Minha foto
Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.

28/04/2015

demissão-transmigração

lentamente verifico-me a festa
com olhos de monge

longe de sair da testa
o formulário tão claro

Profissão:
poeta

24/04/2015

água e sol

o profundo permanece
abaixo das ondas que passam

da janela do silêncio
borboletas nadam
atrasadas pra aula

algo me prende
entre o raso e o fundo:
uma rede
um poema
o mundo

Imagem: foto de Fabio Rocha

23/04/2015

silencio

tendo andado atrás
por estradas tortas
para encontrar
portas trancadas
por tempo demais

sento-me para apreciar
a luz da possibilidade da verdade
mesmo que mínima
mesmo que quase
mesmo que gélida
mesmo que triste

uma beleza múltipla

22/04/2015

retas e curvas

retas e curvas
Imagem: foto de Fabio Rocha

20/04/2015

da primeira vez que vi teresa

era um personagem

com o peito em frangalhos
desenhando outro rosto feminino
pra sobreviver ao vazio
pra respirar

não é assim que nos inventamos?

ela segue linda
lá e cá
mas todas vez que tento reificar
meu eu desenhista ou ela como desenho
a vida
dentro do vazio
me brilha pra dançar
um canto muito mais
amplo

dinheiro, mulheres, iates

larguei o emprego público
quando o salário dobrou
só pra te mostrar
que é possível não se dobrar

atenciosa, mente

12/04/2015

abrindo a porta pra fora da doença (brazil, 1985)

tenho tido vislumbres
de uma alegria incomensurável
e branca

um rosto de mulher
na linha de luz
do antes ao depois

asas
e
letras

uma fenda de oito horas de ar
todo dia
pra minha solidão criar

e uma vontade de sonho
sendo a alegria dos olhos
dos primeiros estrangeiros
chegando em nova iorque

ouvindo os prédios
e a imensidão
pela primeira vez

07/04/2015

incondicional

a arte
de oferecer o silêncio
arde feridas
de milênios

não adianta boa intenção
se a mão que acarinha
se vê separada
da que recebe

sozinha

06/04/2015

penso logo durmo

reduzo
ainda mais
o uso do tempo
em tempo de desuso