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Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.

26/09/2019

negação

edith não esperou tolkien
eva apressou adão
a arma do feminino é o não

19/09/2019

para roberta tostes daniel

o ser humano é o único animal que sabe que vai
e passa a vida quase toda
fingindo que não vai

04/09/2019

não sei se é depressão ou budismo este cansaço das coisas do mundo que ruem

ela gostou de algum texto meu na rede social e eu gostei da foto dela. marcamos num centro espírita. a palestra era sobre vícios, compulsões e drogas. eu estava mesmo me convencendo de que deveria ter menos sexo só pelo sexo, videogame e tinder na minha vida. lembrei da mesa radiônica ter me dito que isso era compulsão derivada de 18 vidas atrás... fui. lotado. sentei onde deu. e ela chegou. sentou ao meu lado. vontade e pegar na mão mas não podia. (centro espírita. palestra contra o sexo. outro clima...) um perfume delicioso vindo dos cabelos dela encaracolados e avermelhados. magrinha. 20 anos. pela conversa virtual eu sabia que gostava de homens mais velhos. e sabia mais de literatura do que eu. estudava letras. trabalhava com letras. eu só me perco nas letras... o palestrante falava de como o sexo pode ser viciante. como pode ser igual a uma droga. mas eu estava perdido no perfume dos cabelos dela e não conseguia acompanhar muito bem. acabou a palestra. tomamos passe. não senti nada. saímos. peguei na mão. as bocas se tocaram. fomos pra minha casa no outro lado da cidade de uber. minha cama. ela fazia tudo e bem e muito. gostava de eu ser bem mais velho. depois dos muitos orgasmos ela precisava fumar maconha. e na minha casa não dá pra se fumar maconha, é um centro budista, com altar na sala! nos desentendemos. ameaçou ir embora. meu orgulho deixou ir embora. pediu um fósforo pra fumar lá embaixo. não tinha. a diarista tinha roubado meus fósforos. saiu sem me abraçar. sem chorar. só saiu para sempre e me deixou para sempre só. ela nunca tinha ganhado um poema mas fiz um poema pra ela mesmo assim. não chorei e fui jogar videogame pensando na palestra espírita enquanto a amazônia queimava.