vespero escarros num vespeiro
fora de área
fora do ar
fora de mim
não sei se fugiu
não sei se caiu
não sei se esqueceu
errado, o dia se alonga
(fora o trabalho, passa rápido a vida)
eu ilusado, ávido de algo certo
lálonge trovejam nuvens
entre o dia e a noite
entre o novo e a morte...
mas não olho.
faço questão de não apontar o sonho
pros perfumes que esqueci
- Fabio Rocha
- Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.
31/03/2014
até ver a luz de casa acesa
29/03/2014
28/03/2014
molde
andamos ruas tortas
dentre muros pixados
por jovens gritando errado
os jovens produzem homens
as fábricas produzem fumaça
e seduzem homens
a derreter seu tempo jovem
sem nem tentar mudar mais nada
dentre muros pixados
por jovens gritando errado
os jovens produzem homens
as fábricas produzem fumaça
e seduzem homens
a derreter seu tempo jovem
sem nem tentar mudar mais nada
27/03/2014
gota
hábitos arranhados
no disco da mente:
descontente
descontente
descontente
baixo seu volume
rio sua rima
da montanha até o mar
no disco da mente:
descontente
descontente
descontente
baixo seu volume
rio sua rima
da montanha até o mar
26/03/2014
25/03/2014
22/03/2014
21/03/2014
estudo do movimento
(Para M.)
corpos se tocam
acumuladamente
corpos se prolongam
serpentes
ritmos em silêncio
dança para olhos fechados
corpos se tocam
acumuladamente
corpos se prolongam
serpentes
ritmos em silêncio
dança para olhos fechados
19/03/2014
17/03/2014
15/03/2014
a escada da meditação
compaixão
sem paixão:
o amor na ponta de um mundo irreal
livro livre
página em branco
ponta de lápis pronta
mais fácil comprar
um óculos novo
do que mudar a visão
dentro
palavras nascem e morrem e renascem
aqui no silêncio que observo
agora entro
calo queixas continuamente
pra não doer meus calos
e o queixo piorar
(trancado)
num circunflexo
(plexo solar)
absorvo
eu
morto vivo
pela paz
reedito
reinvento
recomeço diferente
(a porra toda)
nem que seja eternamente
falha a calha da chuva
quando não chove?
calo novamente
o poema que não faço
até ele me explodir
sem paixão:
o amor na ponta de um mundo irreal
livro livre
página em branco
ponta de lápis pronta
mais fácil comprar
um óculos novo
do que mudar a visão
dentro
palavras nascem e morrem e renascem
aqui no silêncio que observo
agora entro
calo queixas continuamente
pra não doer meus calos
e o queixo piorar
(trancado)
num circunflexo
(plexo solar)
absorvo
eu
morto vivo
pela paz
reedito
reinvento
recomeço diferente
(a porra toda)
nem que seja eternamente
falha a calha da chuva
quando não chove?
calo novamente
o poema que não faço
até ele me explodir
Poesia temática:
amor,
anti-competitividade,
budismo,
eu,
meditação,
poemas sobre poesia,
poesia,
top20,
top50
13/03/2014
desejo
queremos:
somos símios com vontades e contratos
doravante denominados partes
(realmente se sentindo incompletas)
vivendo uma vida individual
temendo uma morte individual
sem tocar a eternidade não nascida e imortal
e no esforço de não ser o silêncio universal
nos resta um pingo de arte
e uma infinidade de sofrimento
somos símios com vontades e contratos
doravante denominados partes
(realmente se sentindo incompletas)
vivendo uma vida individual
temendo uma morte individual
sem tocar a eternidade não nascida e imortal
e no esforço de não ser o silêncio universal
nos resta um pingo de arte
e uma infinidade de sofrimento
11/03/2014
08/03/2014
por enquanto
Para M.
sem pensar em ir
o passo dado
sem passado
o ladrilho
sob o pés gelados
branco o teu abraço
constante brilho
com tanto desencontro
lá fora nas janelas
eu quis uma casa
e já estávamos nela
sem pensar em ir
o passo dado
sem passado
o ladrilho
sob o pés gelados
branco o teu abraço
constante brilho
com tanto desencontro
lá fora nas janelas
eu quis uma casa
e já estávamos nela
Poesia temática:
auto-referência,
casa,
eu,
melhores poemas,
musas,
poemas psi,
poesia,
recomeço,
simbologia,
simplicidade,
vontade
03/03/2014
o sagrado
Para M.
um corpo em formato de ninho
lá fora
sorriem e dançam
nos intervalos de uma vida sem sentido
mas precisam beber para tal
aqui dentro
enquanto meu corpo definha
defino precisão, relaxamento e atenção
a cada respiração
e não me salvo
(mas me deito)
num corpo em tato de ninho
bocas se acham sorrindo
nos intervalos
tento agarrar com letras
um fantasma que sempre escapa
o detalhe entalhado no silêncio:
dentro é fora
fora e dentro
se as perguntas nos movem
todas as respostas
que não nos parem
estão erradas:
está tudo em seu lugar
um corpo em formato de ninho
lá fora
sorriem e dançam
nos intervalos de uma vida sem sentido
mas precisam beber para tal
aqui dentro
enquanto meu corpo definha
defino precisão, relaxamento e atenção
a cada respiração
e não me salvo
(mas me deito)
num corpo em tato de ninho
bocas se acham sorrindo
nos intervalos
tento agarrar com letras
um fantasma que sempre escapa
o detalhe entalhado no silêncio:
dentro é fora
fora e dentro
se as perguntas nos movem
todas as respostas
que não nos parem
estão erradas:
está tudo em seu lugar
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