(Para Andrei Ribas)
sinto o rufar de tambores
em meu estômago
(mas as janelas do mundo fechadas)
todos os vulcões
rosnando sóis
(mas as janelas do fundo fechadas)
todo o brilho incontível
sem início nem fim
desde sempre querendo transbordar
muito, muito além de mim
e de todos que misturam as coisas mais impossíveis
só pra falhar ao dizer o que a poesia é
(mas as janelas dos signos fechadas
e os bêbados nos bares cortados com MPB não sendo o que queriam
enquanto me pergunto para que fui ler essa porra que também me corta
com infâncias, nádegas e parênteses)
como Nietzsche era dinamite
como o primeiro toque
como a vida em essência
muito além desta repetitividade lógica e egoísta
luz
energia
tesão
que tentamos localizar em pessoas, metas, bens ou poemas
e choramos ao perder, dependentes
com medo da noite e das faces que preenchem o vazio
e sorrimos, ao menos
ao fotografar com palavras
não minhas nem suas
sorrimos com o sol na cara
- Fabio Rocha
- Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.
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