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Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.

30/12/2013

porque podemos ser mais e a hora é agora

caminhamos para o trabalho
que em nada muda a destruição do mundo
engarrafados, lentos
numa perda coletiva de esperança

nem caminhar, caminhamos...
aceitamos esteiras
sem olhar as estrelas

aceitamos os números
sem ouvir corações

por causa do rádio não há mais diálogo
e da TV nem se fala

mas a internet pode mudar isso
porque aqui todos tem voz

a internet pode mudar
nosso jeito de viver para nada
destruindo tudo

não, não quero comprar nada. nem vender.
não, também não quero proteger uns poucos escolhidos e ferrar com os outros.
não quero o padrão absurdo de comportamento
que seguimos somente por ser o padrão em todas as áreas da vida.

quero, apenas, o que já está acontecendo
o novo ano que respira
cada vez que uma mão humana se ergue nas ruas
a favor do amor
contra tanta estupidez

pois essa mão é maior
que o amante, a família, os amigos, a rua, o bairro, a cidade ou o país

essa mão é o mundo!

mate y pisco o machu picchu

(Para Olga)

mate y pisco o machu picchu

naranja como un cielo
naranja como un sueño:
toda la vida es ahora
este atardecer

es preciso y precioso
tener un caos
dentro de tu orden
dentro de tu morada en la paz

(resollar de los opuestos)

así es que los borrachos caminan rotos
por lunas de manzanas
y masticam - tontamente
el imposible

29/12/2013

definição

poesia
é o que fazemos
sem pensar no que estamos fazendo

20/12/2013

l'art d'aimer

a música mais rara
é a de duas
paixões simultâneas

geralmente um quer samba
outro, tango

e acabam
cada um
prum lado

ou pior:
quatro pés
machucados

18/12/2013

monogamia padrão

monoamor (monopaixão?) tem desgosto de despeixe com deslimão
uma monoânsia, um monofulgor, uma monopressa
um monoplano, uma monometa, um monomeio
pra mais monótona desilusão

11/12/2013

o valente não é violento

o valente
volta a visão
para dentro

( participe você também: http://www.ovalentenaoeviolento.org.br/ )

07/12/2013

incondicional

eu te amo leve
como essa brisa entrando no apartamento

eu te amo intransitivo
sem depois ou antes
condições ou requisitos

meu amor é esquisito
como um desconhecido
que joga um sorriso em seu rosto
e sai correndo pra longe
sorrindo também

06/12/2013

pai, professor, patrão, pátria...

olho as ordens de sempre
de cima

um olho que tudo vê
tentando controlar e manter

o olho do querer

um olho de máquina
destruindo tudo
por poder

olho mais leve que qualquer fim:
não vou amar assim

05/12/2013

oito olhos

ela mora no meus olhos
e acho que sabe

aqui, não poupo palavras
e ela cabe