provisoriamente fecho pra escapar de mim
de meus hábitos
todos os caminhos errados
mas a lua certa sobre o mar correto
então me agarro às palavras
como a criança ao voo
das gaivotas de papel
pressa de perfeição
a garra de um uivo
do mesmo lado de uma confissão
que sinto sem entender conforme cai
o brilho das letras - orvalho de paz
porque a luta é injusta
mas o velho verso é leve
como o fogo
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