voam sementes no vento
sobre um tempo livre que invento
preso
grades pesadas
pousadas em pássaros
tudo passa.
tudo, pássara...
até mesmo essas folhas
sãs
tão belas curvas
tão belas penas
apenas poemas cantados ao ouvido
no infinito abraço
de um instante
depois tudo distante
a morte me deixa tonto
(o silêncio também, o barulho também)
há morte
em amar-te
- Fabio Rocha
- Escritor, psicanalista e poeta nascido no Rio de Janeiro em 1976. Considerado um dos poetas brasileiros mais representativos da década de 2000 na antologia Roteiro da Poesia Brasileira (Global, 2009), é autor de vários livros publicados gratuitamente em seu blog, cujos melhores poemas foram reunidos em A Magia da Poesia (Papel&Virtual, 2000), Corte (Ibis Libris, 2004), rio raso (Patuá, 2014) e o budismo e o tinder (Multifoco, 2020). Mantém o bem sucedido site “A Magia da Poesia”, que teve mais de um milhão de acessos em 2012, onde divulga a obra de grandes poetas. Seus poemas já foram selecionados para livros escolares, traduzidos para o russo e publicados em diversas revistas literárias.
30/09/2014
29/09/2014
25/09/2014
24/09/2014
dos benefícios dos capitais
Poesia temática:
anti-deshumanidade,
anti-padrão,
crítica social,
melhores poemas,
poesia,
poetrix,
rima,
top50,
trabalho
23/09/2014
20/09/2014
recorte cultural
tive
que botar um detetive
atrás do meu desejo
querem que eu ame assim
querem que eu trabalhe como você
querem que eu compre aquilo
querem determinar até como devo foder
porra, há quanto tempo não escrevo um palavrão?
vi na TV a entrevista do cara que esquartejou o ascensorista
e quase me senti otimista
depois vim no carro ouvindo MPB
(foda-se você)
ouça bem:
vim no carro ouvindo MPB FM!
(foda-se você!)
- a memória é uma ilha de edição
ouço a voz de waly salomão
no recorte cultural
repetindo ad infinitum
agora, então
- a memória é uma ilha de edição!
que botar um detetive
atrás do meu desejo
querem que eu ame assim
querem que eu trabalhe como você
querem que eu compre aquilo
querem determinar até como devo foder
porra, há quanto tempo não escrevo um palavrão?
vi na TV a entrevista do cara que esquartejou o ascensorista
e quase me senti otimista
depois vim no carro ouvindo MPB
(foda-se você)
ouça bem:
vim no carro ouvindo MPB FM!
(foda-se você!)
- a memória é uma ilha de edição
ouço a voz de waly salomão
no recorte cultural
repetindo ad infinitum
agora, então
- a memória é uma ilha de edição!
Poesia temática:
crítica social,
eu,
homenagem,
loucura,
melhores poemas,
poesia,
rima,
top50,
trabalho
19/09/2014
reinfância
o mundo era muito interessante
algo a ser desvendado
descoberto
a enciclopédia perto do dicionário
o medo de monstros no armário
o sonho repetido: voar
devorar os bichos do chocolate surpresa
e da coleção "o mundo da criança"
que meus avós e pais me liam
(não havia computador)
lembro de usar amêndoas como giz
e folhas de palmeiras como asas
hoje
toda a minha imaginação
vai pras palavras
algo a ser desvendado
descoberto
a enciclopédia perto do dicionário
o medo de monstros no armário
o sonho repetido: voar
devorar os bichos do chocolate surpresa
e da coleção "o mundo da criança"
que meus avós e pais me liam
(não havia computador)
lembro de usar amêndoas como giz
e folhas de palmeiras como asas
hoje
toda a minha imaginação
vai pras palavras
17/09/2014
já nela
dentro da bolha
de minha pele
todas as águas
são negras
um olho gordo
olhando fora
olhando a hora
de ser feliz
de minha pele
todas as águas
são negras
um olho gordo
olhando fora
olhando a hora
de ser feliz
15/09/2014
14/09/2014
flores e abelhas na amendoeira
no meio de tanta imperfeição
o céu abriu azul
pensando bem
todos sobrevivemos a agosto
tudo bem a primavera meio fria:
faz sol
o céu abriu azul
pensando bem
todos sobrevivemos a agosto
tudo bem a primavera meio fria:
faz sol
13/09/2014
Minha fomília
os pais queriam os filhos
iguais aos filhos que queriam
os filhos quanto a isso são iguais
quanto aos pais
(Meus filhos, Meus pais)
conforme não ideais
vivem todos em estado de não ser
sob a constante e silenciosa acusação
ouvem televisão e falam da inflação
(como vingança, ainda mais não são)
- passa o macarrão?
iguais aos filhos que queriam
os filhos quanto a isso são iguais
quanto aos pais
(Meus filhos, Meus pais)
conforme não ideais
vivem todos em estado de não ser
sob a constante e silenciosa acusação
ouvem televisão e falam da inflação
(como vingança, ainda mais não são)
- passa o macarrão?
Poesia temática:
budismo,
controle,
crítica social,
dificuldade de amar,
dificuldade de relacionamento,
doença,
humor,
loucura,
meditação,
melhores poemas,
poemas psi,
poesia,
psi,
psicologia,
rima
12/09/2014
na Minha cama
numa tarde de redenção e de lume
levei a mão de uma ao seio da outra
e senti no ouvido o perfume
então as duas se beijaram
e foi o meu melhor ciúme
levei a mão de uma ao seio da outra
e senti no ouvido o perfume
então as duas se beijaram
e foi o meu melhor ciúme
Poesia temática:
amor livre,
eu,
loucura,
musas,
poemas eróticos,
poesia,
rima
11/09/2014
(anti) the coca-cola company
- temos que voltar a beber refrigerante: uma garrafa de matte leão está 6 reais no mercadinho barra sul.
- é mais economizante comprar a erva.
- mas aí não tem acidulante, edulcorante, corante, conservante e aquela garrafa bonitante que a natureza não digere antes de uns séculos.
como viver mais positivamente ante isso?
- é mais economizante comprar a erva.
- mas aí não tem acidulante, edulcorante, corante, conservante e aquela garrafa bonitante que a natureza não digere antes de uns séculos.
como viver mais positivamente ante isso?
Poesia temática:
anti-consumismo,
crítica social,
eu,
marketing,
poesia,
trabalho
09/09/2014
antes do demissional
os escravos mostravam dentes
nós fazemos exame médico periódico
dentes, sangue, urina, merda
olhos, pulmões, coração
evolução é isso:
ter que mostrar mais
nós fazemos exame médico periódico
dentes, sangue, urina, merda
olhos, pulmões, coração
evolução é isso:
ter que mostrar mais
08/09/2014
jeans do céu
a página em branco se abre
vasta como o mar oceânico
visto de portugal
o blog abre o dia
branco de espanto e medo
ante tantas possibilidades
o céu balança as árvores
com mãos de vento
e suavidade
o teclado em valsa
deixa
de ser duro
danço dedos futuros
(cada vez mais presentes)
no furos azuis de sua calça
vasta como o mar oceânico
visto de portugal
o blog abre o dia
branco de espanto e medo
ante tantas possibilidades
o céu balança as árvores
com mãos de vento
e suavidade
o teclado em valsa
deixa
de ser duro
danço dedos futuros
(cada vez mais presentes)
no furos azuis de sua calça
Poesia temática:
amor,
eu,
humor,
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musas,
paixão,
poemas eróticos,
poemas sobre poesia,
poesia
06/09/2014
o sucesso da insensatez juvenil
fome de presença e nexo
fome de amor e status
fome de segurança e sexo
(fome que saciada ou não
só traz indigestão)
mas a dor que sente
é o primeiro passo
porque todo chão abaixo
tem semente
como a montanha árida
lentamente
gradualmente
naturalmente
cria uma fonte de água
fome de amor e status
fome de segurança e sexo
(fome que saciada ou não
só traz indigestão)
mas a dor que sente
é o primeiro passo
porque todo chão abaixo
tem semente
como a montanha árida
lentamente
gradualmente
naturalmente
cria uma fonte de água
Poesia temática:
budismo,
compaixão,
i-ching,
insatisfatoriedade,
meditação,
poesia,
simbologia
05/09/2014
letra maiúscula
a sombra da sobra dos dias
comemos com pressa
fast flood
sem notar as notas de rodapé
anotamos mentalmente o tempo todo
e esquecemos
e esquecemos que também seremos esquecidos:
temos prazo de validade
não tem remédio
o que fica de tanto trocado
é apenas a alegria dada
assim
do nada
como ponto final.
comemos com pressa
fast flood
sem notar as notas de rodapé
anotamos mentalmente o tempo todo
e esquecemos
e esquecemos que também seremos esquecidos:
temos prazo de validade
não tem remédio
o que fica de tanto trocado
é apenas a alegria dada
assim
do nada
como ponto final.
03/09/2014
02/09/2014
apólice de inseguro
numa casa deixo meias marrons
na outra, pretas
(na casa com meias pretas, o sapato é marrom)
lavo a louça
compro queijo fatiado e deixo ao lado
do queijo inteiro
(geladeira no mínimo)
o mate faz com que
eu não me mate
lembro que tenho que comprar mais cuecas
(eu sempre tenho que comprar mais cuecas)
numa casa a lava-roupas derruba a luz e queima algumas peças
na outra, mosquitos infinitos derrubam o sonho de um sono tranquilo
numa casa, a solidão total
na outra, o peito ainda dói
as casas são perto
e longes de mim
(ainda bem que não vendi o carro)
demoro
mas não sei onde não moro
(desmorono)
na outra, pretas
(na casa com meias pretas, o sapato é marrom)
lavo a louça
compro queijo fatiado e deixo ao lado
do queijo inteiro
(geladeira no mínimo)
o mate faz com que
eu não me mate
lembro que tenho que comprar mais cuecas
(eu sempre tenho que comprar mais cuecas)
numa casa a lava-roupas derruba a luz e queima algumas peças
na outra, mosquitos infinitos derrubam o sonho de um sono tranquilo
numa casa, a solidão total
na outra, o peito ainda dói
as casas são perto
e longes de mim
(ainda bem que não vendi o carro)
demoro
mas não sei onde não moro
(desmorono)
01/09/2014
(ja)nela
queria gritar mas não há
ela pra ouvir
os cacos do peito
rimam com gatos
nos becos
ela pássaros com asas que cortam
passaram tanto
que a inocência é irrecuperável
(meu dragão com medo de foto)
dorme?
como dorme?
camas pequenas enormes...
ela não é pronome pessoal:
é sonho e pesadelo, (a)temporal
por falta de água
sangro nada
ela nem vê
ela nem lê
ela horizonte
bela, passado doce, futura amante:
sempre volta pro distante
ela não termina:
é a ausência da ave maria
quando a terrível noite se retina
do outro lado da cortina
ela é o silêncio que me sua ser
trancado sozinho
perguntando por que
ela pra ouvir
os cacos do peito
rimam com gatos
nos becos
ela pássaros com asas que cortam
passaram tanto
que a inocência é irrecuperável
(meu dragão com medo de foto)
dorme?
como dorme?
camas pequenas enormes...
ela não é pronome pessoal:
é sonho e pesadelo, (a)temporal
por falta de água
sangro nada
ela nem vê
ela nem lê
ela horizonte
bela, passado doce, futura amante:
sempre volta pro distante
ela não termina:
é a ausência da ave maria
quando a terrível noite se retina
do outro lado da cortina
ela é o silêncio que me sua ser
trancado sozinho
perguntando por que
Poesia temática:
dificuldade de amar,
dificuldade de relacionamento,
eu,
melhores poemas,
musas,
poemas psi,
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