um escritor não deve
viver de tudo na vida
antes de tudo
deve evitar sofrer
porque sente muito mais
que qualquer outro ser
vivemos a um passo da loucura
e a roda da vida não para:
acerto e erro
os pássaros da dança com Mara
paro
respiro
recomeço
que meu último poema
não traga alívio ou incômodo
para todos na samsara
que meu último poema
seja para
ajudar a iluminá-la
- Fabio Rocha
- Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.
30/10/2013
29/10/2013
bom dia, amor
Para Danielle
eu feliz no mercado
comprando o que ela gosta
porque ela vem
depois, ela me coça as costas
e me corta o pão
em diagonal
(fica tão bom...)
nessas breves horas de distração
sem o medo futuro, sem o peso passado
ainda ser capaz de amar
e ser amado
eu feliz no mercado
comprando o que ela gosta
porque ela vem
depois, ela me coça as costas
e me corta o pão
em diagonal
(fica tão bom...)
nessas breves horas de distração
sem o medo futuro, sem o peso passado
ainda ser capaz de amar
e ser amado
Poesia temática:
amor,
dificuldade de amar,
musas,
poemas de amor,
poesia,
rima
28/10/2013
38 e meio
38 e meio
gemo claro no apartamento vazio
o fim de semana inteiro
38 e meio
o corpo para de se mover
e olho o nada
numa meditação avançada
pelo cansaço
pela doença
38 e meio:
minha idade e minha febre
gemo claro no apartamento vazio
o fim de semana inteiro
38 e meio
o corpo para de se mover
e olho o nada
numa meditação avançada
pelo cansaço
pela doença
38 e meio:
minha idade e minha febre
24/10/2013
22/10/2013
18/10/2013
única meta possível
17/10/2013
16/10/2013
centro
sempre vi
no silêncio das árvores
a sombra da perenidade
é deste silêncio
que brota tudo
inclusive a nossa forma
de ver o mundo
vou junto
juntando palavras
para oferecer aos seus olhos
no silêncio das árvores
a sombra da perenidade
é deste silêncio
que brota tudo
inclusive a nossa forma
de ver o mundo
vou junto
juntando palavras
para oferecer aos seus olhos
15/10/2013
isso não pode ser a vida
14/10/2013
13/10/2013
o amor que começa como amizade tende a driblar as ilusões das paixões
momentos dourados
esquecidos nos cantos da vida duradoura
momentos de pura felicidade
estrelas cadentes
em longas noites escuras
momentos extremos
fugazes
que estranhamos
e perdemos quando pensamos
esquecidos nos cantos da vida duradoura
momentos de pura felicidade
estrelas cadentes
em longas noites escuras
momentos extremos
fugazes
que estranhamos
e perdemos quando pensamos
12/10/2013
vento ao sol de sábado
na cama
ela se encosta
nas minhas costas
ou anda
enquanto fala no celular com a prima
(ela cala tanto)
acho bonito
o quanto a desconheço
o quanto
desconhecemos tudo e todos
o tempo todo
até nos mesmos
não tenho a ilusão
de um dia
vir a conhecê-la
tudo o que nos parece mais certo é sonho
sinto é esse frescor de tocar as mãos
que faz achar até bom
o deserto onde nos afogávamos
(aprendemos tudo errado a vida toda...)
agradeço ela
no meio da vida
nesse meio-dia
sol a pino, eu mantro:
não procuro nem espanto
não dependo nem esqueço
não comparo nem ignoro
um dia ela vai embora, eu sei
um dia também irei
vou vivendo sem esforço, medo, plano
sem verbos:
letras de um sábado sem pressa
deliciosamente imperfeitos
corpos feitos de preguiça
dormindo nas horas mais estranhas
relaxados, alimentados
quase atingindo
a complexidade
de ser simples
de ser agora
sem deixar nada pra depois
sem querer nada do depois
ela, eu, você, pronomes pessoais
(no caso, todos iguais)
ela se encosta
nas minhas costas
ou anda
enquanto fala no celular com a prima
(ela cala tanto)
acho bonito
o quanto a desconheço
o quanto
desconhecemos tudo e todos
o tempo todo
até nos mesmos
não tenho a ilusão
de um dia
vir a conhecê-la
tudo o que nos parece mais certo é sonho
sinto é esse frescor de tocar as mãos
que faz achar até bom
o deserto onde nos afogávamos
(aprendemos tudo errado a vida toda...)
agradeço ela
no meio da vida
nesse meio-dia
sol a pino, eu mantro:
não procuro nem espanto
não dependo nem esqueço
não comparo nem ignoro
um dia ela vai embora, eu sei
um dia também irei
vou vivendo sem esforço, medo, plano
sem verbos:
letras de um sábado sem pressa
deliciosamente imperfeitos
corpos feitos de preguiça
dormindo nas horas mais estranhas
relaxados, alimentados
quase atingindo
a complexidade
de ser simples
de ser agora
sem deixar nada pra depois
sem querer nada do depois
ela, eu, você, pronomes pessoais
(no caso, todos iguais)
before midnight
a vida posta
na mesa do efêmero
um pássaro
pousa
no crepúsculo
somos todos
os mesmos passos leves
criando danças
crianças
passando
na mesa do efêmero
um pássaro
pousa
no crepúsculo
somos todos
os mesmos passos leves
criando danças
crianças
passando
11/10/2013
08/10/2013
sob o mesmo sol de maiakóvski
na primeira noite elas pisam seu jardim com expectativas
vem cobrar amor nas portas fechadas
e você deixa: por pena, por medo, por culpa
sem dizer nada
na segunda noite, quando você abre a tranca do plexo
i-m-e-d-i-a-t-a-m-e-n-t-e
te largam mais sozinho que antes
sem jardim, sem casa, sem amor e sem nexo
então, a mais frágil delas
sorrateiramente, silenciosamente
tenta calar seus poemas
mas ainda posso dizer algo, camarada:
esta luz, a Minha Voz
não pode ser roubada
vem cobrar amor nas portas fechadas
e você deixa: por pena, por medo, por culpa
sem dizer nada
na segunda noite, quando você abre a tranca do plexo
i-m-e-d-i-a-t-a-m-e-n-t-e
te largam mais sozinho que antes
sem jardim, sem casa, sem amor e sem nexo
então, a mais frágil delas
sorrateiramente, silenciosamente
tenta calar seus poemas
mas ainda posso dizer algo, camarada:
esta luz, a Minha Voz
não pode ser roubada
Poesia temática:
amor livre,
ira,
melhores poemas,
poesia,
separação,
soneto,
top10,
top20,
top50
sólido público (preso na rede social)
"como somos felizes"
"como somos felizes"
como somos ridículos...
chega um tempo em que não basta ser:
é preciso contar
pra se convencer.
"como somos felizes"
como somos ridículos...
chega um tempo em que não basta ser:
é preciso contar
pra se convencer.
04/10/2013
03/10/2013
01/10/2013
maia
parecem
pedaços
de nuvens caindo do céu
e uma planta quase morta
(aos descrentes)
mas a desolação é ilusão de véu:
toda a minha árvore
vive e voa
pela semente
Foto da reportagem no Canal Aberto (Veículo de Comunicação Interna da CMB) - Edição Número 141 - novembro e dezembro de 2012 - p. 7
pedaços
de nuvens caindo do céu
e uma planta quase morta
(aos descrentes)
mas a desolação é ilusão de véu:
toda a minha árvore
vive e voa
pela semente
foto: Fabio Rocha |
Foto da reportagem no Canal Aberto (Veículo de Comunicação Interna da CMB) - Edição Número 141 - novembro e dezembro de 2012 - p. 7
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