21/04/2013

parque natural municipal de marapendi

não ando na beira da floresta:
sou a floresta que não cabe em mim
(de frente pros jardins dos ricos)

o mato
(muito mais bonito)
aplaude o vento
que lhe balança

somos
som e dança

não delimito com cercas
áreas retangulares
de minha natureza

silencio

leio amplo
o poema-céu

um tiê sangue
cruza o verde azul:
amor cortando meu plexo frio

amor antigo e novo
que todo dia sangra sorrindo
e nasce chorando:
uma flor amarelo profundo
sobre o lixo do mundo

longe, jogam futebol aos berros
passam voando em carros desertos
abrem cancelas lendo jornal...

enquanto a floresta
de cheiros, silêncio e a mais bela dor
caminha lentamente comigo

imagem: Fabio Rocha

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