15/07/2015

shortinho vermelho

num entardecer com quentes murmúrios
ouço os próprios hormônios gritando fome
enquanto lá fora guardas espancam famintos
e enterram os que se amontoam nas carroças
com sapatos brilhantes
e muitas telas

face aos que sorriem

facas aos fotografados

mostro meus dentes a quem amo, incisivo

azul facebook

oculto minha biológica fome
por vezes a acarinho
minha raiva meu cachorro meu vizinho
um mundo que insiste em entrar pela janela
que provisoriamente fecho pra escapar de mim
de meus hábitos 

todos os caminhos errados
mas a lua certa sobre o mar correto

então me agarro às palavras
como a criança ao voo
das gaivotas de papel

pressa de perfeição

a garra de um uivo
do mesmo lado de uma confissão
que sinto sem entender conforme cai
o brilho das letras - orvalho de paz

porque a luta é injusta
mas o velho verso é leve
como o fogo

Nenhum comentário:

Postar um comentário