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Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.

30/06/2014

Garrincha

as 288 colunas retas do estádio, Mané
custam mais e valem menos
do que sua dupla perna e duplo pé

24/06/2014

a_vós

minhas mãos
são grandes demais
pra enxugar os pingos de chuva

e esse frio seco
essa distância entre as palavras...

talvez eu devesse
voltar a reclamar

não

afirmo a cisma
maior que o hábito

tusso e expulso
o som ritmado
dessa minha voz
antiga

22/06/2014

shamata

sino tibetano
tocando leve
o silêncio maior que eu

lenta inspiração
calor bom

como se o corpo não existisse
como se o mundo não existisse

ali desde antes do antes
depois do depois
firme

passo em paz

no espaço de um olhar
viver Heráclito:
tudo um
(vazio e forma)

água não mais de ondas
água de oceano

nada

19/06/2014

sem negar nada

cabe a verdadeira felicidade
no silêncio
(cada vez mais brilho no silêncio)

mas jogo videogame
(rápido
quente
fígado)
pra treinar o salto no mundo enorme
sem acordar a paz que ainda dorme

dito isso
vou-me tonto
e verdadeiramente feliz
vegetariar no churrasco
destorcer na Copa
mandar hadouken pela paz

treino o silêncio, o amor, o combo aéreo, as vendas, a vida:
tudo por um triz

sem silenciar os poemas que faço
com os poemas que fiz

13/06/2014

06/06/2014

(re)pouso

parando
ultrapassou
a pressa

Imagem: Foto de Fabio Rocha

pré-pouso (são)

paro todos os pêndulos
e me penduro na resposta de tudo:
o sopro mudo do silêncio