i have no explanations for my russian crazyness
i just have a happiness without any reason
and she thinks my idiotic singing is beautiful
she is far far far away
and we don't have the same language
and we don't have even a kiss
and she is going to read about psychology
and i am going to read about meditation
and we laugh
and our laugher is strangely authentic
because still there is something
and we both know
- Fabio Rocha
- Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.
28/09/2015
pré-ocupar
esturjões povoam noites acéfalas
dentro do som dos carros que passam
e nunca chegam
volto ao lugar vazio
mergulho no pânico
até que passe por cansaço
ou por palavra
lá fora
a maldita impressão
de que chegam
(e estou fora)
os celulares foram feitos
para ficarmos malucos
os celulares o tempo todo
perto do cérebro
o tempo todo os celulares
ou enfadonhos
ou desespero
os celulares nos tiram
dos lugares de paz
para os mares de males
os celulares e os esturjões
dentro do som dos carros que passam
e nunca chegam
volto ao lugar vazio
mergulho no pânico
até que passe por cansaço
ou por palavra
lá fora
a maldita impressão
de que chegam
(e estou fora)
os celulares foram feitos
para ficarmos malucos
os celulares o tempo todo
perto do cérebro
o tempo todo os celulares
ou enfadonhos
ou desespero
os celulares nos tiram
dos lugares de paz
para os mares de males
os celulares e os esturjões
Poesia temática:
doença,
eu,
loucura,
melhores poemas,
poemas psi,
poesia
25/09/2015
vão
o estilingue de minha língua estala
se os olhos percebem o perfume que exala
ali, logo ali, do outro lado do oceano
tinta no papel
teclas na tela
malabarismos
que não retratam
ela
se os olhos percebem o perfume que exala
ali, logo ali, do outro lado do oceano
tinta no papel
teclas na tela
malabarismos
que não retratam
ela
pro teu bem
a risada de um louco estrela
traz a lembrança do espaço claro
a noite toda luz
onde pertencemos à paz
numa miríade de cores sem intermediários
não há anúncios pra esse lugar
e a cada 40 segundos
revive outro suicídio o mundo
mas há os bares
onde mudos reforçam o calar
os bares
sem criação
os bares
para aguentar
e o espaço pouco
que agora te desconecta
olhando ansioso celulares e telas e infinitas merdas
barulhentas e brilhantes
não te contentam
nem deveriam te contentar
traz a lembrança do espaço claro
a noite toda luz
onde pertencemos à paz
numa miríade de cores sem intermediários
não há anúncios pra esse lugar
e a cada 40 segundos
revive outro suicídio o mundo
mas há os bares
onde mudos reforçam o calar
os bares
sem criação
os bares
para aguentar
e o espaço pouco
que agora te desconecta
olhando ansioso celulares e telas e infinitas merdas
barulhentas e brilhantes
não te contentam
nem deveriam te contentar
24/09/2015
dança
o poeta fingidor:
só mais uma forma do vazio
forma com mania de catar palavras
que preencham seu vazio
pro vazio tomar forma
no olho do leitor
só mais uma forma do vazio
forma com mania de catar palavras
que preencham seu vazio
pro vazio tomar forma
no olho do leitor
Poesia temática:
budismo,
meditação,
melhores poemas,
poemas sobre poesia,
poesia,
prajnaparamita,
top50
20/09/2015
já é
chega um momento sereno
em que tudo descomplica
você dorme
quando tem sono
come
quando tem fome
e abandona as possibilidades futuras
de salvação
mirabolantes, esquivas, tensas...
saúde é saudar o presente
e o arredondamento consciente
dos planos de vir a ser
através do mais sagrado:
o que é
em que tudo descomplica
você dorme
quando tem sono
come
quando tem fome
e abandona as possibilidades futuras
de salvação
mirabolantes, esquivas, tensas...
saúde é saudar o presente
e o arredondamento consciente
dos planos de vir a ser
através do mais sagrado:
o que é
18/09/2015
além
me sento
perante os cinco elementos
enquanto meu facebook lota de gente
que desconheço bem
e meu poema é uma canção
de saudade
não sei de quem
perante os cinco elementos
enquanto meu facebook lota de gente
que desconheço bem
e meu poema é uma canção
de saudade
não sei de quem
Poesia temática:
autocrítica,
budismo,
crítica social,
eu,
loucura,
meditação,
melhores poemas,
poesia
(re)creio dos bandeirantes
acordo com mosquitos levando minhas 8 horas de sono
entrando no nariz
mordendo as mãos
mordendo a boca
entrando pelas frestas que as telas das janelas não fecham
mosquitos
em comum acordo com a população local
e a normalidade
"são as gigogas"
"são os políticos que não cuidam do canal e aumentam impostos"
"é assim mesmo"
"é a poluição"
assim vamos pelo mundo
fazendo discursos não presidenciais nos dutos
comprando produtos, criando produtos, querendo produtos
cuspindo mosquitos
e vendo o problema nos outros
entrando no nariz
mordendo as mãos
mordendo a boca
entrando pelas frestas que as telas das janelas não fecham
mosquitos
em comum acordo com a população local
e a normalidade
"são as gigogas"
"são os políticos que não cuidam do canal e aumentam impostos"
"é assim mesmo"
"é a poluição"
assim vamos pelo mundo
fazendo discursos não presidenciais nos dutos
comprando produtos, criando produtos, querendo produtos
cuspindo mosquitos
e vendo o problema nos outros
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