(Para Olga, que me fez conhecer Lima)
estava cansado de ser homem
até me perder em teu toque
não sei como chegaste
nem a história de onde vieste
(e eu nem sabia que te esperava)
mas vieste
com esse jeito forte
com esses olhos móveis
com esse corpo esculpido em carne
a palavra delícia
dança no céu sem estrelas
onde meus dedos buscam
esse corpo de estátua que toco
treme
(as cavernas do teu corpo)
me chama e me puxa
pequeno, visceral e quente
num frenesi de vulcão invertido
e, pulsando, também me ascende
úmido e liso como deveria ser deus
nossas línguas
não se entendem tão bem
quanto nossas línguas
com tua boca na minha
aprendo:
corpos se compreendem
sem palavras
sem limites
mar de infinitas possibilidades
dentro do beijo mais longo:
criação gradual de pacífico e atlântico
beija-me, então
que estamos todos
longe de casa
beija-me
que nem penso
nem falo palavras
dentro da tua boca múltipla
beija-me
e assim descanso
pois no teu beijo
quase morro
de tanta vida
Belo poema, amigo Fabio Rocha. Da melhor lavra.Parabéns! Este tem que estar em teu novo livro, a ser lançado em 2014.
ResponderExcluirUm grande abraço,
Nilton Maia
Obrigado, amigo! Abração
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