tendo caminhado um bom tempo
sem mão dada
sob o frio do céu nublado
no meio das inutilidades
encontrei deus
não me disse nada
tinha barba feita
e secava gelo
com um sorriso
- Fabio Rocha
- Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.
30/06/2013
desinstrumento
Poesia temática:
anti-religião,
crítica social,
deus,
humor,
inútil,
loucura,
melhores poemas,
osho,
poesia,
trabalho
26/06/2013
desoperação
faço um poema
atravessando a rua
ainda leve
a mente quer planejar, programar, verbalizar
mais leveza
o tempo me fascina:
a vida se confunde com sonho
fora da rotina
cruzo os braços orgulhoso
vergalhões de aço
andaimes
guindastes
cuidado:
desoperário em construção
atravessando a rua
ainda leve
a mente quer planejar, programar, verbalizar
mais leveza
o tempo me fascina:
a vida se confunde com sonho
fora da rotina
cruzo os braços orgulhoso
vergalhões de aço
andaimes
guindastes
cuidado:
desoperário em construção
18/06/2013
coletivo
não são os vinte centavos a mais
dos coletivos
é o pensar no coletivo
que não morreu
que não vai morrer jamais
e não precisa de líderes ou partidos
dos coletivos
é o pensar no coletivo
que não morreu
que não vai morrer jamais
e não precisa de líderes ou partidos
(foto: Tumblr - O que não sai na TV) |
16/06/2013
foto-grafias
vou pelo caminho de sangue
pisando minhas próprias vértebras
(para onde?)
distrações me distanciam
recortes de paz distantes
foto-grafias
imagens internas
onde sorrio falso
mas fora delas
o vácuo de um cadafalso
vou flertando minha angústia
apressando dias vazios
vazando sentido
passo interrompido
mãos furadas
atravessadas
de areia
sigo saudoso da morte
cantando e aplaudindo
o silêncio desta voz tardia
pisando minhas próprias vértebras
(para onde?)
distrações me distanciam
recortes de paz distantes
foto-grafias
imagens internas
onde sorrio falso
mas fora delas
o vácuo de um cadafalso
vou flertando minha angústia
apressando dias vazios
vazando sentido
passo interrompido
mãos furadas
atravessadas
de areia
sigo saudoso da morte
cantando e aplaudindo
o silêncio desta voz tardia
em nenhuma palavra
vejo o cabelo da Deusa
nos cipós das árvores
ela resiste
apesar de tudo
apesar dos homens
andorinhas ainda enternecem o crepúsculo
o som de água
em algum lugar perto
ecoa meu silêncio
nos cipós das árvores
ela resiste
apesar de tudo
apesar dos homens
andorinhas ainda enternecem o crepúsculo
o som de água
em algum lugar perto
ecoa meu silêncio
14/06/2013
castelos musgos
fundações ruem
sobre bases que cedem
ah, como enxuguei silêncio
com palavras
trabalho vão e frio
indo contra o feio
o vencedor:
o vazio
sobre bases que cedem
ah, como enxuguei silêncio
com palavras
trabalho vão e frio
indo contra o feio
o vencedor:
o vazio
duas pontes
olhares
que não creem mais
em olhares
a lesma de tua língua
perdida em minha boca
não mastigo nem cuspo
mortos
ligados
pelo queixo
estátuas gigantes
se apoiando
sobre o abismo: antes
que não creem mais
em olhares
a lesma de tua língua
perdida em minha boca
não mastigo nem cuspo
mortos
ligados
pelo queixo
estátuas gigantes
se apoiando
sobre o abismo: antes
12/06/2013
dia dos afogados
eu me precipício:
gosto quando chovo
e morro quando gozo
gosto quando chovo
e morro quando gozo
Poesia temática:
jogo de palavras,
melhores poemas,
poesia,
poetrix
vou dormir
o corpo se contorce em busca
quer mais que o apartamento sem gente
cheio de móveis
imóveis
esqueletos do tempo
lemas gastos
pastos brancos
troco letras e desejos
através de telas
por mãos que não se tocam
solidão e solidão
em caracteres inexatos
fatos frios
pratos limpos
copos tortos
paro a roda da fortuna
travo a roleta russa
deixo que ela tussa
quases sangues sêmens
é foda
mas adio
adio
o que não seja o vazio
pois a cura não é fora
quer mais que o apartamento sem gente
cheio de móveis
imóveis
esqueletos do tempo
lemas gastos
pastos brancos
troco letras e desejos
através de telas
por mãos que não se tocam
solidão e solidão
em caracteres inexatos
fatos frios
pratos limpos
copos tortos
paro a roda da fortuna
travo a roleta russa
deixo que ela tussa
quases sangues sêmens
é foda
mas adio
adio
o que não seja o vazio
pois a cura não é fora
11/06/2013
bem que se quis
mundo enorme
em que estranho estar
disforme
literal, preciso, nítido
desértico, populoso, artístico
com plexo transbordado
em toda parte
escorre arte
observo sem dizer um ai
estes céus de vanilla sky
das cinco da manhã
não mais ir
deitado no banco de trás
do carro dos pais
ser o Único herói
capaz de fazer
a criança crescer
num mundo frio de ar
sem casaco ou afã
sob um sol que amarela
através de catracas vãs
voo
em que estranho estar
disforme
literal, preciso, nítido
desértico, populoso, artístico
com plexo transbordado
em toda parte
escorre arte
observo sem dizer um ai
estes céus de vanilla sky
das cinco da manhã
não mais ir
deitado no banco de trás
do carro dos pais
ser o Único herói
capaz de fazer
a criança crescer
num mundo frio de ar
sem casaco ou afã
sob um sol que amarela
através de catracas vãs
voo
10/06/2013
me duele el tango
piazzolla preciso
agudo
furando o chakra cardíaco
essa é minha vida:
só ouço os acordes da chegada
quando já é hora da partida
mas preciso calar a saudade
dos tangos que não dançamos
e dormir em paz
sobre nosso
nunca mais
agudo
furando o chakra cardíaco
essa é minha vida:
só ouço os acordes da chegada
quando já é hora da partida
mas preciso calar a saudade
dos tangos que não dançamos
e dormir em paz
sobre nosso
nunca mais
domingo nublado
a boca do sol
abria e fechava
bocejando atrás das nuvens
e se as gaivotas forem mesmo
almas de pescadores que morreram no mar?
saudade do tédio
enquanto a água beija o ar
vou no ônibus bruto
acelerado
pra quê essa luta?
vida de poemas infinitos
casa sem espaço pra mim
nem tempo
e fora de casa
tudo longo
tudo longe
tudo toca demais
gente demais no mundo
gritando pra não ouvir
o silêncio
nos museus
apenas para ver
seus próprios eus
refletidos em arte
ou nos olhos das pessoas
que frequentam museus
deito pra fingir que durmo
de lado
sobre o plexo noturno
destroçado
abria e fechava
bocejando atrás das nuvens
e se as gaivotas forem mesmo
almas de pescadores que morreram no mar?
saudade do tédio
enquanto a água beija o ar
vou no ônibus bruto
acelerado
pra quê essa luta?
vida de poemas infinitos
casa sem espaço pra mim
nem tempo
e fora de casa
tudo longo
tudo longe
tudo toca demais
gente demais no mundo
gritando pra não ouvir
o silêncio
nos museus
apenas para ver
seus próprios eus
refletidos em arte
ou nos olhos das pessoas
que frequentam museus
deito pra fingir que durmo
de lado
sobre o plexo noturno
destroçado
Foto: Fabio Rocha (Museu de Arte do Rio - 9/6/13) |
09/06/2013
de profundis
pescávamos tranquilos
com a isca do canto
e um cego soltava pipa na noite
mas
o peixe estranho
e as nuvens escondendo a lua
prenunciavam
a onda enorme
a onda
dos sonhos infinitos
o som da onda
o fim
*
descemos
silêncio
serenos
sereia
ela me dá a mão
e voamos na água
sobre um chão de céu:
estrelas do mar
arraias beijam flores
polvos gigantes em paz
tudo é grandioso
novo e esperado
até mesmo o sangue espalhado
da presa que caça o caçador
sangue necessário
rezado lado a lado
desço mais
atras do fascínio
salto em meu medo
tudo lento e profundo
no abismo do outro mundo
(mundo mesmo)
no escuro
ela me fecha os olhos
e em algum lugar
no mundo de cima
alguém olha o mar e a rima
sem se molhar
me salvo
vou por cidades submersas mortas
portas para estátuas sem forma
símbolos antigos do que não virá
pela caverna cruzamos
pela luz nascemos
batalhas perdidas no tempo
pelo beijo morremos
outros olhos
outros tempos
ela sobre as águas
chorando os retratos
que vivemos
mas sua mão agora
se abre em estrela
(a estrela vermelha que dorme em minha carne)
é tarde demais
nado sozinho
por caminhos errados
até
enfim
me tornar
o navio de meu sonho
desnaufragado
ser capaz de navegar o novo mundo
sem se perder da ilha
do nosso passado
uma casa no meio do mar
no meio do tempo
onde sempre haverá
você
um violoncelo
e uma luz acesa
com a isca do canto
e um cego soltava pipa na noite
mas
o peixe estranho
e as nuvens escondendo a lua
prenunciavam
a onda enorme
a onda
dos sonhos infinitos
o som da onda
o fim
*
descemos
silêncio
serenos
sereia
ela me dá a mão
e voamos na água
sobre um chão de céu:
estrelas do mar
arraias beijam flores
polvos gigantes em paz
tudo é grandioso
novo e esperado
até mesmo o sangue espalhado
da presa que caça o caçador
sangue necessário
rezado lado a lado
desço mais
atras do fascínio
salto em meu medo
tudo lento e profundo
no abismo do outro mundo
(mundo mesmo)
no escuro
ela me fecha os olhos
e em algum lugar
no mundo de cima
alguém olha o mar e a rima
sem se molhar
me salvo
vou por cidades submersas mortas
portas para estátuas sem forma
símbolos antigos do que não virá
pela caverna cruzamos
pela luz nascemos
batalhas perdidas no tempo
pelo beijo morremos
outros olhos
outros tempos
ela sobre as águas
chorando os retratos
que vivemos
mas sua mão agora
se abre em estrela
(a estrela vermelha que dorme em minha carne)
é tarde demais
nado sozinho
por caminhos errados
até
enfim
me tornar
o navio de meu sonho
desnaufragado
ser capaz de navegar o novo mundo
sem se perder da ilha
do nosso passado
uma casa no meio do mar
no meio do tempo
onde sempre haverá
você
um violoncelo
e uma luz acesa
Poesia temática:
amor,
despedida,
melhores poemas,
musas,
poemas de amor,
poesia,
separação,
top10,
top20,
top50
08/06/2013
plenilúnia (contraste)
a minha morte
flui como rio de leite
no chão branco
do apartamento branco
escrevo letras negras
com pernas de aranha
sobre ladrilhos
semeio ela
(a minha morte)
no próprio seio
a cada fechar de janela
flui como rio de leite
no chão branco
do apartamento branco
escrevo letras negras
com pernas de aranha
sobre ladrilhos
semeio ela
(a minha morte)
no próprio seio
a cada fechar de janela
07/06/2013
poente sobre mario benedetti
Para Gabriela
preparo a mala
pra onde não vou:
amá-la mal
levo um violão
que também não sei
abraçar
trago um baú leve
com pânico vermelho
e vazio amplo
(as religiões
não salvam nem deus:
só salivam dogmas)
encho o tanque
do carro
de som
escarro na palma da planta
do jardim noturno
um passado taciturno
ignição
bebo
com
moderação
parto
sem
nascer
preparo a mala
pra onde não vou:
amá-la mal
levo um violão
que também não sei
abraçar
trago um baú leve
com pânico vermelho
e vazio amplo
(as religiões
não salvam nem deus:
só salivam dogmas)
encho o tanque
do carro
de som
escarro na palma da planta
do jardim noturno
um passado taciturno
ignição
bebo
com
moderação
parto
sem
nascer
Poesia temática:
jogo de palavras,
melhores poemas,
musas,
poesia,
recomeço,
top50
luto lúdico: novilúnio
luto
luto
luto
luto
perco
ganho
um novo
velho eu
(e a paz de Morfeu)
compreender não é seguir
cheguei perto do piso da vida a dois:
2 tédios, 2 concessões, 2 disputas
até que - puta que pariu - onde esqueci meu sorriso?
sem vida monógama
eu, polígono de infinitas mãos
lentamente me aproximo
da palavra curva
estrada aberta
força arcana
beijo o tempo
(meio bêbado)
sob a lua
toco
de leve
a borda da delícia
nua
(ela dança)
comprei 2 livros de Bukowski
para ler comigo
enquanto leio Bukowski
domingo
luto
luto
luto
perco
ganho
um novo
velho eu
(e a paz de Morfeu)
compreender não é seguir
cheguei perto do piso da vida a dois:
2 tédios, 2 concessões, 2 disputas
até que - puta que pariu - onde esqueci meu sorriso?
sem vida monógama
eu, polígono de infinitas mãos
lentamente me aproximo
da palavra curva
estrada aberta
força arcana
beijo o tempo
(meio bêbado)
sob a lua
toco
de leve
a borda da delícia
nua
(ela dança)
comprei 2 livros de Bukowski
para ler comigo
enquanto leio Bukowski
domingo
06/06/2013
sozinho
o vento fala aqui
o mesmo no deserto
a travessia da angústia:
único caminho perto
(sem colo ou carinho)
quebrar
os mesmos ciclos
eternos vícios
infindos choros
parar
esses erros e recomeços
com vontade bruta
luto e luta
o mesmo no deserto
a travessia da angústia:
único caminho perto
(sem colo ou carinho)
quebrar
os mesmos ciclos
eternos vícios
infindos choros
parar
esses erros e recomeços
com vontade bruta
luto e luta
a um passo de
normalíssimo, normalice
em todo lugar do trabalho
agora há mapas de rota de fuga
(desobstruídas)
mas não fujo
me olham tensos
urubus de terno
normas internas
controlando incêndios íntimos
adiando o inevitável
replanejamento
de projetos
a paz, mulher:
uma casinha branca de varanda
uma fazenda
uma conta bancária
ou estar onde se quer?
em todo lugar do trabalho
agora há mapas de rota de fuga
(desobstruídas)
mas não fujo
me olham tensos
urubus de terno
normas internas
controlando incêndios íntimos
adiando o inevitável
replanejamento
de projetos
a paz, mulher:
uma casinha branca de varanda
uma fazenda
uma conta bancária
ou estar onde se quer?
Poesia temática:
crítica social,
jogo de palavras,
poesia,
trabalho
04/06/2013
roupas para secar
sujo minha poesia
em todo lixo que leio luxo
sujo prazerosamente
esdrúxulo minha poesia
com palavrões e ratos secos
becos fétidos
porque ela é do mundo
sujo tudo
mas silencio
aquele varal
aquele varal simples
com um lençol branco
convulsionando no vento
em todo lixo que leio luxo
sujo prazerosamente
esdrúxulo minha poesia
com palavrões e ratos secos
becos fétidos
porque ela é do mundo
sujo tudo
mas silencio
aquele varal
aquele varal simples
com um lençol branco
convulsionando no vento
Poesia temática:
amor,
jogo de palavras,
loucura,
melhores poemas,
paisagem,
poesia
recomeço
sob estes novos astros
estranhamento:
ainda estar em meu centro
sob finos véus noturnos
toalhas por secar
mortalhas que virão
vivo
leve
duas pernas
dois braços
muitas vontades
e passos de prazer e dor
(opostos complementares)
para realizá-las
aqueço a liberdade na língua
amacio-a
tudo posso
naquilo que me fortaleço
estranhamento:
ainda estar em meu centro
sob finos véus noturnos
toalhas por secar
mortalhas que virão
vivo
leve
duas pernas
dois braços
muitas vontades
e passos de prazer e dor
(opostos complementares)
para realizá-las
aqueço a liberdade na língua
amacio-a
tudo posso
naquilo que me fortaleço
03/06/2013
véspera da passagem
sol silencioso
descompasso acelerado:
aceitar
dualidades interinas
(melhor aprender a apanhar
do que vencer)
todas as coisas no modo
o mais triste possível
(é mais fácil chorar do que crescer)
- Está um lindo dia, Fabio.
- Está. Está um lindo dia.
descompasso acelerado:
aceitar
dualidades interinas
(melhor aprender a apanhar
do que vencer)
todas as coisas no modo
o mais triste possível
(é mais fácil chorar do que crescer)
- Está um lindo dia, Fabio.
- Está. Está um lindo dia.
02/06/2013
polvo ao molho parto
o último beijo
é um tiro de escopeta
(silencioso)
na alma sem escudo
no escuro
polvo
chupando
manga
não há grito que baste
que suplante
que supere
a pólvora no seio
(status de relacionamento: solteiro)
terror ácido e feio
meio de separar os (a)braços
de dois amantes reais
no meio da noite
negro e líquido nuncamais
a se espalhar lentamente
na água do olho
é um tiro de escopeta
(silencioso)
na alma sem escudo
no escuro
polvo
chupando
manga
não há grito que baste
que suplante
que supere
a pólvora no seio
(status de relacionamento: solteiro)
terror ácido e feio
meio de separar os (a)braços
de dois amantes reais
no meio da noite
negro e líquido nuncamais
a se espalhar lentamente
na água do olho
sem volúpia
salvo uma palavra que me salve
(salva de palmas)
saliva de violões vazios
cheios de som, sacrifício, saudade, desperdício...
olhos desertos
que se teimam
abertos
abertos ante o medo da grande noite
noite maior que todos
que a todos apaga a luz
quantas armas inúteis
ultratecnológicas
hiperverborrágicas
quanto tempo perdido com armas
facas, canivetes, espadas...
o que salva da noite
é o abraço
não o corte, a ferida
o oposto da morte
é o amor
não a vida
(salva de palmas)
saliva de violões vazios
cheios de som, sacrifício, saudade, desperdício...
olhos desertos
que se teimam
abertos
abertos ante o medo da grande noite
noite maior que todos
que a todos apaga a luz
quantas armas inúteis
ultratecnológicas
hiperverborrágicas
quanto tempo perdido com armas
facas, canivetes, espadas...
o que salva da noite
é o abraço
não o corte, a ferida
o oposto da morte
é o amor
não a vida
01/06/2013
polvo de novo
a manhã acorda
apesar de meu protesto
faz tempo
não lembro
um sonho
espalho-me pelo mundo
em tentáculos e palavras
que se esticam e espreguiçam
buscando crer e ser
por todos os lados
(verbo romper)
um bêbado buzina e grita
tenso na rua deserta
algo que não entendo
todos queremos ocupar mais espaço
porque o vazio do silêncio
nos apressa
apesar de meu protesto
faz tempo
não lembro
um sonho
espalho-me pelo mundo
em tentáculos e palavras
que se esticam e espreguiçam
buscando crer e ser
por todos os lados
(verbo romper)
um bêbado buzina e grita
tenso na rua deserta
algo que não entendo
todos queremos ocupar mais espaço
porque o vazio do silêncio
nos apressa
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