cansado do ar condicionado
abro a janela
e percebo que não precisava de ar condicionado
ela entra
sento na cadeira mais confortável
e aperto as mesmas letras
das máquinas de escrever de todos o escritores
ela não quer meus poemas
e eu entendo ela
meus poemas tendem a assustar
desacreditar ardor e intenções
matar pela raiz
exagerar nos sons da palavra amor
lá fora
meus poemas tendem a perder o agora
este
este
este
por não estarem distraídos
pela janela
entram sons escuros
vozes de longe
perfumes futuros
ela
(mas obedeço: não escrevo)
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