de quando pensei em programar um post póstumo

a vontade de escrever tem sempre um fundo na eternidade. objetivo disfarçado em outros menores, menos grandiosos, menos pernósticos. rio quando sinto no fundo escondido do tocar em letras esses planos. e ninguém lê nem a gente vivo... 

segunda-feira (e o beco)

nunca vi ninguém jogando confete pro alto:
os vejo no chão
depois

a última sessão de freud

o jardim secreto de c. s. lewis
também tem sombras

a dor sem Pai de freud
também tem luz

caminhamos pela palavra diária
próximo do encontro

(cansados porém decifráveis)

férias verão carnaval

o mar gelado
entrar e sair correndo

as mulheres douradas e finas
nádegas
nadam

a pia do ralo do boxe
enferrujando pela areia

o silêncio de casa

encontro

na arte me encontro 
mas é tão breve e raro 
que a letra na palavra se perde

Batalhão 6888 (netflix)

o melhor nosso
é o que fazemos
pelo outro

religação

deus adora quem não fala de deus
e todo dia ao despertar sorri e agradece
em silêncio pelo silêncio para o silêncio

filmes de arte (versus criptomoedas)

arte me brota e me aquece
me aquiesce

inacreditável:

saio desta guerra
mais rico

fase (sem game)

este é um poema num blog
para registrar que nossos amigos constantes agora sãos os youtubers
mas o Bitcoin está subindo

sextou no hospital (janeiro no rio de janeiro)

praia cheia
helicóptero
kitesurfing
motos passando meu uber pela direita e pela esquerda
o ar condicionado secando meus olhos sem sono:
gente demais
sofrimento demais ao léu

mas um alívio no céu bonito:
minha irmã sobreviveu

abrir

 não tento mais o indizível
caio em prantos e escadas
céus de acalanto

todo dia
dia sim dia não
o problema é o verbo buscar

solo de guitarra
com areia azul
para fechar

xmas

uma coisa interessante sobre esta época do ano é que você passa o ano inteiro chamando urubu de meu loiro no deserto que é a porcaria do tinder mas assim que aparece o bom velhinho e os fantasmas do natal passado e as resoluções pro ano vindouro a magia acontece

my first film

insight:
o olhar da mãe ocupado com qualquer outra coisa:
base fundacional de desamparo, desassossego, desconfiança, falta, carência, busca

dúvida:
por que esse tipo é mãe?

resposta:
a mãe dela

toque de despertar

o céu dourado de mim
prenuncia celebração
laura: língua na língua
futuro na mão

sentido

sem ti o sal o sol
senti a sí-la-ba
mãe solo do solo que sustenta o solo do violino violento

todo o som que habita o êxtase destrava minha língua:
vivo ainda teclo
na manha de amainar o amanhã