todos os pontos cardeais
me expurgam
para onde deveria ir
as flechas
me espetam
janelas
de espera
enquanto olhos me olham redondos
o relógio
dá voltas
sem sair
do lugar:
sem marcar uma meta
sem sair
do quadrado
entre quatro
paredes
sob o teto quente
sobre o chão gelado
cato um meio
de não escolher uma reta
- Fabio Rocha
- Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.
30/01/2014
29/01/2014
28/01/2014
relatório de viagem: escritório
sempre confundo falópio com eustáquio
mas importa mesmo é o abraço
não obstante, ilustríssimo
a base da cadeira é de aço
quando durmo mal dói a coluna
quando durmo bem dói a coluna
quando nem durmo dói a coluna também
as luminárias seguem caladas
apenas observando
e esperando a hora certa
enquanto isso
atenciosamente
sem mais
fico
mas importa mesmo é o abraço
não obstante, ilustríssimo
a base da cadeira é de aço
quando durmo mal dói a coluna
quando durmo bem dói a coluna
quando nem durmo dói a coluna também
as luminárias seguem caladas
apenas observando
e esperando a hora certa
enquanto isso
atenciosamente
sem mais
fico
27/01/2014
25/01/2014
eu tu nós
o amor padrão é sempre esta merda:
você pensa e tensa
você mede e perde
você pensa e tensa
você mede e perde
Poesia temática:
amor,
amor livre,
dificuldade de amar,
dificuldade de relacionamento,
eu,
melhores poemas,
poesia,
poetrix
24/01/2014
anti-paixão
21/01/2014
20/01/2014
círculo perfeito no peito
Para Anna
quantas dores cabem
num poema de amor?
tempus fugit
talvez eu seja
só mais um careta e covarde
ou só quando da Paixão
tentando transformar tédio em melodia
bebendo poesia - tesão veneno antimonotonia
meu medo aumente abaixo do papel
porque dentro de todo lençol
tem uma máscara de água
talvez não
talvez o distante apenas
brilhe horizontes assim
ou tonto
eu siga tentando dançar
sem ter pernas
na véspera de ir bater ponto
quantas dores cabem
num poema de amor?
tempus fugit
talvez eu seja
só mais um careta e covarde
ou só quando da Paixão
tentando transformar tédio em melodia
bebendo poesia - tesão veneno antimonotonia
meu medo aumente abaixo do papel
porque dentro de todo lençol
tem uma máscara de água
talvez não
talvez o distante apenas
brilhe horizontes assim
ou tonto
eu siga tentando dançar
sem ter pernas
na véspera de ir bater ponto
foto: Fabio Rocha |
Poesia temática:
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16/01/2014
estranhamento lírico livre poliamoroso
o poema vou
vou pro norte de trem
pro oeste de carro
pro sul de avião
voo pro alto, superman
sem cair
sem sair de mim
e sem mentir pra ninguém
vou pro norte de trem
pro oeste de carro
pro sul de avião
voo pro alto, superman
sem cair
sem sair de mim
e sem mentir pra ninguém
15/01/2014
complicaciones
Para Olga
agora me (en)canto sem música
porque cantamos juntos sem ensaio e sem jeito
e foi perfeito
agora me (en)canto sem música
porque cantamos juntos sem ensaio e sem jeito
e foi perfeito
lança
Para Olga
as e se teu beijo
silencia todos os andaimes?
quando e como reconstruir
meus pedaços
se o aço de tua boca que morde
e sopra e dança
ainda balança
esse coração perfurado?
as e se teu beijo
silencia todos os andaimes?
quando e como reconstruir
meus pedaços
se o aço de tua boca que morde
e sopra e dança
ainda balança
esse coração perfurado?
13/01/2014
deitada
Para Olga
o indizível me olha nos olhos
longamente
sonho de novo
oceanos de sentir
e de sentido
um corpo
e um rosto de estátua
um medo
e uma vontade:
para sempre
o indizível me olha nos olhos
longamente
sonho de novo
oceanos de sentir
e de sentido
um corpo
e um rosto de estátua
um medo
e uma vontade:
para sempre
las brumas de Lima
Para Olga
mis hombros fueron hechos
para recibir tu cabeza
como el mar helado del pacifico
recibe gaviotas
y las olas
que se mueven por todo el planeta
sin desprenderse del agua
mis hombros fueron hechos
para recibir tu cabeza
como el mar helado del pacifico
recibe gaviotas
y las olas
que se mueven por todo el planeta
sin desprenderse del agua
Poesia temática:
amor,
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09/01/2014
feminino, plural
como se o fruto da resposta
estivesse desde sempre
no fundo do ventre das árvores
as árvores:
feminino, plural
estivesse desde sempre
no fundo do ventre das árvores
as árvores:
feminino, plural
Poesia temática:
amor,
amor livre,
anti-religião,
eu,
loucura,
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poesia
garantia
televisores não quebram
para que possamos ver e querer
Comprar coisas que quebram
para que possamos ver e querer
Comprar coisas que quebram
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06/01/2014
poliamor em decassílabos
queria deixar mas tenho ciúme
queria casar mas tenho desejos
então silencio lumes e gumes
pela profundidade de teu beijo
queria casar mas tenho desejos
então silencio lumes e gumes
pela profundidade de teu beijo
02/01/2014
caio feliz nas melhores tentações
(Para Olga, que me fez conhecer Lima)
estava cansado de ser homem
até me perder em teu toque
não sei como chegaste
nem a história de onde vieste
(e eu nem sabia que te esperava)
mas vieste
com esse jeito forte
com esses olhos móveis
com esse corpo esculpido em carne
a palavra delícia
dança no céu sem estrelas
onde meus dedos buscam
esse corpo de estátua que toco
treme
(as cavernas do teu corpo)
me chama e me puxa
pequeno, visceral e quente
num frenesi de vulcão invertido
e, pulsando, também me ascende
úmido e liso como deveria ser deus
nossas línguas
não se entendem tão bem
quanto nossas línguas
com tua boca na minha
aprendo:
corpos se compreendem
sem palavras
sem limites
mar de infinitas possibilidades
dentro do beijo mais longo:
criação gradual de pacífico e atlântico
beija-me, então
que estamos todos
longe de casa
beija-me
que nem penso
nem falo palavras
dentro da tua boca múltipla
beija-me
e assim descanso
pois no teu beijo
quase morro
de tanta vida
estava cansado de ser homem
até me perder em teu toque
não sei como chegaste
nem a história de onde vieste
(e eu nem sabia que te esperava)
mas vieste
com esse jeito forte
com esses olhos móveis
com esse corpo esculpido em carne
a palavra delícia
dança no céu sem estrelas
onde meus dedos buscam
esse corpo de estátua que toco
treme
(as cavernas do teu corpo)
me chama e me puxa
pequeno, visceral e quente
num frenesi de vulcão invertido
e, pulsando, também me ascende
úmido e liso como deveria ser deus
nossas línguas
não se entendem tão bem
quanto nossas línguas
com tua boca na minha
aprendo:
corpos se compreendem
sem palavras
sem limites
mar de infinitas possibilidades
dentro do beijo mais longo:
criação gradual de pacífico e atlântico
beija-me, então
que estamos todos
longe de casa
beija-me
que nem penso
nem falo palavras
dentro da tua boca múltipla
beija-me
e assim descanso
pois no teu beijo
quase morro
de tanta vida
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