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Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.

26/11/2014

desoprimido

o deprimido
faz mais bem
que o comprimido

25/11/2014

secreto

afinando o olhar
brilham infinitas
opções da mesma música

23/11/2014

tentando dormir

sou a criança sem muro
tendo no peito a falta
e em volta um quarto escuro

18/11/2014

o outro

o sol me arde e coça
mas nado no imperfeito
e vou assim mesmo
o olho com brilho
a vida com jeito

14/11/2014

imenso e manso

a certa altura
o céu do coração cansa de planos

(ressaca de olhos)

seu quintal
(r)existe
calejado de mãos e esforços vãos

(e desiste)

só então o descanso:
perceber murmúrios constantes
de um mar maior

(e manso)

13/11/2014

pra sempre

(em memória de Manoel de Barros)

se foi como vegetal
o maior poeta que li
em folhas de papel

tantos encontros verdes profundos
tantos amores embrulhados por suas palavras
revolucionárias
(agora me abraço a todos
no mesmo vento pantaneiro)

e os meninos e meninas que inventam inutilices
com os pés descalços na lama do tempo
sorriem o mesmo sorriso

12/11/2014

o mesmo

os abjetos psicólogos criam problemas.
os objetivos de seus bolsos sem objetos:
manter você no sistema

junto

bem junto

adjunto adjetivado do respectivo cargo

(respeitosamente)

no trabalho

é tenso
manter-se
relaxado

11/11/2014

sentido-horário

calo a voz
de minhas mãos sem calos

os ponteiros rebobinam
o fio invisível do tempo:
aproximam
a morte

05/11/2014

possibil-idade

arrumo sem arranhar os futuros
sem medo nem esperança
dos outros lados do muro